O redator d’ Veneno, certamente se encontrava entre aqueles moços elegantes e smarts dacidade e numa crônica muito divertida responde aos anseios do colunista do Cruzeiro:Há opiniões que valem por um decreto do céo. O modista do Cruzeiro, isto é,o crítico da moda proclamou há dias que Sorocaba não era ainda umacidade civilisada porque as moças não andavam de chapéu.(…) Debalde os pais que pagam as despesas objectaram e argumentaramcontra. Nada. Era preciso salvar a civilização de Sorocaba. E havia, pois, deentrar em uso o chapéu feminino.Então, uma das nossas casas comerciais telegrafou para S. Paulo: “Mandeum milhão de chapéus femininos”. E a casa de S. Paulo respondeu:“Seguem-se quatro bilhões de chapéus femininos”. E imediatamente correu76 Cruzeiro do Sul, 09/07/1912.66pela cidade o seguinte boletim:Ao Povo!“Convida-se ao povo de Sorocaba para reunir-se hoje, ás 7 da noite naPraça Cel. Prestes, afim de, precedido de uma banda de música e ao som daValsa do Jesuíno, ir até á gare da Sorocabana afim de aguardar a chegadados chapéus.”Á noite foi um sucesso; nunca se viu manifestação igual. O povo inteiromexeu-se. Girândolas, foguetes, batarias, flores, folhas e frutos, houve detudo.(…) O povo fremia, vibrava, tangia de entusiasmo.(…) Foi um sucesso,Foi um escarcéu!Viva o progresso!Viva o chapéu!E, no dia seguinte, Sorocaba renacia alta, majestosa, estupendamenteprogressista! Bondes eléctricos cruzavam pelas ruas, fazendo tinir aqueletem-tem característico; automoveis circulavam, atroando os ares com o seufon-fon; palacetes majestosos enchiam largas avenidas, emgrinaldadas defocos reluzentes; tínhamos escolas normais a dar com pau; academias,universidades, teatros, casinos, café-concertos, cascatinhas, Rua Libero, etc,etc. Sorocaba era a capital do mundo!Porque?Porque doze senhoritas foram á Igreja de chapéu!77
Comunicava o Rei D. Manoel a seus sogros, Fernando e Izabel de Espanha o sucesso da segunda viagem á índia, por seu almirante Pedro Alvares Cabral, dizendo no que se referia ao Brasil, o seguinte:
“...O dito meu capitão partiu com 13 naus, de Lisboa, a 9 de março do ano passado, e nas oitavas da Pascoa seguinte chegou a uma terra que novamente descobriu, á qual colocou nome de Santa Cruz, na qual encontrou gente nua como na primitiva inocência, mansa e pacifica; a qual terra parece que Nosso Senhor quis que se achasse, porque é muito conveniente e necessária para a navegação da índia, porque ali reparou seus navios e tomou água; e pela grande extensão do caminho que tinha de percorrer, não se deteve afim de se informar das cousas da dita terra, somente me enviou de lá um navio para me noticiar como a achou. Carta do rei dom Manuel, datada de Sintra, anunciando aos príncipes católicos o descobrimento da terra de Santa Cruz, por Pedro Álvares Cabral