EDELBERTO AUGUSTO GOMES LIMA. PERSONAGENS HISTÓRICOS DE SABARÁ
janeiro de 2023. Há 1 anos
O SABARENSE JÚLIO RIBEIRO.JÚLIO RIBEIRO (Júlio Cezar Ribeiro Vaughan) nasceu emSabará, filho do artista circense norte-americano GeorgeWashington Vaughan com a professora Maria Francisca RibeiroVaughan.INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA EM SABARÁ ATÉ OS 15 ANOS.O seu pai, artista de circo, era natural do Estado de Virginia,nos Estados Unidos, tendo vindo ao Brasil com o seu circo.Ele teria chegado oficialmente ao Brasil no ano de 1841 edepois de percorrer diversos municípios apresentandoespetáculos circenses, foi aportar-se em Sabará, então prósperomunicípio da Província de Minas Gerais.Em Sabará ficou conhecendo e apaixonou-se pelaprofessora Maria Francisca da Anunciação Ribeiro (nome desolteira).Da união, oficializada em 1844, nasceu em 16 de abril de1845, Júlio Cezar que ao receber o nome de família da mãe e dopai, passou a chamar-se Júlio Cezar Ribeiro Vaughan.Foi batizado na igreja matriz de Sabará em 22 de maio de1845, tendo como padrinhos Antônio Avellino da Silva e MarianaAntonia da Silva. [Página 20]
Nessa fase, os seus ideais republicanos se destacaram nacidade e região, como ele mesmo testemunhou quando disse:“Militei com os liberais históricos em Lorena, mas jápregava ideias republicanas. Em 1867, um ano antes da ascensãodo ministério Itaboray, e quase três anos antes do manifesto daCorte, declarei-me republicano em um artigo que, sobre opresidente Juarez (do México), escrevi no ‘Parayba’, deGuaratinguetá. Meu venerando amigo exmo. Barão de Tremendé,disse-me... ter sido eu o primeiro republicano brasileiro que eleconhecera.” (Ortografia atual).
Segundo ele, quando esteve em Sorocaba manteve ‘uma folha republicana’, em cujas colunas, desde o dia 25 de janeiro de 1872, não se admitiam anúncios sobre escravos fugidos.
Ao mudar-se para Taubaté, a fim de continuar a ministraraulas particulares, fixou residência com a sua mãe na fazenda decafé chamada de Caieira.Foi aí, a partir de 1870, que reforçou os seus laços com ospresbiterianos e ocorreu a sua conversão. Em Taubaté, além deexercer o magistério, colaborou com os jornais de cidadesvizinhas.No início da década de 70 do século 19, a convite dosmissionários presbiterianos, que resolveram investir nele, JúlioRibeiro deixou Taubaté e foi lecionar na recém-criada EscolaAmericana, embrião da atual Universidade PresbiterianaMackenzie.O seu período protestante durou quinze anos, até 1885.Nessa fase, como missionário, viajou por diversos municípiospaulistas pregando a sua nova fé.Oito meses após o seu ingresso no presbiterianismo, JúlioRibeiro escreve à sua mãe, irradiando felicidade, dizendo terencontrado a sua futura esposa, a Sophia. [Página 25]
No dia 04 de fevereiro de 1871, já domiciliado em Sorocaba,contrai matrimônio com Sophia Aurelina de Souza, então umaadolescente de 14 anos e ele com 26.Na certidão de casamento consta a sua profissão comosendo Mestre de Línguas. Foi o primeiro casamento não católicoda cidade.O seu sogro, José Antônio de Souza Bertholdo, eracomerciante e maçom, além da família do mesmo ter sido aprimeira a se filiar à igreja Presbiteriana de Sorocaba.Após o casamento, o casal foi morar na Rua Nova daConstituição, nº 23, em Sorocaba.Paralelamente à sua vida como missionário, Júlio Ribeiro,recebeu um convite para administrar um jornal em Sorocaba,fazendo com que, aos poucos, fosse perdendo fôlego a suaatividade missionária, tendo o jornalismo passado a ocupar umespaço mais relevante.No mesmo ano de seu casamento, por influência de seusogro, filiou-se à Loja Maçônica Perseverança III de Sorocaba.A família de seu sogro, constituída em sua maioria porpresbiterianos e maçons liberais, abriu a possibilidade para suaascensão social como homem de imprensa.Ele logo se tornou um dos redatores do jornal ‘OSorocabano’, fundado em 13 de fevereiro de 1870, de grandeinfluência na região na década de 70 (século 19) e ligado à lojaMaçônica. Em 01 de setembro de 1872, o jornal passou a sechamar ‘O Sorocaba’ e continuou sob a responsabilidade de JúlioRibeiro e com a mesma perspectiva ideológica.“A imprensa sorocabana foi utilizada pelos republicanoscomo instrumento de propagação de interesses, valores,princípios, visão do mundo, ideais políticos da elite dominanteem Sorocaba. [Página 26]
Esta elite era composta de comerciantes, industriais,políticos, intelectuais, jornalistas, quase todos pertencentes àMaçonaria sorocabana...”Júlio Ribeiro defendeu os direitos dos protestantes e dequem não professasse a fé católica em enterrar os seus mortosno cemitério municipal somente acessível aos católicos.Levada a postulação à Câmara Municipal de Sorocaba, amesma foi acolhida, tendo a sua iniciativa ganhado a simpatianão só de quem não era católico na região, mas principalmentedos maçons sorocabanos.Todavia, nem tudo foram vitórias em sua passagem porSorocaba, as desavenças políticas e desilusão com a políticalocal, aliada a dificuldades financeiras, fizeram que ele, sua mãee a esposa Sophia se despedissem, em 1º de fevereiro de 1873, etransferissem residência para São Paulo, capital da província.Em São Paulo, após tentar a sorte como fabricante deremédios caseiros, retornou a Sorocaba no final do ano de 1873,para iniciar o segundo momento de sua atividade jornalística,agora na direção da ‘Gazeta Commercial’, entre os anos de 1874e 1875, período de duração do referido jornal.Os temas de seus artigos no jornal foram ecléticos comodesmatamento, falta de escolas, vacinação, defesa daagricultura, pleito para instalação de uma ferrovia na cidade, etc.A reivindicação da linha férrea fez que tomasse a antipatiade certos setores da opinião pública, inclusive do jornal ‘OYpanema’.Essa antipatia fez com que seus detratores, baseando-senas crenças religiosas de Júlio Ribeiro e a sua inconstânciaprofissional, elaborassem a seguinte sátira:Fui católico romano,Hoje Presbiteriano, [Página 27]
