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Maniçoba
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Chegada a Kariesseba
2 fontes
26 de março de 1553, quinta-feira

1° fonte: 01/01/1942
“Ulrico Schmidl no Brasil quinhentista”. Sociedade Hans Staden
O itinerário de Ulrico Schmidl revelado no presente trabalho, extingue a uniformidade dessa afirmativa. Aliás, os autores ressalvam que o caminheiro germânico após chegar à foz do rio Tietê, no Paraná, não seguiu o seu curso, rio acima, atendendo não só às dificuldades naturais certamente conhecidas, como a insegurança das regiões marginais, habitadas por tribos sobremodo hostis.

Fazem-no por isso seguir, daquele ponto em diante, pelas terras entre o referido Tietê e o rio Paranapanema, para desse modo alcançar Botucatú e vir daí pelos caminhos clássicos até São Vicente. [“Ulrico Schmidl no Brasil quinhentista”, 1942. Sociedade Hans Staden. Página 11]

Ele cita um aldeamento tupí Kariesseba, por onde passou, uma nação Wiessache, que habitava as margens de um rio Urquaie, e, finalmente, um povoado nativo Scherebethueba, que poderia ser o antigo lugar Geribatiba, situado a margem do rio, atualmente denominado Jurubatuba, na proximidade do atual Santo Amaro.

O rio Urquaie, citado no mesmo contexto, passou a ser considerado como sendo o grande rio Uruguai do Brasil meridional, contribuindo essa interpretação mais ainda, para que se procurasse o tão falado itinerário de Schmidl na região dos posteriores Estados de Paraná e mesmo Santa Catarina, antes de fazer o viajante chegar à extremidade Sudoeste do atual Estado de São Paulo.

Pelo que vai aqui exposto, julgamos ter esclarecido o quanto divergimos daquela concepção. Não é nas margens do rio Uruguai do Brasil meridional que vamos acompanhar a caravana de Schmidl, e sim nas margens do Anhembí ou Tietê, do mesmo rio ao qual caberia um papel histórico de alta importância, quando, cerca de meio século após, os bandeirantes paulistas haviam começado a estender cada vez mais as suas expedições para o interior. [Ulrico Schmidl no Brasil quinhentista. Sociedade Hans Staden, 1942. Página 38]

No Domingos de Ramos, 26 de março de 1553 - perto de Kariessaba
4 dias e noites - Defesa na mata, perto de Kariessaba
6 dias - atravessando matas
4 dias - Estada em Wiessache, perto do Rio Urquaie.[Página 66]

No trecho da viagem até o Assunguí, o Dr. Moura faz enveredar a caravana pelo caminho tomado, 10 anos antes, por Cabeza de Vaca com seu grande séquito. Sobre essa expedição, iniciada em 29 de novembro de 1541 na foz do Itapocú, próximo da atual freguesia de Paratí, no estado de Santa Catarina, e levada a bom termo a 11 de março de 1542 em Assunção, existem melhores informações, visto que os pilotos de Cabeza de Vaca determinaram no caminho as posições como em alto mar.

Assunção - Paraguai abaixo até a sua confluência com o Paraná - Paraná acima até a foz od Iguassú - margem direita do Iguassú até a altura do rio Cotegipe - passagem do Pequirí, Cantú e afluentes - através a Serra da Esperança - curso superior do Curumbatí - passagem do Ivaí na região de Terezina - rumo Sub-Oeste pelas cabeceiras do Tibagí até onde se desvia o caminho para Santa Catarina, o mesmo que Cabeza de Vaca veio subindo - para o Oeste, pelas matas do vale do Assungí - povoado dos bilreiros e Kariesseba - atravessando o caminho para Cananéa - deixando o vale do Assunguí, para o Oeste pelos campos de Faxina, Capão Bonito e Itapetininga até a região de São Miguel Arcanjo - encruzilhada do caminho que ligava Cananéa à região de Piratininga - pelos campos de Sarapuí e Sorocaba - Biesaio, mais tarde Maniçoba ou Japiuba, hoje Itú - ao longo do Tietê até a região do rio Jurubatuba - Santo André - São Vicente. [“Ulrico Schmidl no Brasil quinhentista”, 1942. Sociedade Hans Staden. Páginas 67 e 68]



2° fonte: 08/08/2022
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI
Partindo de Assunção, desceu o Paraguay e subiu o Paraná até a barra do Iguassú; dai seguiu pela margem direita até a altura do rio Cotegipe; em seguida atravessou os rios Piquery, Cantú e outros afluentes desses rios; transpôs a serra da Esperança, passou pelas cabeceiras do Corumbay, e foi cruzar o Ivahy nas cabeceiras do Tibagy, onde deixou o caminho para Santa Catarina, pelo qual subiu Cabeça de Vaca.

