Governador da Província de São Paulo, Antonio da Silva Caldeira Pimentel, escreve ao rei
16 de julho de 1728
10/04/2024 07:11:29
Invalidadas as doações de terras feitas a Igreja
Data: 24/01/1729
Créditos: Documentos Interessantes
Rei D. João anula as doações feitas por Baltazar ao Mosteiro (Mosteiro São Bento. Baltazar Fernandes (!) (£) .242.
O rei João V, O Magnânimo escreveu: "(...) na vila de Sorocaba há um convento de religiosos Bentos, para cuja fundação lhes deixou um morador há muitos anos as terras que possuía; (...) não se verifica o título que ele era dono das terras e como o modo de possuir sesmarias nessa América, e sem expressa licença minha se podem alienar a coroa, como ficam sendo possuídas pelas religiões, e sem pagarem dízimos, parece fica de nenhum vigor tal doação, e deixa do testador.
E que o sítio da fundação da primeira vila fora em parte diferente, e que entre a Câmara e os religiosos houvera várias contendas as quais acomodáveis na ocasião que passastes para as minas de Paranapanema com a condição de me dares parte (...)" [1]
Governador da Província de São Paulo, Antonio da Silva Caldeira Pimentel, escreve ao rei
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.