' Crônica do Rei D. Henrique - 01/01/1840 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Crônica do Rei D. Henrique
1840. Há 185 anos
timento que tendes de vossos dividos. Deos vos paguea consolação que me dais em vos ver esses animos tãonobres e leaes para me ajudardes com a carga , que emtal idade , e tão fraca me quereis lançar a estas costas ,ao que eu por meus peccados não posso fugir emtempo ;que sé eu tivera muitas forças a devia engeitar , por ra-zão da dignidade Pontifical , e por a quietação que sem-pre desejei , quanto mais que ainda que eu estivera emidade grangeadora destes estados , de pouco gosto forãopara mim , vendo-me no throno de meu sobrinho , deque não sei a certeza de sua morte , e assim não me res-tava já mais que de cuidar na minha , de que me vejotão visinho. Com estas palavras houve entre todos hummortal silencio , acompanhado de lagrimas. Com isto ,publicado o assento , que se tinha tomado por os Juris-tas , conforme a elle se fez acto publico , em que o Car-deal foi levantado Rei, Governador, Curador, e Succes-sor dos Reinos de Portugal , o que se fez a vinte e dois de Agosto de mil quinhentos e setenta e outo.CAPITULO XVII.Como se fizerão as ceremonias funeraes d´El-ReiD. Sebastião , quebrando os escudos.

O Cardeal enquanto não tinha certeza da morte d´El-Rei D. Sebastião, não tratou de fazer mudança alguma no Reino, athe que veio D. Francisco de Souza, que trouxe a carta de Belchior de Amaral, da certeza da morte d´El- Rei D. Sebastião, que a affirmava como testemunha de vista, que o sepultára. Com esta nova desenganando- se o Cardeal e os fidalgos, ordenarão logoem Lisboa fazer, as ceremonias funeraes , que se costumão nas mortes dos Reis , para o que ajuntando-se osVereadores, Procuradores, Mesteres , e os mais Officiaes da Camara, com os Cidadãos , aos vinte e sete de Agosto, uma quarta feira pela manhã, na casa aonde se faz a Camara , sahirão della por esta maneira seguinte .Vinha André Pires Rebello, Alferes da Cidade , emhum formoso cavallo murzello , todo cuberto com humagualdrapa , e cabeçadas de dó , e elle vestido em humcapuz, com hum escudo negro nas mãos alevantado, ar-rimado na cabeça , para ser visto de todos , o qual cer-cado dos Vereadores , Procuradores , Misteres , e Cida-dãos , todos com varas negras nas mãos , e capuzes ves-tidos , e os capelos nas cabeças , a quem seguia grandemultidão de povo de pé e de cavallo , com alto prantode vozes e lagrimas , com que divulgavão o sentimentoda morte d´El- Rei mancebo. Com esta tristeza punhãotodos os olhos em tão larga idade , como o Cardeal játinha, em que se escorava todo o peso de Portugal, con-siderando não serem seus dias de muita dura . Assim quecom esta ordem , e funeral pompa vierão aos degrãos dotaboleiro da Sé ; posto o Licenciado Lourenço Marquesem cima delles , dando signal de silencio , com o escudoalçado , começou em altas vozes dizendo : Chorai , Se-nhores , chorai , Cidadãos , chorai , Povo, a morte dovosso Rei D. Sebastião. Acabadas estas palavras que-brou o escudo nos degráos do taboleiro da Sé , onde en-tão se levantou hum grande pranto de todo o generogente, e por todas as ruas por onde hia aquelle tão tris-te espectaculo , dinumerador de grandes magoas , e ma-les caminhando na forma que athe aqui vierão , comoutro escudo , que levava o Doutor Duarte Lamprea, Juiz do Crime , forão athe ao meio da Rua Nova, aon-de o quebrou por a mesma maneira acima dita , aondelogo alevantou outro o Licenciado Gaspar Rebello, Juizdo Crime, que levou athe ao Rocio , nas escadas do Hos-pital , aonde o quebrou com as mesmas palavras e ceri-monias dos outros , donde voltando para a Rua dos Ar-cos vierão aonde se disse uma missa cantada pela almad´El-Rei D. Sebastião.CAPITULO XVIII.Como o Cardeal D. Henrique foi levantado porRei de Portugal.Acabadas as exequias funeraes da morte de ElReiD. Sebastião , logo se deu ordem para o dia seguinte oCardeal ser alevantado por Rei de Portugal como succes-sor , que era do Reino ; mas porque elle se tinha sa-grado na Igreja do Hospital de todos os Santos , para aprimeira Prelazia , que teve do Arcebispado de Braga ,em essa mesma quiz receber a maior dignidade de suavida com o sceptro real ; armada pois a igreja , e capel-la com huma riquissima tapeçaria de raz tecida de ouro,se fez hum theatro grande junto do cruzeiro á mão di-reita a que se subia por quatro degráos , todo alcatifadocom um docel de brocado no meio , aonde estava encos-tada huma cadeira com duas almofadas aos pés do mes-mo, defronte da qual estava no cabo do theatro humameza pequena com hum missal aberto e huma cruz deouro em cima , os altares estavão com frontaes , e do [p.19, 21]

