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“Rua da Penha é caminho de lembranças afetivas e históricas”, Jornal Cruzeiro do Sul/Carlos Araújo; smetal.org.br
23 de novembro de 201504/04/2024 23:43:25

Memória e espaço público se interligam e se completam nas ruas, avenidas e praças de Sorocaba. Um desses espaços a rua da Penha, no centro da cidade, é um exemplo da carpintaria que une o tempo e a geografia para marcar o destino de milhares de pessoas. Essa rua é ponto de referência para moradores e visitantes que aqui desembarcam, procedentes de várias regiões do Brasil e do mundo. Mais do que isso, a rua da Penha faz parte da formação cultural e afetiva de muita gente ao longo de décadas, séculos, ciclos e gerações.Passado e presenteSe de um lado a rua da Penha tem sua origem vinculada à ocupação da América Latina pelos povos nativos; de outro lado, no presente, esta via é um reflexo da movimentação comercial, da oferta de serviços e da vida social de Sorocaba.Em décadas passadas, a rua da Penha ocupava o posto de via mais comprida da cidade. Perdeu esse lugar para outras ruas, mas mantém entre suas características a de ser uma importante ligação nas várias direções do município.Quem não vai à rua da Penha, certamente vez ou outra tem que passar por ela com destino a outros lugares do centro da cidade. Os setores de comércio e serviços são intensos e diversificados nos trechos que vão do cruzamento com as ruas Álvaro Soares e Souza Pereira (onde ela começa), cruzando a avenida Moreira César, até a altura da rua Francisco Ferreira Leão, onde termina.A rua da Penha também atrai a atenção pelo trânsito. São três sentidos de direção diferentes: dois sentidos opostos a partir do cruzamento com a rua Professor Toledo, e um sentido contrário no trecho entre a Monsenhor João Soares e a Souza Pereira.

Integração de povos

O pesquisador da geo-história da região do Morro do Araçoiaba, Adolfo Frioli, inclui a rua da Penha como marco da integração dos povos sul-americanos. A história tem origem em períodos que antecedem a fundação de Sorocaba. A rua da Penha, segundo Frioli, faz parte da trajetória do Caminho do Peabiru, também chamado de Estrada do Sol.Com projeto editorial, pesquisa histórico-iconográfica e redação de Adolfo Frioli e Geraldo Bonadio, a publicação Sorocaba 350 anos - Uma história ilustrada, de 2004, informa que algumas das trilhas do Peabiru passavam pela atual área urbana de Sorocaba. Os caminhos foram utilizados pelos bandeirantes, em suas jornadas de caça aos índios das missões jesuíticas, e pelos tropeiros que conduziam muares xucros até Minas Gerais.

De acordo com a publicação, a trilha principal do Caminho do Peabiru passava pelo bairro de Aparecidinha, em direção à área urbana do município, seguindo a margem do rio Sorocaba até a rua Padre Madureira. Desembocava na avenida São Paulo e, depois de cruzar o rio, seguia pelas atuais ruas 15 de Novembro e São Bento, praça Carlos de Campos, ruas 13 de Maio, da Penha e Moreira César, praça 9 de Julho, avenidas General Carneiro, Dr. Luiz Mendes de Almeida e daí em diante pela Estrada do Ipatinga.

O Caminho do Peabiru era uma rota transul-americana que ligava o oceano Atlântico ao Pacífico. A denominação teria dado nome à atual república do Peru, segundo hipótese do arqueólogo Wanderson Esquerdo.

Frioli explica que por esse caminho transitavam mercadorias e povos nativos (os índios). Há controvérsias sobre os sentidos dos movimentos, se iam de leste a oeste ou o contrário. A hipótese mais provável é de que os nativos seguiam na direção oeste-leste, porque procuravam "a terra onde nasce o sol".

As pesquisas de Frioli acrescentam que, na chegada em Santos, os nativos faziam apresentações de uma dança que se inspirava na movimentação da ondas do mar. Dali seguiam para as regiões hoje conhecidas como Iguape, Cananeia, Paranaguá. "É a ocupação do continente sul-americano", compara Frioli, para complementar afirmando que esse movimento precedeu o Mercosul na proposta de integração dos países da América Latina.

Primeiro arranha-céu da cidade foi edificado na rua da PenhaLocalizado ao lado do prédio da antiga Telesp, no trecho entre as ruas Maylaski e Coronel Benedito Pires, o Edifício Nossa Senhora da Penha foi o primeiro arranha-céu de Sorocaba. Construído em 1956, uma inscrição na parede lateral da fachada informa que a edificação teve projeto e construção da empresa Orse & Bierremback Engenheiros.O porteiro do edifício, Luíz Roberto Momo, 52 anos, informa que nos primeiros tempos após a construção pessoas faziam fila para andar no elevador do prédio. "Naquela época elevador era grande novidade", ele justifica.Com apartamentos amplos distribuídos em oito andares, o prédio tem setores de moradia e de comércio e serviços. O prédio também se destaca por seu amplo corredor de entrada e parede da fachada revestida de mármore. Antigamente, no andar térreo funcionou uma chapelaria. No endereço ao lado, o da Drogasil, um dia foi o local de um supermercado.Outros marcos da ruaEdificações também contam a história de uma rua e a Penha é farta em exemplos. Além de abrigar o prédio que foi o primeiro arranha-céu de Sorocaba, a Penha tem outros endereços simbólicos, uns desativados, outros em plena atividade.No quarteirão entre as ruas Monsenhor João Soares e Souza Pereira, o prédio do Rotary Clube gera grande movimentação de pessoas com intensa agenda de atividades. Bem próximo, o Palacete Scarpa, na Souza Pereira, também destaca-se pelo estilo arquitetônico e abriga a Secretaria Municipal da Cultura.Outros destaques naquele trecho da Penha são um estabelecimento de restauração de bonecas, de Vicente Marcos C. Frattes, 58 anos, técnico especializado em brinquedos, principalmente em bonecas em geral. Outro ponto de referência ali foi a antiga sapataria de José Betti, irmão do ator da Rede Globo Paulo Betti. Uma loja especializada em vestidos de noivas completa as atrações daquele trecho.RestauranteJunto ao prédio da antiga Telesp, onde atualmente funciona um estacionamento, foi o endereço do restaurante Jardim Tropical. Ponto de atração de artistas e políticos locais e visitantes, o lugar foi palco dos bastidores políticos da cidade. Antigamente, o prédio da Telesp foi ocupado pela Fábrica de Macarrão Pastifício Paulista.Do outro lado da calçada, numa época em que não havia internet, funcionou a escola de datilografia São Paulo, que ensinava jovens a teclar nas máquinas de escrever como preparação para o mercado de trabalho.O trecho da Penha situado entre as ruas Coronel Benedito Pires e Padre Luiz apresenta o prédio da Associação Comercial de Sorocaba (Acso). No quarteirão seguinte, entre a Padre Luiz e a Miranda Azevedo, destacam-se a OSE, a sede do jornal Diário de Sorocaba, a ACM e Faculdade de Educação Física (Fefiso), a Biblioteca Infantil Municipal e o prédio da Embratel.O prédio da Biblioteca Infantil Municipal foi uma residência, de acordo com Adolfo Frioli. A filha do proprietário da casa morreu em 1900, durante a epidemia de febre amarela que castigou a cidade, e a família deixou o lugar. Depois, o prédio foi sede de bancos, entre os quais a Caixa Econômica Federal, e de um diretório acadêmico, até sediar a Biblioteca Infantil.A esquina da Penha com Moreira César abrigou, por muitos anos, uma farmácia que não tinha portas porque a proposta era ficar aberta 24 horas. Até que um dia, por questão de segurança, a farmácia ganhou portas e passou a ficar fechada à noite.Com base em lista telefônica de 1958, Adolfo Frioli identifica o local da antiga Fábrica de Facas e Facões Sorocabanos, no número 1.176, altura da mercearia São Bento. Na vizinhança, localizava-se a Fábrica de Cigarros Sudan S.A. Ele recorda essas duas empresas.O bonde, que funcionou em Sorocaba até 28 de fevereiro de 1959, foi outro marco da rua da Penha. Era nessa rua que havia um desvio, solução semelhante às baias para ônibus, que servia para que um bonde aguardasse a passagem de outro bonde para seguir o seu destino. O bonde partia do ponto inicial, na praça 9 de Julho, e seguia com destino ao Além Ponte.A esquina da rua da Penha com a avenida Moreira César também abrigou, há décadas, o Clube Independência. Ficava na área atualmente ocupada pela Padaria Real. Outra edificação tradicional é o Hotel Ipanema, localizado na esquina da Penha com Professor Toledo.Antigamente, na esquina da Padaria Real, o trecho da Moreira César até a praça 9 de Julho era conhecido como rua do Pito Aceso. Esse nome designou a praça 9 de Julho, que também se chamou praça da Independência.Lula esteve várias vezes na antiga sede dos metalúrgicosO prédio da rua da Penha, número 748, tinha apenas o pavimento térreo e duas portas de ferro marcavam o desenho da fachada. Nada mais apropriado. Ali era o antigo endereço de uma loja de ferragens. Muitos anos depois, o local passou a ser a sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região.Na época em que ali funcionava o sindicato, havia uma sala de recepção, um corredor, outras duas salas e um salão. Na década de 1980, o espaço era pequeno e muitas assembleias ocuparam a rua da Penha naquele trecho, fechando o quarteirão entre as ruas Miranda Azevedo e Professor Toledo.Naquele endereço, o sindicato recebeu várias vezes a visita do então sindicalista Luiz Inácio Lula da Silva, que em 2002 foi eleito presidente da República. Depois, em 1989, a diretoria do sindicato anunciou a mudança para o endereço atual, na rua Júlio Hanser, 140, próximo da estação rdoviária.A partir de então, o prédio do sindicato na rua da Penha foi utilizado como Espaço Cultural dos Metalúrgicos. Nessa época, o produtor cultural Carlos Roberto Mantovani se destacou na organização de eventos culturais naquele local e uma das propostas resgatou a tradição dos antigos saraus, com encontros de poetas, escritores, músicos, grupos de teatro e dança.Nome da rua homenageia Nossa Senhora da PenhaA rua da Penha ganhou seu nome devido a uma imagem de Nossa Senhora da Penha, trazida de Portugal por Francisco Ferreira Leão. Esta imagem ficou por um bom tempo na Capelinha do Leão, no final dessa rua, logradouro muito antigo, conhecida por servir de caminho para as tropas.Essa descrição está assim publicada na página 201 do livro Minha Rua, Nossa História: personagens e fatos que dão nomes às ruas de Sorocaba, com coordenação de Maurício Sérgio Dias e introdução de Adolfo Frioli.A imagem de Nossa Senhora da Penha ficava numa capela localizada em área de propriedade de Manoel Ferreira Leão, conhecido como seu Maneco, herdeiro de Francisco Ferreira Leão. O local da capela ficava próximo ao atual traçado da avenida Moreira César.A professora aposentada Maria Heloisa Manfredini, 68 anos, informa que a imagem está atualmente na casa de um neto de seu Maneco, Aristides Leão Rudge, que mora na cidade de Botucatu.Adolfo Frioli acrescenta que a rua da Penha um dia recebeu o nome de Floriano Peixoto, uma homenagem concedida pela Câmara da cidade ao segundo presidente da era republicana, conhecido como o Marechal de Ferro. "O povo continuou chamando (a via) de rua da Penha, prevaleceu a vontade popular", diz o pesquisador.Moradores e comerciantes têm relação afetuosa com a rua e sua diversidade"Um tropeção, um beijo, uma briga, uma piada, uma morte: qual habitante da cidade passa ileso na sua relação com as ruas? Quem não possui uma lembrança, um cheiro das ruas quando era criança? Alguém é incapaz de contar pelo menos uma história sobre alguma rua? Isso não faria parte daquilo que denominam como História com hagá maiúsculo? Talvez este seja o tutano da história: sua construção diária."Esta introdução abre o livro Minha Rua, Nossa História, e mostra como a relação das pessoas com as ruas é múltipla. Na infância, a rua da Penha era caminho do pesquisador Adolfo Frioli para ir à escola diariamente, ida e volta. Ele estudava na escola estadual Júlio Prestes de Albuquerque. conhecida como Estadão, localizada na avenida Eugênio Salerno.Quem mora há muitos anos na rua da Penha acumula esse conjunto de fatores que faz uma via pública ser especial. Ali havia isso, lá embaixo havia aquilo, Fulano morava naquela casa, no local daquele prédio havia um sobrado, no quarteirão de cima havia uma escola de datilografia. E assim por diante. A rua da Penha tem ampla diversidade em indicações desse tipo.Registros na memóriaA professora aposentada Maria Heloisa Manfredini, 68 anos; sua amiga Maria José Ferreira da Fonseca Motta, a Mazé, 65 anos, e o fotógrafo Teófilo Negrão Duarte, 59 anos, são pessoas que guardam esses registros na memória. Suas vidas têm intensa relação com a rua da Penha. Enquanto a família de Teófilo tem