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Aprendendo com roteiros a comunicar por carta geográfica: cultura visual institucional de sertões e fronteiras conquistadas (século XVIII)
202007/04/2024 13:30:17

por mapas? Em que medida as visualidades de espaços, lugares e territóriosconstruídas por esses agentes coloniais foram aproveitadas pelo Estado na construção da sua visualidade de soberania?Este texto responderá a essas questões. Como já foi mostrado, a culturavisual cartográfica colonial institucional foi derivada das reformas do ensinoda engenharia militar na Península Ibérica ou de seus conflitos geopolíticos emtorno da demarcação de seus limites na América (Cortesão, Alexandre de Gusmão; Bueno; Furtado), mas, para além desses fatores externos ou provenientesdos dirigismos da elite de técnicos e letrados que gravitavam em torno do rei,existiram as contradições e as tensões internas ao ambiente colonial.Portanto, assim como o mapa de Guillaume Deslile de 1720 foi capaz deimpactar as decisões do governo português na política de mapeamento, ao denunciar sua ocupação arbitrária da foz do Amazonas e invasora dos domíniosde Espanha e França na América (Cintra et al., A reforma cartográfica, 195),outros, como o de um sertanista que reivindicava primazia sobre a ocupaçãoe a exploração de terras nos sertões do Tibagi, região correspondente ao atualestado do Paraná, também tiveram a mesma potencialidade.A abordagem contemporânea da experiência colonial mostra ainda o quanto esta só pode ser convenientemente apreendida sob a ótica de hibridismos,interseções e interrelações (Farago; Gruzinski). Os estados da época moderna,por sua vez, foram dependentes dos agentes sociais nas colônias e construíramsuas ficções de Estados soberanos apoiados em seus conhecimentos geográficose à custa de muita negociação (Garcia; Erbig; Lennox). Portanto, a cultura visual institucional está sendo entendida neste texto como ação de apropriação euso da visualidade de campos e sertões de sertanistas e jesuítas para traduzi-los(Bauer e Arredondo) para uma agenda imperial cujos tópicos incluíam sertõesconquistados, fronteiras e des-historicização de memórias grafadas nos espaços,territórios, lugares e paisagens.Embora já exista uma historiografia sobre a produção cartográfica dejesuítas e sertanistas (Cardiff; Cortesão, História do Brasil nos velhos mapas;Oliveira; Barcelos; Dias), poucos pesquisadores a trataram como vetor demudanças político-administrativas da Coroa (Rodrigues), tais como a instalação de governadores nas capitanias encarregados de produzir representaçãovisual das terras interiores do Brasil.O uso dos roteiros e das notícias dos sertanistas, em especial para a confecção de mapas, também é muito mencionado pela historiografia, embora poucosdemonstrem empiricamente como foi feito para o caso de Serro do Frio, região [Página 13]


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distantes” que formavam um “cadinho de raças, os negros, mulatos, carijós e‘bastardos’” (Boxer 213). Entre essa mestiçagem, estavam também sertanistas,mamelucos e suas bandeiras de aprisionamento de índios, comércio e exploração mineral (Holanda; Monteiro), e jesuítas. Todos eles lançaram, em mapas edesenhos, o layout das principais vias de penetração fluvial da região, tais comoos rios Paraná, Iguaçu, Paraguai, Uruguai, Ivaí e tantos outros que posteriormente o governador D. Luis de Sousa Botelho Mourão se empenhou para seremrepresentados em imagens cartográficas complementadoras de seus ofícios.O mapeamento desse território platino (Bonato, “Articulando escalas”),desde o período quinhentista, influenciou a maneira como as autoridades coloniais hispânicas pensavam suas políticas para a região e a definiam. Em 1610, aEspanha veiculou criar uma governação em territórios do Prata e, ao consultaro vice-rei do Peru, Marquês de Montes Claros, este acrescentou: “también sepudiera meter en esta Gobernación nueva la vila de San Pablo” (Cortesão, RaposoTavares, 81).A primeira imagem dessa região e de suas principais vias fluviais de penetração, representada em documento visual oficial pela Coroa portuguesaapenas a partir do século xviii, já havia sido feita por governadores a serviçoda Espanha que penetraram o coração desse território como o governador doParaguai Luís Céspedes Xeria, que, em 1628 (Cavenaghi 2011; Cintra et al.; Bonato, “Articulando escalas”), desenhou um mapa com as sinalizações dos riosAyembí (atual Tietê) e Paraná.

