| | | A "Navigatio Sancti Brandani" foi uma das narrativas mais populares da Idade Média. Ela
menciona uma "Ilha de Hy Brazil", que para alguns vem daí o nome de nossa nação derivaria, portanto, das aventuras de São Brandão.
"Nascido de uma inspiração religiosa ou paradisíaca, esse topônimo, se não o mito que o originou, perseguirá teimosamente os cartógrafos, revelando uma longevidade que ultrapassa a da própria Ilha de São Brandão. Com efeito, representada pela primeira vez em 1330 (ou 1325) na carta catalã de Angelino Dalorto, ainda surge mais de cinco séculos depois, em 1853, numa carta inglesa de Findlay, com o nome de High Brazil Rocks, isto é, Rochedos do Brasil ou de brasil, tal como nos mapas medievais e quinhentistas", cita ainda Sérgio Buarque. [29314]
"Antes do Brasil existir como é que era o mundo? O Brasil nasce sobre o signo da utopia a terra sem males a morada de Deus. (...) existem cartas que falam de uma ilha Brasil, isso significa que o nome Brasil não vem do pau-brasil, não. Isso aqui era a ilha Brasil que alguns navegantes sabiam, mas um dia os portugueses precisaram fazer uma descoberta oficial, mandando até um escrivão do cartório, declarar no cartório, que foi descoberto. Isso foi em 1500, mas pré existia há muito, fisicamente, biotericamente e humanamente. Humanidade indígena, humanidade diferente, de uma gente que agradecia a Deus o mundo ser tão bonito, que existia para viver a vida para gozar a vida a finalidade da vida era viver." [k-1128]
Conta o livro que o santo irlandês, nascido em Tralee, por volta de 484 d.C., após fugir dos invasores da Normandia, pediu à Deus para ver o paraíso e o inferno.
Após encontrar um abade irlandês chamado Barinthus, que lhe falou te feito uma viagem através do Oceano e encontrado a ‘Terra repromissinonis Sanctorum’, São Brandão pegou um navio e, junto com mais catorze monges, resolveu ir atrás dessa ilha perdida, que, em sua mente, deveria ser o verdadeiro paraíso.
Começa, então, uma espécie de peregrinação! Desbravando o mar desconhecido, São Brandão chega numa ilha selvagem, onde um cão o conduz a um castelo decorado com vasos finos, imagens de cavalos e chifres ornados em metal precioso e toda o tipo de riqueza imaginável. A mesa está posta com uma ceia farta, baseada em peixes brancos e muito vinho. São Brandão, no entanto, logo percebe que trata-se de satanás. Põe-se a orar e, de tanto orar, consegue, com o poder da fé, livrar-se da tentação demoníaca.
Desembarga numa ilha que julga ser deserta. A Ilha, no entanto, é Jascônio – um imenso peixe, o maior peixe do oceano. Após ser derrubado nas águas, São Brandão consegue voltar ao navio e salvar os monges.
Em seguida, chega na ilha dos pássaros. Os pássaros, na verdade, são anjos decaídos. Parte para a ilha dos carneiros, onde celebra a Páscoa. É atacado por grifos – um animal fantástico, metade águia, metade leão.
No mar, os monges pedem para que São Brandão reze uma missa para afastar os monstros marinhos. Depois isso, o navio encontra uma ilha vulcânica, onde a tripulação é recebida por um ser peludo com o corpo em chamas. Era a ilha do inferno.
Por fim, dando de cara com um denso nevoeiro, São Brandão é guiado por uma luz forte até uma ilha cheia de árvores frutíferas. É a Ilha de Hy Brazil. Finalmente, ele e os monges encontram o paraíso prometido. A luz que os guiou revelou-se, na verdade, a próprio luz do Cristo!
Guardado por dragões brilhantes como o fogo, o paraíso é um imenso jardim que descansa por trás de portões de mármore cravejados de pedras preciosas – esmeraldas, topázios, amestistas e tudo mais que se pode imaginar.
São Brandão e os monges encontraram o paraíso depois de enfrentar o grande oceano (que é a vida) e terem adquirido sabedoria e conhecimento, enfrentando o mal e a tentação, escolhendo o bem em vez de Satanás. Afinal, santo que é santo não pode estar em dois altares. Por fim, São Brandão e os monges regressaram à terra natal e essa grande aventura foi eternizada nas páginas da história.
Agora, o mais interessante – para São Brandão, o paraíso é Hy Brazil.
| | Delineatio Omnium Orarum Totius |
Delineatio Omnium Orarum Totius(mapa |
|
|
Ilha Brasil
De fato são muitas referências “a uma Ilha Brasil” circum-navegável entre a foz do Amazonas e a boca do Prata para uma selecção de mapas que reproduzem a mesma ideia da ligação entre estes dois grandes rios sul-americanos articulada por um grande lago interior, cuja designação se modifica de mapa para mapa.
| |