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Manuel João Branco (f.1641)
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A partir da década de 1580, algumas ações realizadas se tornariam verdadeirosalicerces para o posterior desenvolvimento de uma sociedade colonial propriamente dita noplanalto. Foi nessa época que se realizaram as primeiras expedições coletivas e de grande porteao sertão, as quais retornaram com cativos que foram distribuídos entre os moradores doplanalto. As expedições de Jerônimo Leitão (1581, 1585 e 1590), margeando os rios Tietê eParanapanema e atingindo os territórios do Guairá, fizeram retornar consigo grupos deTememinó, Tupinikim e Karijó. As de Domingos Luís Grou (1587 e 1590), uma das quais peloRio Jaguari, cativou índios Tupinikim e Tupinaé. Além de indivíduos dessas etnias, tambémcapturados pelas expedições de Antônio de Macedo (1590), Jorge Correia (1594) e ManuelSoeiro (1595), elementos do gentio Tamoio e “pé-largo” foram levados aos campos de SãoPaulo por Afonso Sardinha (1593 e 1598) e João Botafogo (1596), quando percorreram,respectivamente, o Rio Grande e o Vale do Paraíba117.Essas expedições, movidas pelo ideal de “guerra justa”118 como retaliação aosataques indígenas sofridos, resultou na primeira conquista concreta dos colonizadores contra associedades indígenas locais, destruindo aldeias e apropriando-se definitivamente deconsideráveis extensões de terra. Sua consequência principal foi a chegada da primeira ondamassiva de índios prisioneiros para o interior da capitania vicentina. Com essa mão de obra,cresceria nos principais assentamentos rurais da região a disposição para produzir excedentesagrícolas e, com isso, uma atividade comercial capaz de escoá-los. Com o século XVII,portanto, surgiram novas orientações e possibilidades econômicas e de trabalho, geradoras deprocessos históricos e sociais que se mostraram, naquela região, originais. Em suma, pôde-sedessa feita forjar, conforme verificaremos a seguir, uma sociedade agrícola e comercialsustentada pela força de trabalho indígena. [Página 54]

terra e utensílios diversos, essas tendas localizavam-se fora da vila de Piratininga,particularmente na proximidade dos grandes sítios, em áreas como Santana de Parnaíba, SantoAndré da Borda do Campo, Araçariguama (próximo a Sorocaba), Juqueri e outras paragens nãoidentificadas (como, por exemplo, Itaquatiara e Jassapetiva), e podiam ser encontrados emespólios de proprietários pertencentes a quaisquer faixas de cabedal.No caso de grandes e alguns médios proprietários, é admissível que as tendasprivilegiassem atender às necessidades internas das respectivas fazendas, dados os altosnúmeros de ferramentas por elas requeridas. Por exemplo, o espólio de Francisco Cubas Preto(datado de 1673), plantador de algodão e cana que possuía 182 trabalhadores indígenas –distribuídos entre a sua casa na vila paulista, o seu sítio no termo “Goaraí” e suas parcelas deterra de Juqueri (meia légua de testada e duas de profundidade) e do limite de Taubaté (500braças de testada) –, lançava juntamente nada menos que 95 ferramentas (48 enxadas, 7machados, 18 foices e 22 cunhas), além de uma “moenda armada em casa de palha”. Tudo issojunto a 134 animais de criação (74 porcos, 59 bovinos e 1 cavalo) e uma tenda de ferreiro como seu torno282. A quantidade de ferro necessária à manutenção produtiva de toda essa estruturaseria indubitavelmente muito grande.Outros tinham poucos bens para legar além de suas tendas, a exemplo de JoãoNogueira, morador de Ayapi (termo pertencente à vila de Santana de Parnaíba), cujo inventárioem 1689 não mencionava mais que 5 peças do gentio da terra, poucos objetos de uso pessoal,3 enxadas, 1 machado, 2 foices, 1 cunha e a tenda283. Em casos como esse, é possível que osproprietários tivessem na ferraria uma forma de sustento pessoal e das suas casas, realizando(eles próprios ou, o que era mais frequente, os índios de que dispusessem para o “ganho”)encomendas e serviços a pedido de vizinhos e outros moradores.Quando, em 1636, Morales escreveu ao rei sobre as fracassadas atividades deferraria no planalto e os maus modos de proceder dos moradores paulistas com relação aos índios, negou haver qualquer impedimento estrutural e/ou geográfico ao desenvolvimento deuma economia mercantilizada de mineração que fosse voltada à exportação direta de metais aoreino, fundamentada na força de trabalho de índios livres aldeados e com o auxílio da mão deobra dos escravos africanos. Pelo contrário, surpreende o fato de que, interessado nosinvestimentos régios, ele exaltara o próprio fator geográfico da Serra do Mar (“caminhos muifragosos”, segundo a descrição de Antônio Raposo Silveira284; “inacessíveis”, de acordo com aobservação de um viajante francês em 1700285) como elemento vantajoso à implementação deuma Potosí nas capitanias do Sul luso americano, dada a suposta facilidade de acesso ao OceanoAtlântico oferecido por aqueles caminhos:

É tão fácil construir navios que sendo eu homem pobre, sem ter índio nenhum fizdois navios para ir a Angola colocar negros para esta capitania, e para aumentar osquintos de ouro de V. Majestade. Pois se as minas de ferro trabalhassem com o ferroque estivessem à mão, que facilidade teria V. Majestade de construir navios semcusto algum de madeira, nem ferro? E sem custo, nem trabalho de transportá-lo,porque a madeira está no mesmo porto, onde os navios são construídos, e as minasassim de ferro como de ouro se distanciam do porto da vila de Santos apenas 16léguas, e o caminho é tão simples, que até uma légua do rio se pode abrir caminhoque lhes corram bem, e em tão curto espaço como fica de serra se pode abrir paracavalgaduras caminho mais prudente, que os que foram abertos até agora: e do riohá quatro léguas ao porto, onde podem ir barcos grandes, grandes canoas, e comincrível segurança, porque sempre está em suma tranquilidade sem perigo de serinfestada de vento algum, e em todo o porto se pode navegar por quatro braças. [Página 103]



Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira Séculos XVI - XVII
Data: 01/01/2013
Créditos/Fonte: SCHUNK, Rafael
Frei Agostinho de Jesus e as tradições da imaginária colonial brasileira Séculos XVI - XVII. São Paulo: Cultura Acadêmica, 2013. (Coleção PROPG Digital - UNESP). ISBN 9788579834301 página 181


ID: 5979





  


Sobre o Brasilbook.com.br

Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

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Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:

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Comparando com outras fontes
A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.

Conclusão:

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