O Capitão de Ordenanças da Villa de Sorocaba, Antônio de Almeida Leite Penteado, tendo 33 anos de serviço, requereu a sua reformo com posto de acesso, conforme a Lei, e sendo o seu requerimento remetido ao Capitão- Mor da Villa para informar, este por inimizade, que tinha com o dito Capitão, e aproveitando- se da ocasião para dar expansão ao seu gênio vingativo, imputou- lhe quantos crimes, e ações indecorosas lhe vierão a ideia. A vista do que foi reformado no mesmo posto.
Estranhando isto, o Capitão Penteado, procurou saber qual tinha sido o motivo de não ser atendida a sua súplica, sendo aliás tão justa e conforme a Lei. Ficou então inteirado da péssima informação, que contra ele dera o Capitão- Mor, e disto queixou- se ao Governo, fazendo ver, não é só a perversidade e má fé do dito Capitão- Mór, como a falsidade do que tinha informado.
Em consequência, mando o Governo que o Capitão- Mór provasse quanto tinha avançado: achando- se porém ele na impossibilidade de provas coisa alguma com legalidade, visto que a sua informação era só fundada em calúnias, e movida pelo seu gênio orgulhoso, procurou entre os seus satélites aqueles, em quem reconhecia maior venalidade e servilismo, e com estes procedeu a uma capciosa justificação contra Penteado, sem que procedesse a indispensável citação do mesmo Capitão para ver jurar testemunhas.
Fez mais: exigiu atestações dos seus subordinados, compadres, e amigos, os quais com temos de incorrerem na sua indignação, e ficarem então sujeitos a opressão e arbitrariedade, com que até hoje exercia as funções do seu posto, não hesitaram em dizer em seu abono, e contra Penteado, tudo que o Capitão- Mor lhes ditou.
Com estes apócrifos e documentos ilegais, o Capito- Mor persuadido que ía dar cumprimento à ordem do Governo, que se esforçou em amontoar calunias sobre calunias, sugeridas pelo rancor e vingança. Ficou o Capitão de tudo inteirado, e para justificar- se, não só para o Governo da Província, mas também perante o de S. M. I. pediu por certidão da Secretária a resposta do Capitão- Mor a fim de contestá- la, fazendo patente a sua inocência, o caráter do Capitão- Mor, aos crimes e malversões.
Com 28 documentos autênticos provou o Capitão Penteado a sua inicência, os seus serviços prestados à Nação, com especialidade na Província de Mato Grosso, aonde em 1796, sendo já oficial, se ofereceu voluntariamente, e militou por 2 anos, com praça de Soldado, em defesa da mesma Província, que tinha sido invadida pelos Espanhõis americanos: provou a perversidade do Capitão- Mór, em pretender denegrir a sua conduta, iludindo impunemente ao Governo: provou que o Capitão- Mo3 é seu inimigo Capital, que tem procurado todos os meios de o perseguir, fazendo- lhe o dano, que está ao seu alcance, chegando a tal excesso o seu râncor, que ido aquela Villa o Tenete Coronel João Pereira Simões com ordem do Marques de Alegrete então Capitão General desta Província) para recrutar, e preencher uma companhia de Cavalaria de 2o. linha, estacionada na dita VIlla, tempo em que já Penteado era Capitão com patente confirmada, e comandava umas das companhias das Ordenanças, o Capitão- Mo3 arbitrariamente o demitiu do comando da sua companhia, e o deu em qualdiade de paisano para assentar praça de soldade, cujo proceddimento obrigou ao Capitão à queixar- se dele ao Marquez, o qual reprendendo asperamente ao Capitão- Mor, ordenou- lhe, que reintegrasse Penteado no comando da companhia, antes que se visse obrigado a lanças mão dos meios mais eficazes para conter na órbita soa seus deveres: provou que o Capitão- Mor, obrando em contradição com o Decreto de 9 de Outubro de 1812, tem proposto para Oficiais e Ordenanças pessoas que não estavão nas cinscurstâncias exigidas pelo Decreto, o que fazia opor serem seus sobrinhos, filhos e seus amigos. Tanto assim, que em uma promoção que dez, não só os Vereadores, como o Procurador da Câmara de propuserão a só mesmos, no conveio de bom grado o Capitão- Mor, só a fim de receber também a nomeação dos seus sobrinhos ainda que tinham 25 anos de idade: provou que quase todas as companhia de Ordenanças de Sorocaba tem 2 alferes porque o Capitão- Mor propõe e uns pretestando vacatúra, ao mesmo tempo que a companhia existe preenchida, e que aquele em cujo logar vai e proóe, achava- se em efetivo exercício. provou que o Capitão- MOr propos a Alferes de uma das companhias do seu comando à Cateano THomás de Aquino sobe quem naus se pronunciou no patronato) tendo menos de 24 anos d eidade, afirmando com a maior imprudência que tinha mais d e40 anos; e sendo exigida a presença do proposto pelo Ex General João Carlos, e vendo o Capitão- Mor que se descobria a sua tramoia, mandou galante farça) em logar do Alferes proposto a um parto nome de José Pompeo, e idade competente, o qual comando o Nome de Caetano Thomás, apresentou- se ao General, e com esta metamorfose conseguiu o dito Cateano a parente de Alferes: provou a parialidade e injustiça, com que o Capitão- Mor faz os recrutamentos, ocultando ele mesmo em sua própria casa, a nas suas fazendas aqueles, que estão nas circunstâncias de servirem na 1a. linha, tirando disso o duplicado proveitos de servir- lhes sem lhes pagar nada pois ainda lhe ficão obrigados) e de poder alistar aqueles, que não estando na ordem, se constituem todavia o alvo de sua vingança, dando por este modo latitude ao seu gênio odioso: provou finalmente que o Capitão- Mor utiliza- se do seu posto e autoridade, como meios de vida, perseguindo e espezinhando a pobreza, para que lge sirvão gratutitamente. Esta contestação e documentos foram remetidos por via do Governo da Província a S. M. I. com novo requetimento do Capitão Penteado, pedindo a reforma com posto de acesso, e ao mesmo tempo a punição dos crimes cometidos pelo Capitão- Mor, cujo bom deferimento é de esperar, e talvez dem motivo à queda deste Déspota.
O ouro apareceu pela primeira vez no Brasil em Caatiba (atualmente Bacaetava) ou Jaraguá, conforme carta de Brás Cubas data de abril de 1562.