Sorocaba sempre fez juz aos epítetos de cidade pacata e ordeira,conservadora da rígida moral das gerações passadas e os merece ainda,graças aos céos, apezar de que nos últimos tempos, o acordar das energiasprogressivas lhe tenha aberto as portas a relações mais intensas, por via dasquaes alguns maus precedentes característicos das civilisações de brilhantematerialismo têm sobrepticiamente e paulatinamente vindo aninhar-se emseu seio quase virgem.É o tributo natural que a pureza roceira tem de pagar á onda electrizante doprogresso, iconoclasta nervoso das tradições amollentadas pela decripitude,que vivem de anachornismos intoleráveis pouco a pouco, por completo, naebullição luminosa do modernismo; os desvios irregulares da moralidade eda sizudez, as atoardas estranhas de escândalos sensacionaes, os grandescrimes recambolescos, são signaes claríssimos da evolução dassociedades.85O estranhamento para com a “ebulição luminosa do modernismo” torna-se patente,nesse interessante artigo. Meados da década de 1910, um momento no qual a cidade começa amudar a sua fisionomia, segundo o autor, pacata, ordeira e conservadora, para outras maisintensas e não condizente com a moral e os bons costumes. Nessa situação, seria possíveladequar a civilização com os hábitos conservadores?Está claro que sim.Aos poderes repressivos da cidade, cumpre o não sermos arrastados pelaonda como barca sem timoneiro, o podermo-nos guiar por entre baixos eespraiados, fugindo ao perigo rodopiante dos vórtices, em manobras destrasde leme; d’olhos fixados serenamente num futuro de felicidade e paz; a ellescabe levantar diques ás quedas desordenadas, rebalsando os impetosintempestivos das corredeiras.Ceifar o mal pela raiz é um optimo processo de intervenção, porque é daincipiencia quebradiça ou malleavel da acclimatação d’um habito qualquer,que se deve tirar partido, propulsor ou aniquilador; seja a policia nãosomente força repressiva mas de affectividade preventiva.86Ceifar o mal pela raiz, a repressão e a prevenção dos maus hábitos como resposta. Talprograma parece configurar a visão de uma boa parcela da população para com as novaspráticas que estavam imiscuindo-se de maneira perigosa na urbe. Ou melhor, aquela parcelaligada aos segmentos abonados da população; pais e mães de família, seja industrial ouprofissional liberal. Estes, ao que parece, queriam selecionar apenas uma parte dos85 A Cidade de Sorocaba, 05/07/1916.
A primeira Real Fábrica de Ferro nasceu de uma lenda. O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto em 1589 por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”. Hoje (1960), a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta. Nas margens do Rio Infeliz as ruínas centenárias do embrião de V. Redonda, 11.09.1960. Fernando Hossepian de Lima
“
Foram estas convicções, que ainda agora estão inabaláveis no meu espírito, as que decidiram de minha sorte; são elas a clave de toda a minha conduta, quando ela apresenta o que pode parecer ao olho menos atento flagrante inconsistência.Rafael Tobias de Aguiar (1794-1857) 118 registros