Aí, tomando a esquerda, pendeu para as matas do vale de Assunguy, passou pela Aldeia dos Bilreiros e de Carieseba, onde logo adeante encontrou a encruzilhada do caminho que descia para Cananéa. Prosseguindo, porém, sempre à esquerda, deixou o Vale de Assunguy, e foi sair nos Campos de Faxina, Capão Bonito e Itapetininga, pelos quais seguiu até as proximidades de São Miguel Arcanjo, deixando outra encruzilhada que servia para ligar Cananéa à região de Piratininga.Desse ponto, passando pelos campos de Sarapuhy, e de Sorocaba, foi sair em Bieasaie, mais tarde Maniçoba, ou Japyuba e hoje Itu, donde procurou o rio Tietê por cujas margens seguiu até as proximidades do rio Jurubatuba. Descansou três dias na Aldeia desse nome até que finalmente chegou a Santo André". [Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, vol. LXXI. Página 13]






Peabiru
3 fontes
15 de junho de 1553, segunda-feira
 Fontes (4)

1° fonte: 08/09/1940
Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940
O Padre Manuel da Nóbrega chegou à capitania de São Vicente em 1553, quando já havia três anos Leonardo Nunes, o famoso Abaré-bebé, padre-voador, exercitava o seu fecundo ministério. Pernambuco ao norte e São Vicente ao sul formavam no Brasil os dois primeiros núcleos de povoamento, com a Baía no centro, capital, religiosa e política.

Sem a intenção de fundar no sul do Continente um império temporal, com os tupis na orla do Atlântico e os guaranis no sertão do Paraguai, os Jesuítas compreenderam bem cedo o basto campo de almas a salvar para Jesus Cristo, o qual se lhes abria em frente como um leque, povoado por inúmeras tribos, seara promissora para o celeiro espiritual da igreja.

Essa região imensa, com um solo feracíssimo e clima feliz, seria a sede futura das maiores aglomerações humanas na América do Sul - Rio, São Paulo, Buenos Aires, quem sabe mesmo se em tempos não longínquos o refugio da civilização cristão.

Não era mister que os primeiros missionários lançassem tão longe na história as suas considerações; mas o certo é que, temperamentos de apóstolos generosos, queriam as suas redes a arrebentar de peixes, e davam a cada alma, a uma só por ele redimida das trevas do paganismo, o preço real e infinito: o sangue de Cristo.

Nóbrega sonhou com a jornada e a fundação do Paraguai. Foi, com Leonardo Nunes, o bandeirante das almas, o que ouviu a voz dos rios a correr para os sertões infinitos do (incompressível): "vem, vem comigo para dentro do continente em busca de recônditos tesouros!" Quanta semelhança entre o bandeirante e o jesuíta no chamamento para o sertão! Um e outro, embora livres, têm a obediência instintiva, incoercível, ao chamado geográfico para o interior. Um é o fundador da pátria terrena, outro, ergue sobre esta a Cidade de Deus.

Noutros países das Américas e do Oriente houve descobridores, povoadores, conquistadores, Bandeirantes, não. Houve também missionários, apóstolos, jesuítas, São Francisco Xavier, mesmo. Jesuítas, bandeirante, Nóbrega e Anchieta, não. O próprio sistema das reduções jesuíticas em terras de Castela seria, depois, algo bem diversos dos aldeamentos brasileiros.

Eis que, na verdade, Portugal e Espanha são dois povos irmãos, mas não se confundem; o império colonial português é irmão do espanhol, e as vezes antagônico, enquanto se não fixam os limites, mas nunca senão artificialmente confundido com ele.

Esta verdade, ao lado que se refere à península Ibérica, a gente portuguesa bem cuidou de publicá-la aos quatro ventos nas comemorações das dois centenários, a que se associou a nossa gente representada pelo que a defende melhor: as as almas e as letras.

Ora, o padre Nóbrega possuía assas elementos para inteirar-se da existência de povos imensos e bons no centro sul-americano. Espanhóis e portugueses bem sabiam que do Atlântico se chegaria ao Pacífico e vice-versa. O rio da Prata foi assim chamado, porque suas nascentes deveriam remontar ao império dos Incas.

