Relatorio apresentado ao Excm. Sr. Presidente da Provincia de S. Paulo
1888
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Relatorio apresentado ao Excm. Sr. Presidente da Provincia de S. Paulo
Data: 01/01/1888
Commissão Central de Estatistica São Paulo. Página 200
Tieté - Primitivamente denominado Anhemby é dos rios da província o que tem o predicamente de ser genuinamente paulista. Nasce na Serra do Mar, em território do município de Parahybuna, passa junto á capital, percorre a província sem competidor em toda a sua extensão de sudoeste a noroeste, dividindo-a em duas partes sensivelmente iguais, e vai desembocar no Paraná, após um curso de cerca de 1300 quilômetros.
De álveo tortuosíssimo, o Tieté não permite a navegação que comportam suas águas, pelo grande número de cachoeiras, corredeiras e outros obstáculos que a formação granítica de seu leito a cada passo levanta. Não obstante, era este antigamente o caminho por onde seguiam, em canôas, as expedições com destino a Mato Grosso, as quais partiam de Porto Feliz, pelas dificuldades opostas pelo grande salto que faz o rio perto de Ytú; e ainda hoje é do mesmo modo e pela mesma via que se fazem as comunicações com a colonia militar do Itapura, situada na barra do Tieté, á margem esquerda do Paraná. [Página 200]
(...) Viação - Como a circulação do sangue é a primeira condição da vida animal, as estradas em geral, facilitando a comunicação entre os povos, estimulando e desenvolvimento as suas relações comerciais, representam importantíssima função na economia social. Assim sendo, bem é de ver que o serviço da viação na província é contemporaneo da fundação da capitania.
De feito, logo depois de ter Martim Afonso de Sousa escolhido o local em que se devia fundar a povoação de São Vicente, a mais antiga d´esta parte da Terra de Santa Cruz, foi seu primeiro cuidado mandar abrir uma estrada que, começando no sítio onde posteriormente se levantou o forte da Estacada, quase defronte o rio de Santo Amaro, junto ao lugar que então servia de ancoradouro ás embarcações, seguia pela praia de Embaré, continuava pela de Itararé e ia finalizar em São Vicente. Tal foi o primeiro caminho que o homem civilizado abriu na província de São Paulo.
No ano de 1560, o governador geral Mem de Sá, visitando a capitania e indo a São Vicente e Paratininga, tomou a picada que, através da serra de Paranapiacaba, era a mais trilhada pelos nativos em seu trajeto para o litoral. Principiava o caminho na raiz da serra, no porto de Santa Cruz do rio Cubatão, denominado primitivamente porto das Armadias, e em terras de Ruy Pinto, e no lanço da serra que atravessava as ingremidades e alcantis de mui difícil acesso.
Compreendeu logo o governador que outro caminho convinha abrir, afim de facilitar a comunicação de beira mar para o interior. Neste intuito dispôs que se abrisse o novo caminho por melhores localidades, encarregando desta tarefa ao padre Anchieta, que de bom grado a desempenhou, aproveitando-se de um trilho feito também pelos nativos, e por ele conhecido, o qual veio a se chamar - caminho do padre José. [Página 265]
*Relatorio apresentado ao Excm. Sr. Presidente da Provincia de S. Paulo
Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal vila foi situada, ou mesmo se foi situada; o rio Piratininga jamais foi identificado, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum.
Piratininga (nenhuma etimologia satisfatória para essa palavra), era uma região situada no planalto. A Câmara da Vila de S. Paulo, que às vezes se denominava “S. Paulo do Campo”, “S. Paulo de Piratininga”, “S. Paulo do Campo de Piratininga”, concedeu datas de terras em “Piratininga, termo desta vila” no “caminho de Piratininga”, “indo para Piratininga”, “no caminho que desta vila vai para Piratininga” etc. (Atas da Câmara de S. Paulo, vol. 3.º, pág. 168, Registro Geral, vol. 1.º, págs. 10, 72, 88, 98, 100, 108, 129, 283 Mudança para Piratininga: Tibiriça e Caiubi
“
O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro.