1° fonte: História de Carapicuíba. João Barcellos
Da sua Fazenda Ibitátá à Fazenda Carapocuyba, passando pela Fazenda Jaraguá e o Arraial-Fazenda da Mina de Ouro do Byturuna, além dos arraiais mineiros de Cubatão e de Byraçoiaba, que constitui a primeira Via do Ouro na Capitania de São Vicente, Affonso Sardinha - o Velho, a par da sua atividade de banqueiro (que financia e vive de rendas, a grande atividade judaica) e vereador, é um autêntico imperador nos sertões do Piabiyu (Ybitátá e Carapocuyba) e d´Ypanen (Jaraguá, Byturuna e Byraçoiaba), e é dele a maioria das casas alugadas a padres e oficiais do reino em Santos e São Paulo... [Página 13]
O desenho do primeiro ciclo da colonização luso-vaticana e espanhola nas margens fluviais do Anhamby (Tietê), dominado pelos nativos goayanazes, e no leito sertanejo do Piabiyu (Caminho do Peru), aberto e dominado pelos guaranis m´byanos, leva a um nome comum a ambos: Afonso Sardinha - o Velho.
Injustamente esquecido pela maioria dos historiadores e acadêmicos, portugueses e brasileiros, ele foi o precursor do bandeirismo e da siderurgia a oeste da Vila piratininga. Na sua estratégia de conquista dos sertões, ele domina os goayanazes da Aldeia Carapocuyba, em 1557, e instala aí a sua segunda sede fundiária entre o Anhamby e o Piabiyu. Mas, é só por que quer tomar terra e escravizados? Não...
Para elucidar esta questão, eis um pedaço da História que os manuais escolares não contam: Um pedaço da História contado por Mello Nóbrega citando Theodoro Sampaio.
"(...) Descendo o rio para (...) São Paulo, tocava-se o sítio de Nossa Senhora da Esperança com um aldeamento fundado por Manuel Preto, e que veio a ser depois a capela e povoação de Nossa Senhora da Expectação do Ó; deixava-se pouco mais abaixo, à esquerda, o sítio de Embuaçava, de Afonso Sardinha, e podia-se ir até as primeiras lavouras de Parnaíba, se se não preferisse desembarcar no porto de Carapicuíba, ou entrar pelo Jeribatiba para visitar Pinheiros e mais além Ibirapuera (...)";
O que significa isto? Que para ele, "o Velho", Sardinha, a conquista dos sertões exige pontos estratégicos tanto fluviais como terrestres. Dois portos fluviais são de importância fundamental: o do Pinheiros, onde tem a sua fazenda Ybitátá, e o de Tietê, lá na Carapocuyba.
E, na prática colonial, os jesuítas seguem os passos do político e minerador que, ao morrer em 1616, lhes deixa tudo em doação, com exceção do Sítio Embuaçava, que coube como herança em vida ao filho (mameluco) Affonso Sardinha - o Moço, que morre em 1604 no meio de uma batalha com nativos. É assim que a Aldeia & Porto Carapocuyba tem, entre 1557 e 1610, tanto valor estratégico quanto a Santa Anna de Parnaíba, que cresce despovoando São Paulo.
Também por isto, e por que os documentos históricos falam por sí, é justo dizer-se que "a definição sócio-colonial de Carapocuyba acontece com a fazenda-porto que Affonso Sardinha estabelece em 1557, após sitiar os nativos". [Páginas 23 e 24]
Em 1557 recebe a vasta região de Ybitátá em troca (escambo) da construção de uma ponte no Rio Jeribatiba para escoamento de mantimentos essenciais à villa, e aqui constitui fazenda.
(...) Em 1557 Affonso Sardinha - o Velho recebe em "sesmaria" (doação de terras do rei através da Capitania de São Vicente) as terras de Ybitátá em troca de mandar construir uma ponte sobre rio Jeribatyba e facilitar o escoamento dos produtos agrícolas e pecuários que chegam pelo Piabiyu e outras estradas do "sertão dos karai-yos" (ou "carijós").
Tomada de Carapocuyba. No mesmo ano de 1557, e interessado em abrir caminho terrestre pelo Piabiyu e fluvial pelo Anhamby, o poderoso luso-paulista toma a Aldeia Carapocuyba e nela estabelece precária fazenda, porque o seu interesse está focado no portinho fluvial. O "velho" Affonso Sardinha determina e manda fazer "fábrica" de uma Capela no centro do que fora a aldeia goayanaz para evangelização de todas as pessoas. [Página 25]