Revista da Sociedade de Geografia do Rio de Janeiro - Tomo XL
1935. Há 90 anos
Pero de Góis, hostilizado pelo indígena, esgotando os recursos próprios e alheios, não pôde tirar das suas terras ubérrimas, próprias para a cultura da cana e dos cereais, bem como para a formação de magnificas pastagens, o proveito com que sonhara. Não menos infeliz foi seu sucessor na donataria, Gil de Góis, que a restituiu à coroa em 1619, por não poder explorá-la e não residir no Brasil. Surgiram, depois, por volta de 1627, os sete capitães que exploraram a terra em uma viagem de reconhecimento, obtendo de Martim de Sá, que governava o Rio de Janeiro, a concessão de sesmarias na região banhada pelo Macaé e pelo Paraíba. Para delas, por circunstâncias que nos levariam muito longe detalhar, foram ter às mãos do general Salvador Correia de Sá e Benevides. Dois filhos seus, o 1° Visconde d´Aneca, Martim Correia de Sá, e o general João Correia de Sá, obtiveram da coroa, pela carta régia de 15 de novembro de 1674, a doação da capitania, como pertencera antes a Gil de Góis, doação que os obrigava a fundarem cada um uma vila, uma igreja, casa para câmara e casas para trinta casais dentro das respectivas porcões, isto é, vinte léguas do primeiro e dez do segundo.
Foi nessa época que começou o domínio dos Assecas, que se estendeu por espaço de cerca de 80 anos, com pleitos e lutas travadas entre eles ou seus procuradores e os povoadores da capitania, e com o pior da Colegiada de Chaves, Duarte Teixeira Chaves, a quem Diogo Correia de Sá, um dos Assecas, transferira irregularmente seus direitos. Postos estes em dúvida, a coroa os confirmou em 1725 e 1727 no 3° visconde d´Asseca. Ocorrendo o falecimento deste em 1746, a câmara da vila - instalada irregularmente em 1 de janeiro de 1653 e regularmente em 29 de maio de 1677 - protestou contra o domínio dos Assecas e assenhorou-se da capitania para a coroa. [p. 7]