ali há 48 anos um estúdio de fotografia, Maria Heloisa e Mazé conhecem a via desde a década de 1950, e ainda moram ali.Teófilo se sente o "embaixador" da rua da Penha, mesmo sem ter tido oficialmente essa nomeação. Parte dele a indicação de grande parte dos marcos da via. No setor comercial, ele recorda pontos comercias tradicionais, que fizeram história, e cita os exemplos da Cirandinha, especializada em uniformes, da Modas Tinen, da Ótica Gonçalves, da Casa Pepino, da Neide Modas, da Drogasil e da loja da Tata.Embora faça esquina com outra via, a avenida Moreira César, a Padaria Real é um dos principais pontos de referência. E também a Mercearia São Bento, o salão de beleza Maria Ikeda, a quitanda Ikeda, a assessoria imobiliária Mendes Ortega.O estúdio de Teófilo é um ponto de encontro de gente que faz história e gosta de conversar sobre as novidades do cotidiano, da política, dos bastidores sociais e de personagens da cidade. O local destaca-se pelas paredes revestidas de fotos afixadas como num painel e que mostram figuras de sorocabanos ilustres e anônimos, entre os que estão vivos e os que já morreram. Devido ao espaço que estimula a boa prosa, o estúdio também é chamado de "plenarinho", termo inspirado no tradicional espaço de debates que é o plenário da Câmara.Corredor de escolasA rua da Penha também é um corredor de escolas como a Organização Sorocabana de Ensino (OSE), Colégio Objetivo e Escola Superior de Administração, Marketing e Comunicação (Esamc), além do prédio da Associação Cristã de Moços (ACM), que abriga a Faculdade de Educação Física (Fefiso).Na relação de famílias tradicionais, Teófilo recorda que o educador Artur Fonseca morou na rua da Penha. As famílias Graziosi, Terus, Milego, Vannucchi, Manfredini, Festa, Guariglia, Milego, Dal Pian, representam marcos de relações profissionais, sociais e de moradia e fazem parte da memória da rua.ARP AlamedasEm 2004, a rua da Penha foi reurbanizada no trecho entre a rua Professor Toledo e a avenida Moreira César. As calçadas ganharam piso avermelhado, foram implantadas floreiras nas esquinas e implantados 12 pórticos com a sigla da Associação dos Comerciantes das ruas da Penha e Artur Gomes (ARP Alamedas).A inspiração era a rua Oscar Freire, em São Paulo. Com participação da Prefeitura e dos lojistas, as obras abrangiam a Artur Gomes (trecho entre a Cesário Mota e a Sete de Setembro) e Penha (trecho entre a Professor Toledo e Moreira César). Os lojistas investiram em decorações de seus pontos comerciais.A ideia era criar um cenário de shopping a céu aberto e intensificar a vocação comercial da ARP Alamedas. Os moradores dizem que o embelezamento urbanístico valorizou ainda mais os imóveis.Figuras populares e empresários tornaram-na referência de sucessoEntre os personagens simbólicos da rua da Penha, Teófilo, Maria Heloisa e Mazé citam os empresários Moysés Stefan, Trajano Pires, José Vicente de Souza, Maria Ikeda e Antonio Pessutti; o professor João Lira Neto, o engenheiro agrônomo Orlando Fontes Lima, os professores José Vannucchi, Anselmo Rodart e Ivete Terus; José Rubens Incao, funcionário da Biblioteca Infantil; o engenheiro e professor de matemática Julio Bierrembach de Lima; e figuras populares como o motorista de táxi Ireno Hansen, a benzedeira Julieta Marte, a parteira Jacira Russo e Nhá Quitéria.Entre esses nomes emblemáticos Adolfo Frioli inclui o empresário Francisco Matarazzo, fundador do conglomerado que entrou para a história nacional como Indústrias Matarazzo. Segundo Frioli, a esquina da Penha com Miranda Azevedo foi o endereço de um estabelecimento comercial do célebre Matarazzo.Mazé lembra que sua casa ficava próxima das moradias de três professores: João Lira Neto, que dava aula de geografia no Estadão; José Vannucchi, que ensinava a disciplina de língua portuguesa, Anselmo Rodart, professor de ciências. Bierrembach de Lima era um dos proprietários da empresa de ônibus São Jorge, que tinha garagem na Penha. Mazé informa que a esposa de Bierrembach, dona Júlia, tinha em casa uma escola preparatória para o exame de admissão ao ginásio.De acordo com Mazé, Trajano Pires, proprietário de cinemas na cidade, era homem ligado às artes. O sobrado onde mora João Lira Neto destaca-se pela estátua de uma mãe-preta na varanda e ainda hoje atrai a atenção