Ao descer o Paraná em direção ao Paraguai, esse governador declarou nos manuscritos complementares a esse mapa, enviado em cinco cópias para o rei da Espanha, D. Felipe IV, que o rio Paranapanema, situado em terras da capitania de São Vicente, era o limite setentrional de sua jurisdição (Cortesão, Raposo Tavares, 106-7). Tal dado significa que esse governador se considerava com direitos de administração sobre terras que se estendiam até o atual estado de São Paulo. Em 1912, esse mapa foi pela primeira vez publicado em uma compilação de documentos em quatro volumes sobre a atuação da Companhia de Jesus no Paraguai, feita pelo jesuíta Pablo Pastells (Cavenaghi). Tal documento, juntamente com outros relatos quinhentistas (Bonato, “Articulando escalas”), sugere a existência de uma matriz hispânica na construção da visualidade de boa parte do território o qual o governador D. Luis verteria para uma visualidade de sertões e fronteiras conquistadas pelos portugueses. [Página 16]

Na carta que acompanhava esse mapa, seu autor descrevia uma geografia que se estendia das Minas de Goiás aos Pinares, atual região da Vacaria noRio Grande do Sul, mencionando os rios que estariam no crivo mapeador edesenhista da estratégia e da política de comunicação visual do governadorD. Luis, tais como o Paraná e o Paranapanema:

De Sn. Pablo hasta la boca del rio Añembi por donde descarga em el Parana grande ciento […] de la boca del rio Parana pane por donde por la parte del Leste descarga em el Parana grande hasta la del rio Tibaxiva. (Cortesão, Alexandre de Gusmão, edição 1951, 116)

É consenso na historiografia que a cartografia jesuítica estava ligada aoseu projeto evangelizador (Barcelos; Xavier; Rubiés), e produzir conhecimentogeográfico era uma maneira de a Ordem criar condições para o próprio funcionamento regional. Desde o século xvii, por exemplo, em virtude de ataquesde sertanistas, várias missões foram obrigadas a se deslocar para outros locais.Caso clássico é o do Sete Povos das Missões, estabelecidos nas margens do rioUruguai. Conhecimento geográfico, escrito ou desenhado era, portanto, umamaneira de otimizar a mobilidade quando esta fosse necessária.Alguns autores identificaram na cartografia jesuítica uma função de propaganda das ações evangelizadoras (Rubiés 285; Dias). Alguns desses mapas,inclusive, foram usados para ilustrar a história de suas atuações em váriaspartes do globo. Nas Lettres édifiantes et curieuses écrites des missions étrangèrespar quelques missionnaires de la Compagnie de Jésus (1717), foi editado o mapado rio Maranhão do padre Samuel Fritz, que sugeria a grande hegemonia daCompanhia de Jesus sobre esse território (Dias 113).Em 1755, Pedro Lozano publicou Historia de la Companhia de Jesus dela Provincia del Paraguay e, conforme concluem alguns historiadores, o Mapade las Missiones de la Compañia de Jesus, do geógrafo e cartógrafo jesuíta JoséQuiroga, feito em 1749, tinha como destino imediato complementar esse escrito (Costa 155).Essa cultura visual de território construída pelos missionários era entrecruzada e misturada à dos sertanistas de São Paulo, pois ambos carregavammemórias diferentes, mas construídas na ação e na itinerância em espaçoscomuns. Como já foi mostrado por vários teóricos, espaço, território, lugar epaisagem não são mera topografia, mas cultura e memória (Cosgrove; Schama). Assim, enquanto os jesuítas viam essa região associada ao seu trabalho de [Página 20]


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[Página 23]

Desde o século xvii, exploradores de sertão ou sertanistas, como eramchamados os mamelucos de São Paulo, percorreram as vias terrestres e fluviaisque formavam a região platina. As bandeiras de Antonio Raposo Tavares sãouma das mais citadas e mereceram estudos monumentais. Seus integrantesdevassaram os campos gerais, descendo pelos rios Iguaçu, Pequiri, Tibagi,Ivai (Cortesão, Raposo Tavares). Nas peregrinações pelos sertões para caçar eescravizar índios ou descobrir zonas minerais, esses sertanistas construíramuma expertise de práticos e conhecedores dessas terras do interior, forjaram suaprópria identidade de Paulistas com “p” maiúsculo, como a eles se dirigiam asautoridades coloniais.Mas essa expertise da geografia dos sertões, quando acompanhada dedesenhos, inquietava as autoridades coloniais, pois, no século xviii, eram revestidos de autoridade política tanto para a construção de impérios soberanoscomo para a reivindicação de direitos sobre terras (Lennox 4), como sugereo comentário feito por um secretário de Estado sobre um geógrafo genovês cujosserviços foram contratados avulsamente pela Coroa para escrever projetos demapeamento e desenhar mapas na década de 1750:

um homem que tinha pisado tanto o sertão do Brasil e que não ignorava a geografia e topografia de muita parte destes vastos domínios, e que se sabia explicar não só na conversação mas também por carta geographica […] não era justo deixa-lo ir para países estranhos, e que era mais conveniente socegar-lhe a paixão. (ahu, arj, 1756, cx. 50, d. 4983)

