Amador Bueno da Ribeira, brasileiro, paulista, era filho, e neto de espanhol. Seu pai, Bartholomeu Bueno de Ribeira, nasceu em Sevilha. Seu avô, Francisco Ramires de Póres, também nasceu na Espanha. Vieram juntos, pai e filho, Francisco Ramires e Bartholomeu, para o Brasil, no ano de 1571. Bartholomeu Bueno de Ribeira aqui se casou, em 1590, em São Paulo, com a brasileira Maria Pires, filha do capitão Salvador Pires, e de Messia Fernandes; neta do português Antonio Fernandes, e da brasileira Antônia Rodrigues; bisneta do português Antonio Rodrigues (companheiro de João Ramalho), e da nativa brasileira batizada pelo padre José de Anchieta, com o nome de Antonia Rodrigues; e ter-neta do nativo brasileiro Piqueroby, chefe da aldeia Ururay, e de uma nativa, cujo nome é ignorado.
Por conseguinte, Batholomeu, espanhol, casou-se com Maria Pires, e de sangue português e nativo, e desse casal houve 7 filhos: Amador Bueno de Ribeira (O aclamado); Francisco Bueno, Bartholomeu Bueno de Ribeira (o moço), Jerônimo Bueno, Maria de Ribeira, Messia de Ribeira e Isabel de Ribeira. Amador Bueno de Ribeira ocupou honrosos cargos de capitão-mór e de ouvidor da Capitania de São Vicente, no ano de 1627. Ficou célebre em nossa história por ter sido aclamado rei, em São Paulo, no dia 3 de abril de 1641. Havia aqui, nessa época, influente partido político, formado por poderosos e ricos castelhanos, dentre os quais, os três irmãos Rendons, d. Francisco de Lemos, D. Gabriel Ponce de Leon, natural de Guayrá, d. Bartholomeu de Torales, de Vila Rica do Paraguay, d. André de Zunega, D. Bartholomeu de Contreras y Rorales (irmão de André de Zunega), d. João de Espinola Gusmão, da província do Paraguay, e outros mais. Os componentes desse partido sobrescreveram termo de aclamação em 3 de abril de 1641, elegendo Amador Bueno da Ribeira, a rei de São Paulo. Ele, porém, recusou tão grande honra que lhe conferiram e com a espada desembainhada pronunciou as históricas palavras: "Viva D. João IV nosso rei, pelo qual darei a vida"!
Deu vivas, como leal vassalo, a D. João IV, rei de Portugal, em quem restaurou-se a monarquia portuguesa de 60 anos de sujeição ao domínio dos reis de Castella. Era esse homem, embora brasileiro, de sangue espanhol, e conservou-se fiel a Portugal recusando ser rei. Por esse ato, e por outros serviços que prestou á pátria, legou um nome immorredouro a seus descendentes. Recebeu carta do Rei, D. João IV, agradecendo su ato de lealdade. Casou-se em São Paulo, com Bernarda Luiz, filha de Domingos Luis, português, por alcuhna "o Carvoeiro", e de Anna Camacho, brasileira; e por esta, neta de Gonçalo Camacho, português, e de (fulana) Ferreira, brasileira; e por esta bisneta do nobre português Jorge Ferreira, e de Joanna Ramalho, brasileira; e por esta, terneta de João Ramalho, português, e de Mbicy, nativa brasileira; e por Mbicy, quartaneta de Tibiriçá, chefe dos nativos de Inhapuambuçú, localidade situada perto de São Paulo.
Advirto que o pai de Bernarda Luis, sogro de Amador Bueno de Ribeira, era homem importante, cavaleiro da ordem de Cristo. Esse apelido de "o Carvoeiro" não lhe foi dado por ser ele comerciante ou fabricante de carvão, e sim, por ter nascido em Portugal, em Marinhota, frequesia de Santa Maria da Carvoeira.
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
79
“
O boxe é a maneira mais rápida de um negro se tornar alguém nos Estados Unidos.