de moradores e visitantes que passam na calçada.Recordando a década de 1950, Mazé e Maria Heloisa folheiam um álbum de fotos que congelaram o tempo. Nas imagens, elas aparecem na rua, em frente às casas onde moravam, na companhia de amigas e parentes. Tudo tinha outro cenário. Os limites das casas eram definidos por cercas de madeira.Fundador da merceariaO empresário Moysés Stefan, um dos personagens de destaque na Penha, morreu em 21 de março de 2014, aos 91 anos, por problemas cardíacos, depois de uma vida inteira dedicada à família e ao trabalho, segundo registro publicado no Cruzeiro do Sul. E a rua da Penha teve papel de destaque na sua vida.No dia do seu sepultamento, no cemitério da Saudade, a família informou que ele deixou a esposa Norma David Stefan e os filhos Musse e Márcia Stefan, além de uma neta, Yasmin, filha de Márcia. Musse descreveu o pai como "homem lutador, começou jovem, precisou lutar muito", e que tinha o trabalho como a grande paixão de sua vida.Havia 60 anos, Moysés fundou a mercearia São Bento, tradicional supermercado da rua da Penha. Foi a primeira loja do interior com sistema de autosserviço, que se difundiu para outros estabelecimentos com o hábito de os clientes pegarem mercadorias na gôndola e se dirigirem ao caixa. Nascido em 10 de março de 1923, Moysés era filho de pai libanês e mãe síria. Exemplo de espírito empreendedor, atendeu no balcão da mercearia durante anos e com essa atividade fez amigos, tornando-se um dos empresários mais conhecidos de Sorocaba. A mercearia foi instalada em outros locais da rua da Penha até ganhar o endereço definitivo, o atual, na mesma rua, no trecho entre a rua Artur Gomes e a avenida Moreira César.Ao falar sobre o pai, no dia do sepultamento, Musse lembrou de uma das frases dele, um ditado árabe cuja tradução, em português, é esta: "Um burro carregado de ouro ainda é um burro." O significado, na visão de Musse, é que "o dinheiro não é tudo na vida, o dinheiro não pode muitas coisas." Uma particularidade: Moysés Stefan morreu no Dia de São Bento."O que segura o cliente é o trabalho""A Penha é o meu destino", descreve a empresária do setor de beleza Maria Ikeda, de 73 anos, "Comecei aqui, acabei ficando aqui." Nascida em Itapecerica da Serra, na Grande São Paulo, Maria Ikeda vem de família de lavradores que morava em Piedade, na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS).Perguntada sobre o que a levou a se especializar no ramo de beleza, a empresária explica: "Sempre gostei, sempre sonhei." Seu primeiro espaço de trabalho tinha oito metros quadrados. A atividade cresceu e atualmente sua empresa é referência nesse ramo na cidade.Boa parte dos preparativos da vida social da cidade passa pelos cuidados dos funcionários do salão, que tem setores de atendimento masculino e feminino, de um lado e outro da rua da Penha.Maria Ikeda guarda a memória da rua desde a década de 1960: "Era bem diferente, as casas eram diferentes." Atualmente a parte alta da rua está integrada ao centro da cidade, mas naqueles anos o local era considerado distante da referência central, localizada na praça Coronel Fernando Prestes.Maria afirma que gosta da Penha porque ela é uma rua tranquila. Um detalhe importante: "Nunca passei por medo aqui." E destaca a comodidade: "Tem padaria perto, quitanda perto, mercearia perto." E complementa: "A gente acaba ficando amiga de todos, de clientes e funcionários, vira uma família."Rigorosa na formação e no trabalho, Maria Ikeda acrescenta que tem sorte de ter profissionais muito bons. Diz que motoristas de táxi indicam o seu salão para visitantes que chegam à cidade: "Isso me ajuda muito." Sobre o sucesso do seu estabelecimento, ela avalia: "O que segura o cliente é o trabalho."
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“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas. Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.

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É a ciência feita de suor como dissemos. Temos sobressaltos de lógica, temos anos de indagações não respondidas, temos frustrações, temos horas de arrancar os cabelos, mas o verdadeiro poder do gênio é a força de vontade para fazer todos os erros necessários para chegar a resposta.
Michio Kaku
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