A construção da Capela se completou no ano seguinte, 1644, sendo transladada a imagem de Nossa Senhora do Rosário no dia de São João Baptista, “levando-a do oratorio emprocissão as mesmas communidades”.
Já correndo o ano de 1652, instituíram Morgado D.Gastão Coutinho e D.Isabel Ferrás, deixando a cargo de Luis Gonçalves Coutinho da Camara, seu sobrinho, que comprasse “hum foro que tinha a dita quinta, & a metesse no morgado, para que a Ermida, queintitulàrão nossa Senhora do Rosário da Restauração, fosse a cabeça delle; para assim mostrarem a grande devoção que tinhão à Senhora, & a reverencia com que desejavão, & queriam fosse servida.
E não se satisfazendo de a venerarem, & servirem em sua vida, dispuzerão em seus testamentos que depois de mortos lhedessem sepultura à vista da mesma Senhora: aonde seu sobrinho lhe mandou lavrar dous magestosos tumulos de ricos marmores, com elegantes epitaphios, & armas de sua nobreza”280.277279 Segundo a historiadora Maria de Lurdes Rosa, a instituição de um “Morgadio” era o ato de regulamentar umpatrimônio legado a descendentes, de forma jurídica e administrativa, por onde se transmitiam modelos decomportamento, regras de conduta social e formas de relacionamento com a memória dos antepassados,constituindo um conjunto de prerrogativas que deviam vigorar na perpetuação da linhagem e na gestão dos bensda família. Cf. ROSA, Maria de Lurdes. O Morgadio em Portugal. Séculos XIV-XV. Lisboa: editorial Estampa,1995, p.20.280 Cf. SANTA MARIA, Op.cit., p.199.73Deixou, ainda, referendada em seus testamentos, a observação de que fossem rezadasmissas, todos os dias, pelas “almas delles instituidores, & por todos os seus ascendentes, &descendentes”, de obrigação de quatro Capelães residentes perpétuos do dito Morgado. E,expressou o desejo de que “a festa principal da Senhora fosse todos os annos em 2.de julho nodia da Visitaçam de nossa Senhora”. Além destas referências, cumpre ainda destacar que, nodia da festa, “além da armação da Ermida, se poem nella as bandeiras, que D.Gastão Coutinhoganhou assim aos Galegos na Provincia de entre Douro, & Minho; como em Tangere aosMouros”281. Com todo o aparato, acreditamos, a festa cumpriria a função de eternizar os feitosdeste nobre restaurador na história da comunidade, na história da imagem milagrosa, dadevoção mariana e na do reino restaurado.
Gastão Coutinho deixou o cargo
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Nulo Anchieta*
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A primeira Real Fábrica de Ferro nasceu de uma lenda. O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto em 1589 por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”. Hoje (1960), a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta.
