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mboroviré - A ERVA-MATE NO PARAGUAI COLONIAL, PAULO CEZAR VARGAS FREIRE
201104/04/2024 13:58:27

A escolha de internar a capital do Paraguai no centro do continente americano tevecomo consequência sua dependência de portos marítimos para articular sua comunicação eseu comércio com a metrópole. A política colonial espanhola estabeleceu Lima, no Peru,como único porto autorizado para o comércio exterior do vice-reino. Por essa razão, a ilha deSanta Catarina e Buenos Aires, nas primeiras décadas, não representaram opções viáveis.Também o caminho mais curto por terra até o Peru não foi utilizado. Antes mesmo daexcursão de Aleixo Garcia, outras investidas guaranis tentaram aproximar-se de Cuzco, masnão conseguiram passar por Samaipata30. Por outro lado, o caminho por terra até S. Vicente,conhecido pelos guaranis e utilizado por espanhóis, teve o trecho Guayrá-São Paulo proibidoem 1553, por iniciativa de Tomé de Sousa31. Por esse caminho subiu Ulrich Schmidl.

Cédulas reais espanholas também proibiram a passagem de qualquer pessoa pelopasso dos saltos de Guayrá, sem a licença de Felipe IV, despachada pelo real conselho dasÍndias32. A proibição foi estendida a qualquer estrangeiro que quisesse entrar nas provínciasdo Paraguai. Não havia dificuldade para descer o rio Paraná até esses saltos, porém, descer orio Tietê (Anhembi) era extremamente trabalhoso, por suas cachoeiras. Os portuguesesfrequentaram estes caminhos durante décadas, antes de atacarem as reduções. Algumasbandeiras desceram de S. Paulo por mar, até a região dos Patos, subiram pelo porto de D.Rodrigo, ou Embitiba, onde começava a terra dos carios33 ou carijós, seguiram até Laguna,até encontrar os caminhos que atingiam o Guayrá34.Apesar do invejável conjunto de rios navegáveis utilizados no início da conquista, osdeslocamentos por terra rivalizaram com a navegação35. A figura mostrada a seguir (FIG. 07) [Página 26]

de Itatin, com as vantagens decorrentes da comunicação e socorro mútuo, abreviando adistância para exportação de erva-mate até Potosi.O transporte da erva-mate dependeu inicialmente de arrias (tropas de mulas decarga50) e do transporte fluvial, até ser viabilizado o transporte em carretas de bois.

50 - 0 Os cavalos foram introduzidos no Paraguai pelos primeiros espanhóis chegados na expedição de Pedro deMendoza. Depois, por Cabeza de Vaca (dos 45 trazidos, só chegaram vivos 26). Caprinos e ovinos foramtrazidos por Nuflo de Chaves, no regresso de sua primeira expedição ao Peru, em 1549. As siete vacas y un torochegaram em 1556. No ano anterior, deixaram San Francisco, junto com García Rodriguez de Vergara, JuanSalazar de Espinosa, Cipriano Goetz, Isabel de Contreras e suas filhas, Hernando de Trejo e outros espanhóis.Seguiram, todos estes, pelo Peabirú. Passaram pela nascente do rio Iguaçu e, nas margens do Tibagi,encontraram o cacique Surubá, que os recebeu e deu-lhes auxílio para chegar até o rio Ivaí, terra dos ybyrayáras.Viveram por algum tempo em uma casa que construíram nesse lugar. Construíram uma igreja com ajuda dospadres franciscanos que os acompanhavam. Após a decapitação de Francisco de Mendoza, consequência dadisputa com Irala, Ruy Díaz de Melgarejo foi desterrado, seguindo para São Vicente. Alí casou com uma dasfilhas de Isabel de Contreras, Elvira, mas em poucos meses a matou e ao clérigo Juan Carrillo, por haver-lhessurpreendido in-fraganti. Melgarejo fugiu, acompanhado de vários castellanos, entre eles, Juan Salazar deEspinosa, além do português Vicente Goetz (ou Francisco Gaete). Foram eles que trouxeram o primeiro gadovacum para o Paraguai, descendo o Tietê (Añemby) e continuando pelo Paraná até os saltos de Guayrá. Aídesembarcaram e seguiram por Mbaracayú até Asunción (ver LOZANO, Pedro. Historia de la Conquista..., op.cit., t. II, 1874, p. 381-387).

