2° fonte: “São Paulo na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640)” de José Carlos Vilardaga
Em 1585 na sua "Informação para Nosso Padre" assim exprime Anchieta sobre o Caminho do Mar: "Vão lá (a Piratininga) por umas serras tão altas que dificultosamente podem subir os homens com trabalho e ás vezes de gatinhas por não despenharem-se e por ser o caminho tão mau e ter tão ruim serventia padecem os moradores e os nossos, grande trabalho. Quando ao transito de cargueiros declarava o evangelizados que por tal estrada "podiam subir nenhum animal". (S. Paulo nos primeiros anos: 1554-1601, 1920. Afonso de E. Taunay. Páginas 180 e 181)
De qualquer forma, no trajeto, deveriam pesar, sobretudo, as ameaças indígenas.
Somente com certa conivência ou anuência dos grupos indígenas, este percurso poderia
ser utilizado com o mínimo de regularidade. As redes de alianças feitas com os índios
nos primeiros tempos, tanto do lado tupi-português quanto do hispano-guarani, devem
ter garantido certa paz, preservando a segurança dos viajantes. O espaço entre o
Paraguai e a capitania vicentina era, de fato, mais um território indígena que colonial, e
o relato de Ulrico Schmidil denota isso. Depois de atravessar o território dos karios, adentrou a área tupi, dos aliados dos portugueses, e isso bastou em sua precisão
descritiva do trajeto. O que realmente demarcava os territórios eram as relações entre as
etnias tupi-guaranis, e não qualquer determinação extemporânea vinda das rivalidades
entre Lisboa e Madri na América Meridional. Ainda Anchieta, em suas Informações, de
1584, mencionava: os “índios carijós que são das Índias de Castela...”.
752 Nesse sentido, os territórios eram até então demarcados pelo espaço indígena. [O.223]