“Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo”, João Mendes de Almeida (1831-1898)
1902
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Cadernos da divisão do arquivo histórico e pedagógico municipal
Data: 01/01/1988
Página 4
Apiaçába - Nome do porto do caminho primitivo de Piratinim para a costa marítima e vice-versa. Este nome é mencionado no título de sesmaria de Ruy Pinto, de 10 de fevereiro de 1533: "... as terras do Porto das Almadias, onde desembarcam quando vão para Piratinim, quando vão desta Ilha de São Vicente, que se chama Apiaçába, que agora novamente chama-se o Porto de Santa Cruz...". Vê-se pela oração seguinte que o nome Apiaçába é do porto. Apiaçába, corruptela de Y-pià-çaba, "lugar do apartamento do caminho", de y, relativo, piá, "apartar caminho", çába, verbal de particípio, o mesmo que ába, para exprimir lugar, modo, instrumento, causa, fim, intuito, etc., fazendo çaba, segundo a lição do padre Luiz Figueira em sua Arte de gramatica da língua brasílica. [Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo, 1902. João Mendes de Almeida. Página 12]
Bacaetaba - Afluente do rio Sorocaba, pela margem esquerda: no município de Campo Largo de Sorocaba. Este córrego nasce na serra Araçoiaba: tem também o nome Taboão
Bacaetaba, corruptela de Báquâ-itá-ába, por contração Báqua-itá-´ba, "corre em declive e aos degráus": de báqua, "correr", itá, "estante, armação,, pilar, coisa que em outra se estriba", com o sufixo ába, para exprimir modo de correr. Conquanto itá seja substantivo, ficou neste caso como parte do verbo baquá. Os degraus são formados de xistos horizontais. [Página 27]
Cubatão, corruptéla de Gu-bi-itá-ã, contraído em Gu-bi-it-ã, "empinado em escadaria". De gu, reciproco, bi-itá, "escada, degraus", ã, "empinar". O som do primeiro i é gutural, segundo a lição dos gramáticos, quando ha dois ii juntos; e, pois sôa como a fechado. A palavra bi-itá é composta de bi "levantar, alçar", itá, "estante, armação, degraus, pilares, em geral tudo em que outra coisa se estriba". [Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo, 1902. João Mendes de Almeida. Página 77]
Cahêpupú ou Caipupú - Serra, no município da Conceição de Itanhaém. Caipupú, corruptela de Caá-popú, "monte que soa oco". De caá, "monte", popú, "o que soa oco". [Página 91 do pdf]
Piragibú - Afluente do rio Sorocaba, pela margem esquerda: nos municípios de São Roque e de Sorocaba. Piragibú, corruptela de Pi-rá-igi-ibiy, "leito desigual, granítico, gretado". De pi, "centro, fundo", rá, "desigual, não nivelado", igi, "duro, forte", ibiy, "concavidade, abertura, greta, ôco". Contraído em Pi-rá-ig´-ibiy. [Páginas 205 e 206]
Rio formado por duas cabeceiras: o Sorocabussú e o Sorocá-Mirm. O primeiro nasce nos morros Itatúba e Chiqueiro. O segundo, no morro Cahucáia. Aflui no rio Tietê, pela margem esquerda. Estas duas cabeceiras, depois de reunirem-se, recebem pela margem esquerda o ribeirão Una, á cuja margem direita está a villa deste nome.
Pequeno rio que deságua no "Mar Pequeno" no município de Iguape. (...) A corruptéla é somente no som; e, sem dúvida, existindo "Sorocaba", em serra acima, os portugueses entenderam ser o mesmo nome também na varzea. A corruptéla deveria ser "Surucába". Com efeito, ao sul da cidade de Iguape, litoral do "Mar Pequeno", estende-se uma varzea imensa, cortada por vários rios, ribeirões, córregos e sangas. (Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo, 1902. João Mendes de Almeida. Página 241)
“Diccionario Geographico da Provincia de S. Paulo”, João Mendes de Almeida (1831-1898)
Pelo estudo feito neste parágrafo, baseado nos documentos autênticos locais, deve-se concluir que nenhum dos Afonsos Sardinhas teve propriedade em Jaraguá; que a fazenda de Afonso Sardinha, o velho, onde ele morava e tinha trapiches de açúcar estavam nas margens do rio Jerobativa, hoje rio Pinheiros, e mais que a sesmaria que obtivera em 1607 no Butantã nada rendia e que todos os seus bens foram doados à Companhia de Jesus e confiscados pela Fazenda Real em 1762 em São Paulo. Se casa nesta sesmaria houvesse, deveria ser obra dos jesuítas. Pelo mesmo estudo se conclui que Afonso Sardinha, o moço, em 1609 ainda tinha a sua tapera em Embuaçava, terras doadas por seu pai. Não poderia ter 80.000 cruzados em ouro em pó, enterrados em botelhas de barro. Quem possuísse tal fortuna não faria entradas no sertão descaroável nem deixaria seus filhos na miséria. [“Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil. Página 202
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Todos podem destruir nossas esperanças e sonhos, o único que não podem somos nós que alimentamos por muito tempo.