Esse secretário em mesmo ofício manifestou ainda seus temores com relação aos sertanistas de São Paulo, como um chamado Angelo Pedroso e seus trânsitos pelas terras do Tibagi englobadas pela vasta região platina. Segundo ele, “este Tibagi nos dá sempre em que cuidar”. Esse sertanista queria “justificar ter entrado no sertão do Tibagi ter dado princípio a descobrir as minas de que já trouxe as amostras” (ahu, arj, 1756, cx. 50, d. 4983).

Acontece que esse sertanista sabia conversar sobre território por carta geográfica e havia contratado um escrivão da câmara, Manuel Angelo Figueira de Aguiar, que, em 1755, desenhou o mapa abaixo para endossar sua petição de direitos de exploração sobre essas terras enviada ao Conselho Ultramarino (ahu, asp, 1755, cx. 4, d. 282).

Era justamente comunicar por desenho, ou seja, construir uma culturavisual das terras do interior de uma região ibérica, como a platina, que a Coroaportuguesa tinha de aprender para sobrepor as suas imagens territoriais às dos sertanistas e jesuítas. Assim, para enfrentar esse problema, a Coroa decidiu investir na reforma do ensino da engenharia militar e contratar governadores deperfil oculocentrista e engajados na produção de conhecimento cartográfico.

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A escolha de D. Luis de Souza como governador da capitania de São Paulofez parte, portanto, de um plano mais amplo de fomentar o desenvolvimentode uma cultura visual institucional das terras platinas diante das pressões dessacultura visual preexistente e para superar o déficit do Império de registro visualdessa região de soberania incógnita ocupada por grupos indígenas autônomosou missionados, percorrida por sertanistas e que, desde o século xvii, anunciavaser rica em jazidas auríferas e de diamantes (Reis).No próprio projeto escrito por esse governador em julho de 1768, cincomeses antes de iniciar os trabalhos de mapeamento da região, já era mencionadaa razão de sua contratação: as representações feitas em 1764 por um coronel e“outros Paulistas” para penetrarem os matos de Guarapuava até a Serra Apucarana (ahu, asp, 1768, cx 25, 2411). [Páginas 24 e 25]

Uma cultura visual institucional mista:mapas oficiais decalcados das lições degeografia de sertanistas e missionáriosO engajamento do governador D. Luis na produção de uma cultura visual institucional fundamentada em mapas pode ser explicado à luz de uma problemáticamais ampla dos Impérios no século xviii, ou seja, o status de império soberanoexigia mapas e esses documentos deveriam ser criações imperiais. Conhecimentogeográfico, por sua vez, dava sustentação ao discurso do Império (Lennox 172).A cultura visual institucional, contudo, era dependente da visualidade espacial do interior do continente forjada por sertanistas e jesuítas, como pode serobservado ao contrastar o projeto de exploração do Tibagi, proposto pelo governador D. Luis, com um mapa encontrado na coleção do Conselho Ultramarinoe que, pelo espaço representado, direção e elementos topográficos destacados,sugere ser um delineado por ele próprio, como declarou em ofício. No cartucho,o próprio título destacava os rios como o assunto geográfico principal: “CartaGeografica em que se demonstram as correntes dos rios, os que sahen da capitania de são paulo, sua extenção e curso; e os grandes rios, em que entrão”. Emseu ofício de encaminhamento, referia-se à ideia de explorar os sertões do Tibagicomo: “minha original e estou formalizado nella com uma larga instrução detodos os rios navegáveis como a vossa V. Exca exponho no mappa que delineei, eque lhe remeto para me fazer perceptível” (ahu, asp, 1768, cx 25, 2411).Os rios navegáveis referidos pelo governador e que dariam entrada noque ele chamava “sertões do Tibagi” eram alguns tributários da margem direitado Rio Paraná. Todos esses rios, com exceção apenas do Yapó, também forammostrados no mapa na figura 2 e trabalhados abaixo: [Página 27]