Apesar daintrodução precoce da criação de gado, só no século XVII, quando os guaranis dependiamfundamentalmente da carne de gado para sua subsistência, passado o impacto inicial negativo,foi possível ampliar o uso das carretas, pelas dificuldades de manter as estradas carreteiras.No final do século anterior, os espanhóis enfrentaram enormes dificuldades para transitar comcarretas entre Asunción e Buenos Aires. Para ir de Asunción até os saltos de Guayrá, a opçãomais rápida e viável era embarcar pelo rio Paraguai até o Jejuí, subir por ele até o porto deMbaracayú51 e depois seguir por terra. Eram dez jornadas de trânsito difícil, atravessando aserra, caminhando por brejos e atoleiros, passando por alguns arroios, crescidos na época daschuvas52.Cerca de três anos antes da descida de Luís de Céspedes y Xeria, governador doParaguai, pelo Tietê-Paraná, os jesuítas abriram o paso del Salto, uma picada de quinze adezesseis léguas53, segundo os jesuítas54, unindo a redução de Acaray aos saltos de Guayrá, controlando seu acesso nas duas pontas. Utilizado para doutrinar e, principalmente, para o transporte de erva.

53 - A legua de deciocho al grado, mais utilizada, correspondia à distância de 1/18 de grau de um meridianoterrestre, que equivalia a 5,5727 km ou 20.000 pés (Fonte: Bibliteca Virtual del Paraguay).

O governador, tomando conhecimento desse caminho, proibiu sua utilização com base em duas cédulas reais. Para isso mandou guardar o caminho na passagem [Página 30]

intercultural fundamental para o sucesso de portugueses e também de espanhóis na baciaplatina. Os europeus tiveram muitos filhos com índias e essa foi a língua materna dos seusfilhos. As missões religiosas também utilizaram a língua guarani como instrumento decatequização indígena. Muitas vezes os irmãos serviam de intérpretes para as doutrinas,peregrinações e confissões, tanto dos mestiços como das mulheres e filhos dos portugueses,principalmente nas confissões gerais, porque os padres chegavam ser saber a língua da terra.O predomínio da língua geral firmou-se com os mamelucos13, pois quase todos falavamapenas esta língua e não sabiam o português. A partir da segunda metade do século XVII, essalíngua, já bastante modificada pelo uso corrente, passou a ser efetivamente a língua geral. Atéque, por decreto de 1775, o marquês de Pombal proibiu seu uso no Brasil. Iniciou-se, a partirde então, o processo de imposição da língua portuguesa.4.1 BANDEIRAS, PORTUGUESES E MAMELUCOS PAULISTASDurante os reinados coincidentes de Carlos I de Espanha14 (1516-1556) e de D. JoãoIII (1521-1557) em Portugal, Martin Afonso de Souza partiu de Lisboa com 400 homens,portugueses, alemães, franceses, italianos. Nas vésperas da partida para o Brasil, o rei lheconcedeu a faculdade de passar sesmarias por alvará do dia 20 de novembro de 1530. Asnotícias de busca de ouro e embates com “os bárbaros Carijós, senhores do país existente aoSul do Rio da Cananéia”15, foram dos primeiros tempos da conquista portuguesa. Pero Lopesde Souza foi incumbido pelo irmão de comandar uma expedição ao rio da Prata. NavegandoParaná acima, chegou até as baixadas dos carandins16, região onde posteriormente foramfundadas Entre Ríos e Corrientes17. A pedido do “Capitão Mor e Governador em todas estasterras do Brasil”, o rei de Portugal criou, dois anos depois, as doze primeiras capitanias hereditárias, de Pernambuco para o sul18. Demorou mais dois anos para serem lavradas ascartas de doação das capitanias. No final do reinado desse monarca foi fundado São Paulo dePiratininga. Felipe de Habsburgo e Avis, filho do Imperador, regente desde 1543, tornou-serei Felipe II de Espanha em 1555. Com a união das Coroas, tornou-se também rei dePortugal19, como Felipe I. Em 1598, com seu falecimento, foi sucedido por Felipe III deEspanha ou Felipe II de Portugal, que reinou até 1621. Sucedeu-o Felipe III de Portugal quegovernou até a Restauração, em 1640; continuou, no entanto, como rei da Espanha até 1665.