Obedecem a um instinto ou serão instrumentos da Providência esses degredados portugueses e aventureiros castelhanos que fazem a pé o trajeto de São Vicente ao Paraguai? Demais, esses tupis do Atlântico que se comunicam com os guaranis do interior, e os habitantes das matas que, ao espiarem do alto da Paranapiacaba o mar, o verde mar bravio de nossa terra, não emudeciam mas se faziam entender, tudo isso podia deixar indiferente a outrem que não a Nóbrega.



2° fonte: 01/10/1971
“Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP
É seu Tomé de Souza que o impede de partir. A 15 de junho de 1553, relata ao padre Luís Gonçalves da Câmara porque não seguira ainda:

"... a principal causa de todas para atrapalhar foi fechar o caminho por causa de os castelhanos, que estão a pouco mais de 100 léguas desta capitania. E tem-se por certo haver muita prata nessa terra, e tanto que dizem haver serras delas, e muita notícia de ouro, cujo serro está neste caminho..."
[“Peabiru”, 10.1971. Hernâni Donato do IHGSP. Página 12]



3° fonte: 01/01/2008
“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP
Porém foi barrado pela prudência de Tomé de Sousa, que via neste futuro trabalho missionário uma violação ao Tratado de Tordesilhas, podendo criar problemas com Castela. A solução foi instalar-se, a meio caminho, no planalto de Piratininga, deixando para mais tarde o missão junto aos Carijó. [NÓBREGA, Carta de 15.06.1553 (In: LEITE, NCJ, p. 41). “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”, 2008. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP. Página 160]






Pero Correia faz contato com Maniçoba POST
julho de 1553, quarta-feira




Manoel da Nóbrega realizou a primeira missa num local próximo da aldeia de Inhap
18 fontes
29 de agosto de 1553, sábado
 Fontes (31)

1° fonte: 01/01/1575
“Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero”, Quirino Caxa (1538-1599)
Quanto à localização da Aldeia de Maniçoba, nenhum outro texto histórico se avantaja ao da Historia de la fundación del Colegio del Rio de Enero, atribuível ao Padre Quirício Caxa, que a teria redigido pelo ano de 1575. "Neste tempo - traduzimos aqui o texto espanhol - foi o Padre Manuel da Nóbrega com outros vários da Companhia a Maniçoba, trinta e cinco léguas pelo deserto adentro, junto a um rio donde embarcam para os Carijós. Ali deixou uma casa feita, com alguns da Companhia, onde rediriam um ano, fazendo muito fruto entre os nativos, e dai se tornaram a São Vicente.









5° fonte: 08/09/1940
Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940
O Padre Manuel da Nóbrega chegou à capitania de São Vicente em 1553, quando já havia três anos Leonardo Nunes, o famoso Abaré-bebé, padre-voador, exercitava o seu fecundo ministério. Pernambuco ao norte e São Vicente ao sul formavam no Brasil os dois primeiros núcleos de povoamento, com a Baía no centro, capital, religiosa e política.

Sem a intenção de fundar no sul do Continente um império temporal, com os tupis na orla do Atlântico e os guaranis no sertão do Paraguai, os Jesuítas compreenderam bem cedo o basto campo de almas a salvar para Jesus Cristo, o qual se lhes abria em frente como um leque, povoado por inúmeras tribos, seara promissora para o celeiro espiritual da igreja.

Essa região imensa, com um solo feracíssimo e clima feliz, seria a sede futura das maiores aglomerações humanas na América do Sul - Rio, São Paulo, Buenos Aires, quem sabe mesmo se em tempos não longínquos o refugio da civilização cristão.

Não era mister que os primeiros missionários lançassem tão longe na história as suas considerações; mas o certo é que, temperamentos de apóstolos generosos, queriam as suas redes a arrebentar de peixes, e davam a cada alma, a uma só por ele redimida das trevas do paganismo, o preço real e infinito: o sangue de Cristo.

Nóbrega sonhou com a jornada e a fundação do Paraguai. Foi, com Leonardo Nunes, o bandeirante das almas, o que ouviu a voz dos rios a correr para os sertões infinitos do (incompressível): "vem, vem comigo para dentro do continente em busca de recônditos tesouros!" Quanta semelhança entre o bandeirante e o jesuíta no chamamento para o sertão! Um e outro, embora livres, têm a obediência instintiva, incoercível, ao chamado geográfico para o interior. Um é o fundador da pátria terrena, outro, ergue sobre esta a Cidade de Deus.