Na medida em que esse mapa fazia parte da coleção de D. Luis, a hipótese de ele o ter utilizado para delinear o seu próprio, estampado na figura 7é aceitável. O fato ainda de lançarem os mesmos rios que davam entrada aossertões do Tibagi reforça a evidência de apropriação da visualidade espacial deum pelo outro. A cultura visual institucional portuguesa nas mãos desse governador significa verter a espacialidade da região platina produzida por jesuítas eem lingua espanhola para uma outra composta por mapas com enunciados emportugusa, produzidos por goverandores ou outros funcionários e com a função de esclarecer ofícios cujos conteúdos apresentavam projetos ou descreviamações de penetração territorial.A serra de Apucarana era um marcador geográfico das notícias e dosroteiros sertanistas, que a consideravam um reservatório de ouro. D. Luis seapropriou desse marcador e o reespacializou para a agenda imperial portuguesa. Se os sertanistas a consideravam mais perto da fronteira com os domíniosde Espanha, D. Luis a trouxe para mais perto do litoral. Em suas palavras, “Aserra do Apucaraná segundo eu posso conjecturar dos roteiros antigos e noticiasvelhas, concidero eu muito mais perto de nós do que da dita serra à fronteiraque nos convem ocupar” (ahu, asp, 1768, cx 25, 2411). [Página 29]

No mapa encomendado pelo sertanista Angelo Pedroso, cuja projeçãocolocou o oeste na parte superior e o leste na parte inferior, pode-se observaro quanto a serra de Apucarana está distanciada do litoral e mais próxima dosdomínios hispânicos:

Mas a apropriação e a conversão da memória espacial sertanista para aagenda oficial de mapeamento significava também fazer da serra de Apucaranaalgo ainda não descoberto e apenas prometido: “que pelos roteiros antigos, etradição dos Paulistas, se nos prometem naquelas terras riquezas grandes, as quaisaté agora não tem sido descubertas” (ahu, asp, 1768, cx 25, 2411).Caberia, portanto, aos soldados das expedições de mapeamento, muitosdeles, inclusive, práticos do sertão, realizarem as viagens e entradas oficiais paraconcretizar em descobrimentos as ditas promessas dos sertanistas. No entanto, subjacente à visualidade do governador D. Luis, estava a dos próprios sertanistas, como ele mesmo demonstrou em sua fala:“com este mapa que vay junto […] dou idea das expedições satisfaçojuntamente ao que V. Exa. me ordena da parte de S. Mage. […] determinando-me faça remeter huma carta chorografica (ainda que não sejaexatamente calculada) […] em cuja observância deliniey, e procurei fazer acarta que remeto […] ainda que hé muito pouco o que se sabe do interiordeste Certão, porem eu me vali de muitos roteiros, e notícias, combinandohumas cousas com as outras, e procurando averiguar com o maior cuidado todos os pontos duvidosos e pode ser que esta seja a carta de menos errosque athe aqui tem havido deste continente. (ahu, asp, 1768, cx 25, 2411)Tal ponto conduz ao caráter híbrido da cultura visual colonial, construídapela relação ambivalente entre autoridades coloniais não detentoras de memóriaespacial empírica da colônia e que, portanto, reconheciam e se apropriavamda espacialidade de antigos colonos e práticos e a traduziam para a visualidadeimperial. Tal atitude significava modificar o seu sentido ou colocar em dúvidao conhecimento prático dos habitantes da colônia, ao invés de simplesmente oapagar, como alguns autores concluíram (Cañizares-Esguerra 129).Uma estratégia discursiva do governador na tradução da espacialidadesertanista para a agenda imperial era colocá-la em paralelo com a dos engenheiros militares, admitindo a existência da primeira, mas considerando ser maiscerta a segunda, substituindo a fonte de embasamento:Neste mappa segui a opinião de José Custódio de Sá e Faria, porem hároteiros que figurão o Rio Tibagy e abaixo delle o Ivay. Outros figuramestes dois rios correndo direito a Paraná. Outros dizem ser o Tibagy opróprio Rio do Registro, e a opinião que sigo me parece ser a mais certa.(ahu, asp, 1768, cx 25, 2411)A mesma estratégia foi aplicada ao nome do rio Tibagi, usado para intitular o seu projeto de mapeamento. Originalmente, o nome é indígena e foiapropriado pelos sertanistas, e o governador o associou aos enquadramentosespaciais da geografia técnica e erudita de Sebastián Fernandes Medrano:O grande sertão chamado vulgarmente pelos Paulistas do Tibagy porficar da parte d’além deste rio, que principiando junto ao registro de Curitiba corre do sul para o norte/de cujo continente trata na sua GeografiaMedrano. (ahu, asp, Alfredo Mendes Gouveia, cx 27, doc. 2526, 1770) [Páginas 30 e 31]
*Aprendendo com roteiros a comunicar por carta geográfica: cultura visual institucional de sertões e fronteiras conquistadas (século XVIII)

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