Hoje na História: 1582 - Papa Gregório XIII introduz calendário gregoriano, por MAX ALTMAN /operamundi.uol.com.br
15 de outubro de 2020
08/04/2024 12:14:49
Sistema foi contestado por nações protestantes, como a Inglaterra, que só aceitou o novo calendário em 1752.
Em 15 de outubro de 1582, o papa Gregório XIII instaura um novo calendário nos Estados Pontifícios, Portugal e Espanha, substituindo o então vigente calendário juliano. O novo sistema de contar o tempo passaria a ser conhecido como calendário gregoriano e seria usado até hoje.
Quando os católicos europeus despertaram no dia seguinte, 4 de outubro, na verdade já estavam em 15 de outubro, segundo o novo calendário. Deram um salto adiante de 10 dias no tempo, mas a sequência milenar dos dias da semana foi mantida sem interrupções.
O calendário juliano não estava ajustado ao ano solar, superando-o em 11 minutos e 14 segundos. A distância entre o ano solar e o novo calendário seria reduzida a 25,9 segundos ao ano. Para corrigi-lo, o calendário gregoriano criou o ano bissexto, que a cada quatro anos soma um novo dia para compensar a diferença.
Muito antes do matemático jesuíta Cristóvão Clávio e de Gregório XIII, as distorções do calendário juliano já haviam sido notadas. No século XIII, o franciscano inglês Roger Bacon, da Universidade de Oxford, já havia registrado a diferença de sete para oito dias entre o ano civil e o ano solar. Escreveu ao papa sugerindo que o calendário fosse reformado, mas seu conselho deu em nada. Nos séculos seguintes, matemáticos e astrônomos se interessaram pelo problema, mas assim como Bacon, não foram ouvidos.
Finalmente, em 24 de fevereiro de 1582, o papa Gregório XIII publicou a bula Inter Gravissimas, detalhando a necessidade de reformar o calendário para aproximar o ano civil do ano solar.
A mudança para o calendário gregoriano foi lenta. O sistema foi contestado por nações protestantes, como a Inglaterra, que só aceitou o novo calendário em 1752, ano em que também foi introduzido pelas então colônias inglesas na América do Norte. Cada país, protestante ou não, escolheu um determinado ano, mês e dia para aceitar o calendário, que só se tornou internacional em pleno século XX.
Hoje na História: 1582 - Papa Gregório XIII introduz calendário gregoriano, por MAX ALTMAN /operamundi.uol.com.br
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
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“
Vi uma barcaça uma vez senhor Yeaman, cheia de homens negros acorrentados, descendo pelo rio Mississipi para os mercados de escravos de Nova Orleans. Me deu nojo. E mais do que isso, essa imagem permaneceu, inundou os meus olhos.