Noutros países das Américas e do Oriente houve descobridores, povoadores, conquistadores, Bandeirantes, não. Houve também missionários, apóstolos, jesuítas, São Francisco Xavier, mesmo. Jesuítas, bandeirante, Nóbrega e Anchieta, não. O próprio sistema das reduções jesuíticas em terras de Castela seria, depois, algo bem diversos dos aldeamentos brasileiros.

Eis que, na verdade, Portugal e Espanha são dois povos irmãos, mas não se confundem; o império colonial português é irmão do espanhol, e as vezes antagônico, enquanto se não fixam os limites, mas nunca senão artificialmente confundido com ele.

Esta verdade, ao lado que se refere à península Ibérica, a gente portuguesa bem cuidou de publicá-la aos quatro ventos nas comemorações das dois centenários, a que se associou a nossa gente representada pelo que a defende melhor: as as almas e as letras.

Ora, o padre Nóbrega possuía assas elementos para inteirar-se da existência de povos imensos e bons no centro sul-americano. Espanhóis e portugueses bem sabiam que do Atlântico se chegaria ao Pacífico e vice-versa. O rio da Prata foi assim chamado, porque suas nascentes deveriam remontar ao império dos Incas.

Obedecem a um instinto ou serão instrumentos da Providência esses degredados portugueses e aventureiros castelhanos que fazem a pé o trajeto de São Vicente ao Paraguai? Demais, esses tupis do Atlântico que se comunicam com os guaranis do interior, e os habitantes das matas que, ao espiarem do alto da Paranapiacaba o mar, o verde mar bravio de nossa terra, não emudeciam mas se faziam entender, tudo isso podia deixar indiferente a outrem que não a Nóbrega.

Eis porque, antes de 25 de janeiro de 1554 e depois de 30 de agosto de 1553, Manuel da Nóbrega, após o novo ajuntamento de nativos de Piratininga deixando aí dois irmãos para catequese até a chegada - digamos oficial - de Anchieta, partiu com o irmão Antonio Rodrigues, quatro meninos e alguns nativos para a aldeia de Maniçoba, onde os precedera o irmão Pero Correia.

Maniçoba, "junto de um rio donde embarcam para os carijós". A expressão "carijós" designação os nativos que habitavam o sertão imediato a Piratininga e anterior ao Paraguai, tendo por limites, mais ou menos, no litoral de Cananéia até Laguna, onde começavam os Patos, e no interior as bacias do Tietê e Paranapanema até o Uruguai, porém com os guaranis à margem esquerda do segundo destes rios, no Guaíra.

Os autores são concordes em colocar Maniçoba, que Simão de Vasconcelos (1597-1671) chamada Japiassú, nas cercanias da atual cidade de Itú. Servem-se para isso, de várias fontes, até mesmo do relato de um viajante da poca, Ulrico Schmidel (1510-1579), e da cartografia antiga, porém, a base da argumentação ficam sendo as cartas jesuíticas, que determinavam para Maniçoba 35 léguas e até 50 contando de São Vicente, sertão adentro, e porto de embarque.

Ora, para ir ao interior, o primeiro rio que se podia utilizar adiante de Piratininga era o Tietê, abaixo do Salto de Itú.

"A fama deste grão zelo de Nóbrega, diz Simão de Vasconcelos, muito conhecido pelos sertões do Paraguai (nos quais era chamado Barcaelué, que vale o mesmo que homem santo) se abalaram grandes levas de Carijós em busca dele, para serem doutrinadores na aldeia já dita, que ficava mais perto; pois não foram tão ditosos que tivessem efeitos os desejos que o padre tivera de ir às suas terras, donde fora chamado por eles tantas vezes".

"Os nativos Tupis - continua Serafim Leite - que tinham com eles contas antigas a ajustar, ou porque fossem prevenidos pelos Portugueses para cortar o passo a tais adventícios, saíram-lhes ao caminho, e destroçaram-nos, sem lhes valerem os Padres. Outros nativos vieram depois, com três espanhóis, que foram igualmente mortos, exceto um destes, que pode fugir e acolher-se á proteção dos Jesuítas".

Ainda em julho de 1554 estacam em Maniçoba "dois padres e irmãos e irmão Gregório Serrão com escola de gramática". Este irmão Gregório andava doente e não era fácil arranjar-lhe a galinha para o caldo. Com a mudança, que logo se seguiu, dos padres e catecúmenos para São Paulo do Campo, sarou o doente e Maniçoba perdeu até o nome.

O nome aparece ainda que desfigurado, no mapa atribuído a Rui Diaz de Gusman, autor da célebre "Argentina", e o qual, segundo Paul Groussac, é de 1606 a 1608. Lá está, à margem esquerda do Anhembi o "puerto de Mandiçoba", pode ver-se essa velha carta sul-americana no volume IX dos "Anales de lla Biblioteca" de Buenos Aires (1914). Foi em 1894 encontrada por Zeballos no Arquivo de las Índias em Sevilha, quando estudava a questão das Missões, completada a sua publicação em 1903, por Felix Outes, quanto à região do Atlântico.

São estas as informações que nos envia Sergio Buarque de Holanda, na identificação de Maniçoba, é importantíssima na confirmação dos pontos de vista de outros historiadores paulistas desde Gentil de Moura e Teodoro Sampaio até Afonso de Taunay e Serafim Leite.

Gostamos, porém, de sua hipótese, que fez descer um pouco mais a aldeia, entre as atuais cidades de Itú e Porto Feliz. Vê-se, por aí, ainda, uma vez a persistência da tradição nativa nos costumes dos bandeirantes, os primeiros dos quais eram meio guaranis de sangue e de língua. Pois o porto de Araritaguabam, donde partiram as monções e que o pincel de Almeida Junior celebrizou, dista máximo cinco léguas do "puerto de Maniçoba", "Por onde se vai aos Carijós".

Que raízes profundas na terra e no homem americano tema nossa História! Morador de Sorocaba, o autor destas linhas vê todos os dias o rio do mesmo nome a correr para o oeste, como ao cair da tarde pode sonhar com as regiões imensas de campos e matas que se estendem além do Ipanema, rumo do Guairá antigo. Nascido à margem de um afluente do Paranapanema, contemplando ao norte a serra de Botucatu e palmilhando em crença aquele mesmo caminho selvagem, pre-colonial, o chamado "peabiru" que ligava o Guairá a São Paulo, passando por Sorocaba, e o que é mais,

trazendo no sangue o atavismo de tataravó uruguaia e mestiça, julga o autor deste artigo, se não de todo compreender, ao menos sentir estas coisas tão belas no fundo de sua alma, o tanto para ousar transmitir ao papel essas queridas impressões. Se pecado for, é pecado de muito amor". [Maniçoba, porta do Paraguai, Luís Castanho de Almeida (1904-1981). Jornal Correio Paulistano, 08.09.1940]



6° fonte: 25/01/1942
“No dia de São Paulo”. Jornal Correio Paulistano/SP, página 5
É de júbilos a data de hoje, a data máxima da cidade, a em que se celebra a sua fundação. Esse episódio, que se distância de quase quatro séculos no tempo, não há quem não relembre com admiração e orgulho: alguns jesuítas simples e devotados, entre eles dois enfermiços, José de Anchieta e Gregório Serrão, aqui chegam cobertos de poeira, as alpercatas rotas, mas cheios de audácia e de coragem, iluminados por uma grande fé criadora.

Em torno, montes e várzeas. Numerosos guainás a tribo de Tibiriça. Espalhadas nos horizontes invisíveis algumas aldeias, os futuros baluartes da defesa, garantidores da expansão jesuítica e bandeirante.

Entre elas, como as mais notáveis Ururai, chefiada por Piquerobi, sogro de Antonio Rodrigues; Jeribatiba em que pontificava o velho guerreiro Caiubi. A ainda, para o oeste, como portas misteriosas do sertão infinito, Carapicuiba e Marueri.

Havia no planalto dois centros já habitados por portugueses: Santo André da Boda do Campo, que tinha como capitão o intrépido João Ramalho, seu fundador, e o vilarejo enigmático e decadente de Piratininga, que ainda não foi perfeitamente situado e no qual viveriam os remanescentes da primitiva incursão de Martim Afonso de Souza, que o fundou.

E só. O mais, caça, feras, o nativo desconfiado, a solidão, os perigos de toda natureza, tudo por fazer, tudo por criar, no solo virgem e bruto. Mas os homens vieram para agir. Enquanto uns se iam para a aldeia de Maniçoba, de que nasceu Itu, outros se transformavam em artífices e em mestres. Construía-se e ensinava-se; erigia-se o povoado, ilustravam-se as inteligências e as almas.





8° fonte: 01/01/1953
Artes e ofícios dos Jesuítas no Brasil, 1549-1760. Serafim Soares Leite
António Rodrigues era grande cantor e músico, e com o conhecimento direto da língua popular possuía inigualável prestígio com os índios, "um grande obreiro inter gentes", prestígio que ele acrescentava, com a sua experiência e ousadia: "como é língua e mui fervente obreiro vai sempre diante a esmoitar a terra" (Nóbrega). Por isso o tomou Nóbrega por intérprete e companheiro nas suas fundações tanto no Sul: Piratininga e Maniçoba (ou Japiuba) como na Baía: Aldeias.



