*“Havía corrido la voz: Circulação de rumores sobre a existência ...
Contudo, uma declaração de um português, residente em Assunção, iria trazer luz à situação e explicar o processo de criação e circulação dessas notícias acerca das minas de ouro.
Na data de 17 de abril de 1657, na cidade de Assunção, foi relatado que havia um português, Domingo Farto, que declarava conhecer minas de ouro exploradas pelos padres jesuítas. Diante dessa acusação, o padre do colégio de Córdoba solicitou que ele declarasse o que sabia.
No dia seguinte, afirmou que “es de nación portugués que siendo muchacho lo trajeron al Brasil donde se crio y se caso en San Pablo Provincias todas de el Reyno de Portugal”.
E, no año de quarenta y siete o el quarenta y ocho se encarvo en el Brasil vn navio de Antonio franco madera en el qual aporto al puerto de Buenos ayres que allí se deservaco y paso a la Provinçia de tucuman desterrado del dicho puerto de Buenos Ayres por don Jacinto de laris que Governaba y mando salir de allí a todos los portugueses con lo qual este declarante paso a cordova ciudad de la Provinçia de Tucumán (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 24r).
Afirmou que antes de sua viagem a Buenos Aires havia explorado o território próximo à capitania de São Vicente, na América portuguesa. Relatou que “a estado en las dichas provincias del uruguay y Parana y Reducciones de los Padres de la Compañía” (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 24r).
E que em suas andanças, “llegou asta un lugar que llamavan santa thereza de los Piñales y que aviendolo hallado desse volvió este delcarante con la demás gente otra ves a la dicha ciudad de San Pablo” (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 24v).
Essa paragem, na qual encontraria as minas de ouro, denominada Santa Thereza, “es de la Provinçia de Uruguay o Paraná y si es los que están a cargo de los Padres de la compañía dixo que el dicho lugar de santa teresa es tiera firme continuada con a de san Pablo y de Aquel distrito que todas se tiene por tierra de los portugueses y que allí son las cabessadas de la Provincia del Uruguay” (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 24v).
Foi-lhe questionado mais uma vez a respeito da existência das minas de ouro e do envolvimento dos jesuítas em sua exploração. A esse respeito, Domingo Farto relatou que “no a estado en las Reducciones de los dichos Padres con lo qual no puede saber nada lo que se pregunta mas que la de aver oydo esta voz común de que lo sacaba los dichos padres en la dicha provincia” (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 25v).
Assim, declarava que as minas de ouro estavam “en tierras de san Pablo siete leguas de la ciudad en yn cerro de minas llamado Ybiturun y en el puerto de Parnagua dose leguas de Canane para el sur que son los dos parages donde se labra y saca oro por todos los que quiseren ir sacando Porque son minas comunes a todos” (AGI, CHARCAS, 120, 17 de abril de 1657, fl. 26r).
Essa última declaração relaciona duas minas de ouro já conhecidas. A primeira, Ybiturun corresponde às minas de Voturuna, próximas à vila de Santana de Parnaíba na capitania de São Vicente. Já as minas próximas ao porto de Paranaguá e à vila de Cananéia correspondem às descobertas auríferas no planalto de Curitiba na década de 1640.
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros