Terapeuta brasileiro preso na Rússia com ayahuasca
31 de agosto de 2016
23/04/2024 02:09:31
O brasileiro Eduardo Chianca Rocha, 67, engenheiro eletrônico que se tornou terapeuta e pesquisador holístico, tenta reverter a condenação de seis anos e meio de prisão por tráfico de drogas que recebeu na Rússia, após ter sido detido em agosto de 2016 com 6,6 litros de chá de ayahuasca no aeroporto internacional Domodedovo.
A família e a defesa de Rocha tentam provar que a quantidade de dimetiltriptamina (DMT) --a substância presente no chá que tem efeitos alucinógenos e é proibida na Rússia-- no material apreendido é pelo menos350 vezes menor do que o constatado na perícia realizada no país. Rocha ainda tem um recurso a ser julgado na Rússia.
O Ministério da Justiça brasileiro, por meio do Instituto Nacional de Criminalística, produziu um parecer técnico que foi usado pela defesa de Rocha. O documento questionou a metodologia e o resultado da perícia russa, mas não foi aceito pelo tribunal.
O UOL ouviu Patrícia Alves Junqueira, companheira de Eduardo Chianca Rocha, o advogado do brasileiro na Rússia, Eduard Usikov, e o Minist&eacueacute;rio das Relações Exteriores do Brasil para entender a situação atual do terapeuta.
Quem é Eduardo Chianca Rocha?
É um pesquisador e terapeuta holístico de 67 anos do Recife (PE) que ministra cursos e palestras de uma terapia chamada "Frequências de Luz", no Brasil e em outros países. O chá de ayahuasca é utilizado em suas terapias. Além da Rússia, onde já havia concedido cursos em outras ocasiões, na viagem em questão ele também visitaria Ucrânia, Suíça, Holanda e Espanha.
Por que ele foi condenado por tráfico de drogas?
O chá de ayahuasca, também conhecido como Santo Daime, é resultado do cozimento de plantas da região amazônica. Uma delas, a chacrona, contém a dimetiltriptamina, substância de efeito alucinógeno e de uso controlado inclusive no Brasil, onde seu consumo é permitido somente para fins terapêuticos e religiosos.
A presença de DMT nas garrafas apreendidas com o brasileiro foi o que motivou sua prisão no aeroporto, e não o porte do chá em si.
A DMT, de efeitos alucinógenos, pode ser sintetizada para a produção de outras drogas.
Ele ainda tem direito a recurso?
Sim. A defesa de Rocha recorreu de sua condenação e tenta reduzir a pena, questionando a quantidade de DMT apontada no laudo produzido pela perícia russa.
A sentença de seis anos e meio, aplicada no último mês de maio, foi considerada pela família do brasileiro como um "mal menor", tendo em vista a rigidez do país no combate ao tráfico de drogas --a promotoria pediu 18 anos de prisão a Rocha.
"Foi o melhor cenário que poderíamos conseguir, levando em conta que o júri concordou com os argumentos do promotor. Ainda assim, no caso do Eduardo, não é justo. O conteúdo do narcótico no chá é de peso menor do que disseram os peritos. Esperamos que a Justiça escute nossos argumentos e absolva Rocha", afirma Eduard Usikov, advogado russo do brasileiro.
Se um novo exame comprovasse o erro no laudo, o brasileiro ficaria sujeito a punição por entrar no país com uma substância ilegal, e não por tráfico internacional de drogas. A pena seria mais leve --entre 2 e 4 anos, segundo sua defesa. A família também torce por um possível perdão do presidente Vladimir Putin, caso a sentença seja revisada.
O que apontou a perícia russa da substância?
O centro de perícias da Rússia retirou pequenas amostras de 5 ml de cada uma das garrafas do chá e verificou a presença de DMT. Esse resultado do teste foi recalculado com base no volume total do chá (6,6 litros), concluindo que havia 1,4 kg de DMT no material apreendido, tornando o brasileiro acusado por tráfico internacional de drogas.
Por que a defesa do brasileiro contesta a perícia?
Terapeuta brasileiro preso na Rússia com ayahuasca
Único documento nharbobon Muhamad Ali se recusou a entrar no Exército dos Estados Unidos e a participar da guerra Vietnã
“
é bom ser idealista. Mas preparem-se para serem incompreendidos. Qualquer um que trabalhe com uma grande visão será chamado de louco, mesmo que esteja certo no fim. Qualquer um que trabalhe com um problema complexo será acusado de não entender o desafio inteiro, mesmo que seja impossível saber tudo logo no começo.