9° fonte: 01/01/1956
Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969)
A narrativa impessoal diz que "se viu" e Nogueira, de fato, poderia não estar presente, mas Nóbrega "viu" em pessoa. Depois de fundar a Aldeia de Piratininga em 29 de agosto de 1553, seguiu para Maniçoba com um Irmão "grande" (Antonio Rodrigues) e quatro ou cinco Irmãos "pequenos" (meninos). Os tupinaquins iam matar em terreiro e comer, "uns índios carijós".

Nóbrega procurou evitar o morticínio, sem o alcançar. (Foram estas e outras verificações positivas e pessoais, que o levaram ao plano de 1558, que Mem de Sá executou). Antonio Rodrigues e os Irmãos "pequenos" pregaram e "converteram" aqueles nativos que iam ser mortos; e também aqui os matadores impediam o batismo e os vigiavam muito bem, dizendo que, se eles se batizassem que comesse a sua carne morreria.

O fato é contado em pormenor pelo Irmão Pero Correia, que tinha ido adiante de Nóbrega, e provavelmente também assistiu a matança, na carta de 18 de julho de 1554 (supra, carta 17). Ao nativo, que se ofereceu para os batizar secretamente ("para que aqueles morressem cristãos"), parece referir-se Nóbrega.



10° fonte: 25/01/1964
De Piratininga a São Paulo de Piratininga, Jornal Diário da Noite, 25.01.1964. Tito Lívio Ferreira
Decorridos vinte e um anos, em fins de agosto de 1553, Padre Manoel da Nóbrega, primeiro provincial da Companhia de Jesus, sobe o planalto e hospeda-se na casa de João Ramalho, em Santo André da Borda do Campo.

A 8 de abril de 1553, Tomé de Sousa, primeiro Governador-Geral do Estado do Brasil, preside a segunda eleição popular realizada no vale do Tietê e instala a Câmara de Vereadores de Santo André da Borda do Campo. Na companhia do Padre Manoel da Nóbrega estão apenas o Padre Manoel de Paiva, primo de João Ramalho, e o Irmão Antonio Rodrigues, primeiro mestre-escola do Campo de Piratininga.

E na companhia de André Ramalho, filho mais velho do Patriarca dos Bandeirantes, Padre Manoel da Nóbrega desce o rio Tietê até as proximidades da atual cidade de Itu, onde funda a primeira Aldeia do Rei, a Aldeia de Maniçoba, onde se juntam os Tupis a fim de serem catequizados.

Depois, Padre Manoel da Nóbrega remonta o Tietê e escolhe, entre o Tamanduateí e o Anhangabaú, no alto da colina, a cavaleiro da Várzea, o local hoje conhecido pelo nome de Pátio do Colégio, onde funda o Colégio de São Paulo de Piratininga, a 29 de agosto de 1553, segundo se lê na carta do último dia desse mês, escrita no "sertão de Piratininga" e publicada pelo jesuíta Padre Serafim Leite, em "Páginas de História do Brasil", volume 93, da Coleção Brasiliana.

Piratininga

E a vila ou cidade de Piratininga, fundada por Martim Afonso de Sousa, vinte e um anos antes, em outubro de 1532? Ora, tanto Martim Afonso de Sousa como João Ramalho e todos os portugueses residentes no Estado do Brasil, Província da Monarquia Portuguesa, eram vassalos do Rei de Portugal.



11° fonte: 01/10/1971
“Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP
"É bem pode ter ocorrido que, para seguir à risca a ordenança, deixou-se parecer a fundação de Maniçoba (proximidade da atual cidade de Itu), o primeiro aldeamento no sul do Brasil). Houve longo silêncio sobre o Peabiru (...) seguindo o roteiro que Alfredo Ellis Júnior retraçou assim: "Saindo de São Paulo, foi pela crista planaltina bordejante da Serra do Mar. Pinheiros, Apotribu, Quitaúna, Maruí, etc., foram deixados para trás, como marcos de uma caminhada em direção de Guairá. Por fim, eis Araçoiaba..."