de armas dizendo: ouvi, ouvi, ouvi, e logo D. João Tel-lo , que tinha a bandeira já despregada disse : Real ,Real , Real pelo Serenissimo Senhor D. Henrique Reide Portugal : a quem o povo respondeo o mesmo e tocá-rão as trombetas , e atabales , e charamelas ; fazendopauza se tornárão a repetir as mesmas palavras e instru-mentos e se começou ao redor da igreja a procissão comTe Deum Laudamus : o qual acabado , EIRei D. Hen-rique assentado, lhe beijárão muitas pessoas a mão : dalifazendo volta para caza com o sceptro na mão, acompa-nhado de muita gente de cavallo, hindo adiante a ban-deira , o Rei de armas com os instrumentos acclaman-do, Real, Real, Real por o Serenissimo Senhor D. Hen-rique Rei de Portugal , a quem todo o povo respondia omesmo, chegando ao Paço , cujas paredes estavão nuassem algum ornamento , se recolheo ElRei , agazalhandoos Senhores e Prelados com cortezias , e mostras de risofingido , por o nojo , que lhe tinha occupado o coração,para nunca ter alegria , e logo se recolheo a comer en-cerrado : o qual logo deu os officios da casa real que es-tavão vagos aos fidalgos que antes os servião : a Henri-que Henriques , que por ser muito mancebo tirou o offi-cio de camareiro mór para o dar a Francisco da Costa ,fez estribeiro mór ; a D. Francisco de Souza , capitão daguarda ; a Damião Borges , vedor , por o ser antes ,sendo elle Cardeal ; a estes , e a todos os mais fidalgos ,e criados fez muitas honras e mercês.´ [p.25]

Ao Capitulo XVI.Entre os doutores nomeados para decidir no pontoda successão ao throno a favor do Cardeal Infante acha-mos o desembargador do paço , Pero Barboza , alem doscitados. As casas do duque de Bragança que D. Henri-que foi occupar , não querendo residir nos reaes paçosda Ribeira , era o palacio da Serenissima Casa de Bra-gança , sito onde ora chamamos o Thesouro velho , deque subsistem vestigios , e que padeceu extrema ruinacom o fatal terremoto do seculo passado.No fim do capitulo , onde se marca a data de 22d´Agosto de 1578 ha differença de dois dias , devendo ler- se 24 do mesmo mez e anno.Ao Capitulo XVII.Foi o Corregedor da Corte , Belchior do Amaral ,quem escreveu de officio para o reino , fazendo certa amorte d´El- Rei D. Sebastião , e informando como elleproprio o enterrára em Alcacerquibir nas casas de AbraenSufiano , alcaide daquella terra ; e as cartas com estaparticipação trouxe- as de Tanger D. Francisco de Sou-sa , a quem seu thio , o general D. Diogo de Souza allitinha deixado com hum galeão e duas caravelas .

Narra-se aqui a ceremonia funebre da quebra dosescudos , acto que alguns dos antigos chronistas , tratan-do do fallecimento dos reis , referem circunstanciadamen-te : na chronica de D. João 2.º de Garcia de Resendese podem ler as ceremonias e demonstrações de senti-mento por occasião da morte do primogenito e unico fi-lho legitimo daquelle monarcha. Aonde se diz in \\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\resumos\fine\fine.txtvoltando para a rua dos Arcos vierão &c . » deve enten-tender-se " á Sé " , onde assistio ás exequias aquelle fu-nebre acompanhamento, O estilo era levarem os escudospretos dois juizes do crime e hum do civel : nas chronicas , presente e a de Fr. Bernardo , encontramos diver-gencia e confusão na qualificação das pessoas em ambasnomeadas com estes cargos , assim como Gaspar Cam-pêlo é appellidado na presente Gaspar Rebello.Ao Capitulo XVIII, XIX, e XX.



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