O capitão-mor Jerônimo Leitão, loco-tenente do donatário Martin Afonso de Souza,propôs em 1585, a quem se sentisse ameaçado, fazer guerra campal aos carijós20. Ao findar oséculo XVI, não havia na vila de São Paulo senão 190 fogos permanentes, ou cerca de 1.500almas ao todo. Na capitania seria o dobro do número de habitantes, que se elevaria a vinte milpelo fim do século XVII. O “descimento do gentio” aos poucos foi se tornando o meio devida dos paulistas21. O ciclo do ouro, que inicialmente motivou a busca de escravos através debandeiras, contribuiu posteriormente para seu fim ao se abrir nova atividade rentável para osmamelucos paulistas, no momento em que a antiga deixava de ter respaldo político. FernãoPaes de Barros, em 1611, e Sebastião Preto, no ano seguinte, sofreram reveses nas investidascontra Ciudad Real. Sete anos depois, Manuel Preto22 repetiu suas bandeiras contra asreduções guairenhas e, durante cinco anos, arrebanhou grande número de cativos. Em 1920,Manuel Preto foi impedido de exercer o cargo de vereador porque estava processado comochefe das entradas ao sertão e pelas violências praticadas em tais funções. [Páginas 237 e 238]

ordem, os fugitivos “e na falta delles a Seu Pae ou parentes que Se acharem para delles daremConta”. A pedido de alguns povoadores, Morgado de Mateus autorizou que o capitão-mor ejuiz ordinário de Sorocaba permitisse, a aqueles que iam junto com suas famílias, quelevassem para Iguatemi “índios carijós administrados”158. Ele ordenou aos capitães-mores dasaldeias de S. Miguel e Pinheiros, próximas a São Paulo, que famílias índias, nominadas porele, fossem para a povoação do Ivaí para fabricar telhas e louças. Voltou depois ao assuntodos índios administrados com o capitão-mor de Sorocaba159:

Vejo o q’ vmc. me diz Sobre os carijós dispersos q’ mando Se entreguem aos novospovoadores do Ivay com quanto recuzão ir ajudar a estabellecer aquelle certão, e porq’ a estes homens q’ Se vão empregando na dilegencias do Real Serviço parabeneficio do Estado, e do publico, he precizo fornecerlhe os meios de o poderemfazer, e ajudalos em tudo o q’ couber no possível, não só lhes faça entregar os ditosCarijós, e adminstrados q’ tenham sido de suas casas, mas outros mais q’ se acharemdispersos sem arrumação ou servindo outras pessoas, se delles precizarem para suamelhor arrumação, pois he melhor q’ vão para huma Campanha q’ se está Povoandoajudar os Povoadores nas suas Culturas, onde melhor se poderão arrumar pelo tempoadiante, do q’ ficarem servindo a muitos q’ os possuem sem utilidade alguma, e q’so cuidão em embaraçar as deligencias q’ podem ser uteis ao Estado, assim o tenhavmc. entendido na certeza de q’ os ditos Carijós não vão ser captivos dos q’ oslevão, mas sim auxiliares do serviço q’ mando fazer naquelle Certão para q’ todosdevem concorrer sem a menor controvercia: e se alguém obrar o contrarioaconselhando-os, e occultado-os para q’ não vão mo participe vmc. para mandarproceder como for justo. Ds. Guarde a Vmc. São Paulo 13 de Fevereiro de 1769.

Por ordem de Juan Bazan, em fins desse ano, Joseph Gonzalez saiu de Curuguaty efoi até a povoação de Nossa Senhora dos Prazeres. Relatou que despues de haver visto, yobservado con mis Oficiales todo lo que por V. S. me es encargado, en quanto a la poblazon,tan nombrada, y engrandecida, es una triste rancheria de Palmas, sin reparo alguno siquierade buen pared, quanto mas de fortaleza, que con toda claridad, y verdad, no es mas quealojamto. para durante que coja el Maiz que ha sembrado; ele afirmou que havia muita roça,apesar dos portugueses reclamarem de miséria, y escasez de el mantenimiento, todosaburridos, mais preocupados em fugir que qualquer outra coisa160.Em janeiro de ano seguinte, Carlos Morphy reclamou outra vez da presença dosportugueses nas margens do rio Iguatemi. Entretanto, D. Luiz respondeu, em agosto, que [Página 274]

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