12° fonte: 01/01/2008
“Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP
Maniçoba - Apesar desta proposta inicial de catequese itinerante, houve tentativa de uma missão sedentária, que ocorreu, talvez devido à distância, em Maniçoba, aldeia tupi que ficava no caminho para o Paraguai. Como já foi assinalado atrás, o objetivo de Nóbrega era atingir a terra dos Carijó; e por isso, sua primeira experiência missionária no planalto foi junto a esta aldeia, chamada também de Japiúba, que ficava provavelmente à beira do ramal do Peabiru, que ligava Piratininga ao Paranapanema.

Foi para lá que Nóbrega se dirigiu, ao passar por Piratininga, em agosto de 1553, quando deixou as bases para a fundação da Casa de São Paulo. Esta aldeia ficava a 50 léguas (330 km) de Piratininga no dizer de Pero Correia. Um jesuíta anônimo, certamente Quiricio Caxa, afirmava que ela estava “junto de um rio donde se embarca para os Carijós [Guarani]”721. Como demonstrei em minha pesquisa anterior, este rio deveria ser o Paranapanema e não o Tietê, como desejaram os defensores da tese de que esta aldeia estaria onde hoje se encontra a cidade de Itu.



13° fonte: 13/03/2009
Jesuítas e a escultura de Anchieta em Salto
Em 1553 foi criada a Província Jesuítica do Brasil, mesmo ano da chegada do padre José de Anchieta. Gradativamente, os jesuítas estenderam sua presença por outras capitanias – inclusive São Vicente – instalando um colégio nos campos de Piratininga, em 1554, considerado marco da fundação da cidade de São Paulo.

O mistério da aldeia perdida

Em 1553, antes mesmo da fundação de São Paulo, o padre Manoel da Nóbrega, superior dos jesuítas no Brasil, estabeleceu uma aldeia para catequese dos índios no interior do continente. Ela foi batizada de Maniçoba (palavra que, na língua indígena, significa folha ou pé de mandioca). A aldeia durou menos de um ano, sendo abandonada devido a ataques de índios ou brancos hostis, doenças ou outro motivo.

O grande mistério é a localização exata de Maniçoba, que ainda hoje motiva debates. Antigos textos dizem que Nóbrega caminhou “trinta e cinco léguas pelo sertão adentro”, desde o litoral, até alcançar “um rio donde embarcam para os carijós” (somado a outras evidências, considera-se que seja o rio Tietê). Isso localizaria a aldeia na região compreendida entre Itu e Porto Feliz. Surgem, como possibilidades já cogitadas, o Porto Góes, aqui logo abaixo da cachoeira de Salto, o antigo Araritaguaba (atual Porto Feliz), ou ainda os arredores da cidade de Itu. De qualquer forma, a misteriosa aldeia de Maniçoba é um testemunho sobre a antiguidade da presença colonizadora européia nestas terras.







16° fonte: 02/05/2018
“O nascimento de São Paulo”, 02.05.2018. Eduardo Bueno
Não é o nascimento de São Paulo, são os nascimentos de São Paulo. São Paulo nasceu muitas vezes. Piratininga, a São Paulo dos tupiniquins, a São Paulo de Tibiriçá, pai de Bartira, esposa de João Ramalho.

Mas a cidade que ele criou, não deu em nada, a cidade que realmente viraria a São Paulo que não pode parar É a São Paulo dos jesuítas, né, foi fundada quando? 25 de janeiro de 1554. Porém, tudo se inicia antes, se inicia em 29 de agosto de 1553. Que é o dia da degolação de São João Batista, e por que São João Batista? E por que São Paulo?

Porque São Paulo cara, nasceu com mapa astral Os jesuítas calcularam cada minuto, cada instante que eles iriam criar aquela cidade. E além de tudo calcularam não só o momento, calcularam o local Por que São Paulo nasceu em um lugar de poder, Fân Shuei, que tu deve chamar de Feng Shui É a geomancia, são as linhas mágicas da natureza.

E o triângulo histórico onde São Paulo nasceu, era um lugar totalmente sacralizado pelos nativos que moravam lá, que era realmente um local de poder. E acima de tudo cara, era um ponto de convergência ou de divergência. De 5 incríveis trilhas históricas, trilhas pré-históricas Né, percorridas pelos indígenas.



17° fonte: 25/02/2022
História do bairro Éden
Nos primórdios do descobrimento, nestas terras existiam apenas povoados indígenas, que eram interligados por uma rede de vias e caminhos denominados de “PEABIRÚ”; caminhos que faziam a ligação do Atlântico com os Andes, essas vias foram muito importantes para os Bandeirantes, é provável que num desses caminhos que ligava a Aldeia de Maniçoba (antigo nome da atual cidade de Itu) até o morro de Ibirasojaba (Iperó e Araçoiaba da Serra), por onde passou o Pe. Manoel da Nóbrega, tenha tido um descanso em “PIRAJIBÚ”.



