“Afonso Sardinha, o Velho senhor paulistano”, consultado em apagina.pt
28 de outubro de 2022
04/04/2024 03:52:12
É Preciso Recontar A História De São PauloE De Araçariguama, Porque No Sertão PaulistaAconteceu O Brasil.Durante quatro séculos ele foi considerado um simples analfabeto, que assinava com uma cruz de 3 hastes, e raros pesquisadores perceberam a sua importância na História política, económica e militar [ou bandeirística], que faria do Oeste paulista o berço de uma nova Comunidade nacional: o Brasil.É muito difícil falar do Brasil sem falar da expansão jesuítica para o sul da Capitania de S. Vicente a partir do oeste da Villa Piratininga, por isso, também é difícil não reconhecer em Afonso Sardinha - o Velho, um dos principais pilares da política paulistana e vicentina [vereador e almotacel], da economia [dono de fazendas, imóveis, minas, e do primeiro trapiche de cana d?açúcar da Villa] e da atividade militar [financiou e participou de entradas contra os kari-yos guaranis do sertão do Piabiyu, e foi eleito, pela Vereança, Capitão das Gentes de São Paulo].Entre os anos 1572 e 1610 (ele morre em 1616), Afonso Sardinha - o Velho só não está no Poder quando assume trabalhos mercantis e siderúrgicos, além das suas negociatas com os corsários ingleses, e é ele um dos principais financiadores de instituições e construções católicas, assim como da expansão da Companhia de Jesus. Nos seus trabalhos foi quase sempre acompanhado pelo filho mameluco Afonso Sardinha ? o Moço, mais um ?cabo? de ordens do que um filho, pois, antes de morrer em 1604 numa operação para-militar no sertão, já representava o Velho até na compra de minas descobertas nos leilões oficiais, porque a Coroa lusa havia ?terceirizado? esse trabalho.
Um dos erros mais evidentes dos pesquisadores é a confusão que geraram em torno da posse das minas de ferro e ouro, principalmente as de Jaraguá, Byraçoiaba [Araçoiaba da Serra] e Byturuna [Vuturuna, núcleo histórico de Araçariguama]. Como foi feita a confusão?
Muitos atribuíram ao mameluco o Moço parte das operações siderúrgicas; não levaram em conta que só o Velho poderia ter trazido da Europa os conhecimentos de mineração que veio a repassar, de Guaru [Guarulhos] a Byturuna, e que só o Velho possuía cabedais para comprar terrenos, armas, escravos e minas, tendo sido, inclusive, um dos primeiros compradores de negros de Angola.
Foi por isso que alguns pesquisadores menos atentos ao conteúdo histórico dos documentos existentes, deram o Velho como analfabeto e o Moço como comprador/fundador das minas de Byturuna e Biraçoiaba.
A leitura do "Registo de minas de quelemente alvares", desconsiderando-se os erros do escrivão, responde à incompetência desses pesquisadores:
"Aos dezasseis dias do mes de dezembro do ano de mil e seissentos e seis anos nesta vila de S. Paulo capitania de S. V.te [...] apareceu clemente alveres morador nesta vila pr ele foi dito aos ditos ofisiais e declarado de como vinha manifestar sertas minas que tinha descuberto [...] jaraguá, [...] jaraguamirim [...], e no sertão de sayda do nosso mato no canpo do caminho de ybituruna [...]".
Eis parte da ata do "Anno de 1606" da Câmara de São Paulo tendo Domingos Rodrigues como Juiz [in Atas da Câmara, Vol. 2].
Mina De Araçariguama
Clemente Álvares acompanhou os Sardinha, pai e mameluco, em várias empreitadas mercantis e para-militares, assim como as do capitão-mor Belchior Dias Carneiro, e qualquer relato dele diante da Vereança que não correspondesse à verdade teria tido a oposição imediata do poderoso Afonso Sardinha - o Velho. Com relação à Mina do Byturuna [Vuturuna], núcleo formador da vila de Araçariguama nos tempos áureos da região parnaibana dos Pompeu de Almeida, foi o Velho quem ordenou a ?fábrica? da Capela de Sta Bárbara, inaugurada por ele mesmo em 4 de Dezembro de 1605 ? e, assim, no âmbito da História Colonial Luso-Católica, Afonso Sardinha - o Velho é o fundador desse núcleo e deve ser respeitado à luz dos documentos.O "Analfabeto" AfonsoÉ comum entre os pesquisadores, particularmente os académicos naftalinados, registrarem somente o que interessa às suas teses e não ao conjunto da Comunidade nacional no que à História diz respeito. O caso de terem considerado Afonso Sardinha - o Velho como analfabeto, sob o argumento de que ele assinava as atas da Vereança com uma cruz de 3 hastes, mostra como é possível sujar a história de uma pessoa cuja importância não se quer mostrar. Na verdade, o Velho assinava as atas com o sinal que era a cruz de 3 hastes (aliás, uma projeção tosca da menorah), mas, quando ele era a autoridade única, como nos casos em que foi almotacel [juiz de pesos e medidas], ele assinava o nome colocando entre o nome Afonso e o sobrenome Sardinha a mesma cruz de 3 hastes. O que se passou nestes últimos quatro séculos? Com a pressa de darem "um fora" no temível e sanguinário (que o foi, sim) e todo-poderoso Afonso Sardinha - o Velho, os pesquisadores (não me atrevo a dizer "historiadores") esqueceram (?!) de ler, com a lente da Sabedoria, as velhas atas quinhentistas da Vereança paulistana.Este é um breve reparo entre os muitos que devem ser feitos na História do Brasil a partir do contexto luso-brasileiro.
“Afonso Sardinha, o Velho senhor paulistano”, consultado em apagina.pt
Em 1538... aconteceu pela Divina Providência, pois aqui achamos três cristãos, intérpretes da gente bárbara que falam bem esta língua pelo longo tempo de sua estada. Estes nos referiram que quatro anos antes um nativo, chamado Esiguara (grafado também Etiguara, Origuara, Otiguara), agitado como um profeta por grande espírito, andava por mais de 200 léguas predizendo que em breve haveriam de vir os verdadeiros cristãos irmãos dos discípulos ao apóstolo São Tomé, e haveriam de batizar a todos. Por isto, mandou que os recebessem com amizade e que a ninguém fosse lícito ofendê-los.