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“AS IMAGENS DO SERTÃO NA LITERATURA NACIONAL: O PROJETO DA MODERNIZAÇÃO NA FORMAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA A PARTIR DOS ROMANCES REGIONALISTAS DA GERAÇÃO DE 1930”. ARTUR MONTEIRO LEITÃO JÚNIOR
201205/04/2024 02:57:15

Estes interesses exógenos também dão suporte para explicar porque os romances queretratam os primórdios de ocupação das minas gerais foram escritos por sociedades afetadaspelas disputas que lá aconteceram – e não, propriamente, pela sociedade desenvolvida noâmbito da região aurífera. Esse é o caso, por exemplo, da já citada obra A muralha, queaborda a Guerra dos Emboabas a partir da visão paulista, uma vez que sua autora, DinahSilveira de Queiroz, era nascida e criada em São Paulo; este conflito é também o motivo queembasa o romance O retrato do rei (1991), de Ana Miranda, só que do ponto de vista de umreinol residente na capital, a cidade do Rio de Janeiro; outro ainda é o ponto de vista doenredo de Josefa do Furquim (1991), de Vera Telles, já que o contexto histórico é apresentadopelas impressões de uma mineira, não só sobre este conflito, como também em relação àRevolta de Vila Rica, ocorrida em 1720.Enquanto em A muralha, os personagens mineiros que se encontram envolvidos naGuerra dos Emboabas representam o desrespeito aos direitos paulistas sobre a posse das terrase das lavras de ouro nas áreas mineradoras – pois este conflito, do ponto de vista paulista, évisto como um ato autoritário e usurpador, impetrado por reinóis, baianos e pernambucanos,dos direitos dos paulistas sobre os “achados” de ouro –, o romance O retrato do rei impõeoutro ponto de vista ao incorporar a visão do governador do Rio de Janeiro, representante daCoroa portuguesa, interessado em manter contínua a remessa de ouro para Portugal. Buscandomanter-se alheio ou não tomar partido dos acontecimentos nos distantes sertões das minasgerais, o protagonista, Dom Fernando de Lancaste, acabou perdendo o cargo quando asnotícias sobre a tragédia do Capão da Traição chegou a Lisboa. Quanto a Josefa do Furquim,o romance utiliza-se da trajetória da protagonista Josefa como pretexto para abordagem daformação histórica das minas gerais, desde a explosão demográfica, as intrigas e as disputasaté a presença forte da Igreja e suas cobranças. O principal evento histórico da trama é asedição de Vila Rica, que determinou a separação entre a Capitania de Minas Gerais e aCapitania de São Paulo, em 1721, sendo que a Guerra dos Emboabas (1707-1709) participa datrama numa visada que prioriza os interesses dos não-paulistas (reinóis, pernambucanos ebaianos que vivam na região aurífera).Outras duas obras regionais merecem destaque: O romance da prata (1935), de PauloSetúbal, e Gongo sôco: o romance do ciclo do ouro nas Gerais (1966), de AgripaVasconcelos, quarto volume da série Sagas do País das Gerais77. O primeiro constitui-se em um relato histórico por excelência, percorrendo as lendas em torno da existência de vultosasminas de prata nos sertões coloniais, desembocando na famosa lenda da serra de Sabarabuçu(da “montanha grande que resplende”); o segundo, por sua vez, não se trata especificamentedo ciclo do ouro, ocorrido no século XVIII, uma vez que o romance centra-se temporalmentena primeira metade do século XIX – e, portanto, posterior à decadência da mineração nacapitania –, quando a mina de Gongo sôco foi descoberta e explorada. A trama deste romanceexplora o modo de vida do Barão de Catas Altas, proprietário da mina de Gongo sôco, umadas mais profícuas de todos os tempos da Capitania de Minas Gerais; destarte, o luxo e aostentação proporcionados pelo domínio da atividade mineradora também entram em cena noenredo.Quanto aos Sertões dos Currais, estes podem ser segmentados basicamente em duasporções: os currais da Bahia e o Curral D’El Rei e entorno. A região dos currais da Bahianão teve, ao contrário da área mineradora, uma ocupação intensiva ou o surgimento de umarede de cidades articuladas em função da atividade econômica preponderante, uma vez que aprincipal característica regional foi o trânsito populacional, tanto pela comercialização quantopelo deslocamento de animais. Como o trânsito na região foi proibido, por algum tempo, pelaCoroa portuguesa, a fixação tornou-se ainda mais parca, contribuindo para a rarefação dapopulação e, como corolário, para o não-favorecimento ao surgimento de obras regionais, aomenos coetâneas ao processo dos seus primórdios, marcados intensamente pela mobilidade –tendo em vista que a produção literária pressupõe uma dada concentração populacional para ageração de tensões e conflitos, bem como para o consumo das obras. Sendo assim, as obrasque dão visibilidade às características desses currais foram lançadas quando tal região já nãomais existia em sua função primordial de transporte de mercadorias para as minas gerais.Os currais da Bahia eram percebidos, no final do século XVII e ao longo do séculoXVIII, como Sertão pela população da área mineradora, pois as áreas das chapadas próximasao rio São Francisco encontravam-se distantes e não possuíam vilas governadas porrepresentantes da Coroa portuguesa, reproduzindo a imagem simbólica de ser uma “área semlei”. Em meados do século XVIII, quando a função de abastecimento de gado para a regiãocentral da capitania mineira entrou em declínio, sobretudo a partir do surgimento dos camposde vacarias em Rio Grande de São Pedro (atual Estado do Rio Grande do Sul), a região [Páginas 179 e 180]
*“AS IMAGENS DO SERTÃO NA LITERATURA NACIONAL: O PROJETO DA MODERNIZAÇÃO NA FORMAÇÃO TERRITORIAL BRASILEIRA A PARTIR DOS ROMANCES REGIONALISTAS DA GERAÇÃO DE 1930”. ARTUR MONTEIRO LEITÃO JÚNIOR

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