18° fonte: 07/11/2022
“Denominação De Local Nas Origens De Sorocaba Possivelmente Em Hebraico”, 07.11.2022. João Barcellos
“Os primeiros 30 anos dos cristãos-novos na ´Ilha do Brasil´ (leia-se: João Ramalho, desde 1498 na Serra do Mar, com alvará do rei João II, e Cosme Fernandes, o bacharel de Salamanca, da mesma época e, antes, ouvidor na feitoria de São Tomé, no golfo guineense), geraram nomes de assentamentos como ´Gohayó´ (do hebraico antigo, q.s. ´ponto de abastecimento´: hoje, S. Vicente) e ´Cananeia´ (pinçado das antigas escrituras), apenas para citar dois exemplos..., assim como o atual Rio Sorocaba era denominado, no Séc. 16, como Rio Brízida nos mapas jesuíticos.” – BARCELLOS, João: palestra “Antes Dos Lusos De Serr´Acima Havia Uma Geossociedade Entre Certõens y Mattos Que Gerou Uma Alma Chamada Luso-Brasilidade”, 2019.

A palavra Sorocaba (conhecida no tupi-guarani e, mais precisamente guarani, pela leitura topográfica das linguagens em migração no corredor inca-guarani chamado Piabiyu (ou ´peabiru´, q.s. ´caminho do peru´), entre os Andes e a Serra do Mar, está muito associada à linha Ibituruna (os ´cerros negros´, de Santa Catarina a Minas Gerais passando por São Paulo) e, no meio do caminho, o Ybiraçoiaba (q.s. ´onde o sol se esconde´), cerro abruptamente erguido entre grandes planícies de terras enfurnadas (ou rasgadas) que os povos nativos chamavam de yby soroc, e das quais o jesuíta Manoel da Nóbrega (que nos certõens y mattos fundou Maniçoba e depois a Sam Paolo dos Campos de Piratininga) soube sediarem veios auríferos e ferríferos, os quais, no mesmo Séc.16, o cristão-novo (das famílias Sardinha, de entre Braga e Barcelos) capitalista, político, militar e montanístico Affonso Sardinha (o Velho), arrematou (minas de Ibituruna, Ybiraçoiaba, Araçariguama e Jaraguá) em leilões da Capitania vicentina para exploração.






Carta de Manoel da Nóbrega á Luís Gonçalves da Câmara: “Vou em frente procurar a
1 fontes
31 de agosto de 1553, segunda-feira

1° fonte: 01/01/1992
Revista do Instituto Histórico e Geográfico de SP. Vol. LXXXVII
O rio terá sido, no entender de pesquisadores, a justificativa para a fundação do colégio jesuíta embrião da cidade anchietana. Ou seja, o começo do desbravamento. Está lá, na carta dirigida por Nóbrega ao Provincial da Ordem, o conselho para que insista junto a Martim Afonso quanto a transferência dos colonos deperecendo na Borda do Campo "aonde não havia peixe nem farinha" para que "se achegassem ao rio, (onde) teriam tudo a sossegariam".

Julgam alguns que tal rio fosse o Anhangabaú mas como pensar que um riacho na verdade fornecesse alimento para toda a população a ser transferida e mais a já existente? Antes de existir a vila paulistana, o Tietê levava e trazia os devassadores do sertão. É de 1551 a carta do irmão Pero Correia, descrevendo a viagem rio abaixo, com outros cinco irmãos a procura de um cristão asselvajado, indianizado.

E é de 31 de agosto de 1553 a carta de Nóbrega salientando a descida até Maniçoba, comboiado por um filho de João Ramalho. Abalou-se até para além de Araritaguaba.

Depois dessas, sabemos da ida do padre Anchieta em 1568 em missão muito simpática. Foi levar, em mãos, como exigia o favorecido, o perdão da justiça ao régulo Domingos Luiz Grou que a vila de São Paulo desejava ter dentro de seus muros para ajudar na sua defesa. Somente voltaria se o padre Anchieta fosse buscá-lo. Como se vê, já naquele tempo, poderosos usufruindo de prestígio gozavam de fortes regalias! Mas impõe-se-nos uma pergunta: se Grou fora homiziar-se naquelas paragens o fizera porque já, por ali, se navegava e morava. Mas, viagem mesmo, fazendo do leito do rio uma estrada, a primeira parece ser. [Página 29]






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