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45 anos de emancipação de Iperó e um ano de ALI. Blog da Academia de Letras de Iperó
16 de março de 201008/04/2024 13:41:12

A Academia de Letras de Iperó completa um ano de fundação e, para marcar esse primeiro ano de história, criamos este blog. Servirá como um espaço de debates entre os membros da academia e as pessoas que valorizam a cultura. A data é especial, pois também comemoramos os 45 anos de emancipação político-administrativa de Iperó. E como forma de homenagem à cidade, reproduzimos a seguir um pequeno histórico, de autoria de Hugo Augusto Rodrigues (membro da ALI, cadeira nº 11 - patrono Mário Quintana).

Iperó: 45 anos de emancipação político-administrativa - 448 anos de história (1562-2010)

O município de Iperó, a 25 quilômetros de Sorocaba, com 45 anos de emancipação, possui aproximadamente 30 mil habitantes. Sua economia é baseada na indústria, comércio o agricultura. Iperó é o nome de um dos rios que limitam o território do município e significa, segundo a versão oficial, “águas profundas e revoltas”. Há outras versões: uma diz que a palavra significaria “rio piscoso” e a outra, seria a aglutinação das palavras “Ipê + Peroba”, árvores encontradas no município e nas regiões sudoeste e centro-sul do Estado de São Paulo, onde o município está localizado. Além dessas, há a versão apresentada pelo geólogo e arqueólogo Luiz Caldas Tibiriçá, um dos maiores especialistas brasileiros em línguas indígenas, que apresenta o significado de Iperó como "casca amarga" (também em alusão à Peroba). Essa última versão, devido à importância da pesquisa de Tibiriçá, poderia ser levada em consideração com mais segurança, caso houvesse uma revisão do significado oficial (para a cidade) da palavra "Iperó".

Sobre as origens, há relatos de explorações em busca de ouro e metais preciosos na região do atual município de Iperó ainda no século 16, poucos anos após o descobrimento do Brasil. O governador-geral, Mem de Sá, enviou Brás Cubas (provedor da capitania de São Vicente) e Luís Martins (minerador indicado pela Coroa Portuguesa) ao interior, a fim de procurarem veios auríferos e examinarem o metal apurado. Realizaram-se duas entradas. Uma, em 1560, dirigida por Brás Cubas, com roteiro desconhecido. Outra, no nício de 1562, chefiada por Luís Martins, à região do Jaraguá e à “Caatiba” (atual Bacaetava). Ouro e pedras verdes foram encontrados, mas de reduzido interesse econômico.

A região de Iperó também fazia parte de uma das rotas utilizadas pelos bandeirantes. Havia dois caminhos: o do Tietê e o do Paranapanema. O do Tietê, começando em Araritaguaba, descia o Anhembi, o Paraná e subia o Pardo (quando se dirigia a Vacaria). Ou então, seguia-se até o salto do Guairá para subir o Paranapanema (antes da destruição do Guairá). Os bandeirantes sorocabanos preferiram, muitas vezes, atingir o Tietê pelo rio Sorocaba, que só tinha uma cachoeira e era margeado por algumas matas onde havia madeiras para a construção de canoas. Consequentemente, esses bandeirantes passavam por regiões que atualmente representam os limites de território entre Iperó e os municípios vizinhos de Porto Feliz, Boituva e Tatuí.

Depois das tentativas de povoação em Ipanema (1599) e no Itavuvu (1611), um núcleo de bandeirantes de Parnaíba e São Paulo chegou à “paragem do Sorocaba”, por volta de 1646. Entre esses povoadores estava Brás Esteves Leme, que construiu sua casa em um local a sete léguas para o ocidente, na foz do Sarapuí com o Sorocaba (região onde hoje é o bairro Bela Vista). Leme é considerado um patriarca em Sorocaba, como João Ramalho em São Paulo. Braz Esteves Leme também é conhecido como Braz Teves. A exemplo do pai, teve catorze filhos com índias carijós de sua casa. Outros seis filhos foram frutos do legítimo matrimônio com Antonia Dias. O pai morrera em 1636, no Jaraguá, de onde extraiu muito ouro. Entende-se que o motivo de sua mudanca para o sudoeste do morro de Ipanema seria a sede por ouro e minas, além da pecuária e a lavoura que seriam desenvolvidas com a fixação naquela região. Braz Teves é um dos primeiros povoadores de Sorocaba, sogro de Pascoal Moreira Cabral (o primeiro) e avô de Pascoal Moreira Cabral (o segundo), fundador de Cuiabá.

Braz Teves construiu uma capela no seu sítio, com o título de Nossa Senhora da Conceição. E ergueu a capela sem autorização da Igreja. Pela distância do povoado em relação a Sorocaba e a solidão do lugar, a capela fazia-se necessária, não apenas para facilitar aos mamelucos e carijós a recepção dos sacramentos, mas também para não deixar o local sem a presença de civilização cristã. Após a morte de Braz Teves, os moradores se espalharam e o sítio, juntamente com a capela, ficaram desertos e foram arruinados com o tempo. Nessa época, o capitão-mor Martim Garcia Lumbria, por espontânea vontade, transferiu a pequena capela para a matriz de Sorocaba, isto é, a imagem e os carijós do testamento de Braz Teves. Em Sorocaba foram abertas duas paredes laterais e construído um arco, sob o qual se colocou num nicho a imagem. Ao pé desse altar fizeram-se os sepultamentos, por exemplo, de Tomé e Isabel de Godói Moreira, filhos de Pascoal Moreira Cabral (segundo) e bisnetos de Braz Teves.

Alguns dados afirmam que Pascoal Moreira Cabral (o fundador de Cuiabá e neto de Braz Esteves Leme) teria nascido nesse sítio e acompanhado de perto, ainda em sua juventude, o movimento de bandeirantes pelo rio Sorocaba. O cônego Luis Castanho de Almeida (Aluísio de Almeida) descreve essa fase da vida de Pascoal Moreira Cabral:

“Esse rio grosso de águas e tranquilo no seu deslizar para o poente, que ele via todas as horas frente ao terreiro da fazenda de Braz Teves, era o mesmo que murmurava um convite sob a ponte na vila sorocabana e duas léguas atrás furava em ribombar solene o granito de Itupararanga. Quantas vezes não Ihe passaram sob os olhos canoas vindas da embocadura no Tietê? Imaginar-se pode a alegria com que um dia alcançou em canoa esse grande rio que podia ter conhecido em Itu ou Parnaíba. O infinito ondulado dos campos a seguir sempre para o sudoeste, e onde já passavam as primeiras boiadas, abertos e convidativos, era uma atração para os sonhos do adolescente”.

É possível ainda encontrar autores afirmando que Pascoal Moreira Cabral chegou a morar numa região próxima ao local em que se encontra a atual estação ferroviária entre 1733 e 1745, também de fácil acesso ao rio Sorocaba.

Por volta de 1760, foi construída outra capela de Nossa Senhora da Conceição, além-Ipanema, próximo a Bacaetava, que também ruiu. E ainda nas ruínas da primeira capela de Braz Teves, se edificou outra, antes de 1750, segundo o monsenhor Vicente Hypnarowski. Segundo ele, ainda em meados do século 19, eram vistas, da estrada para Tatuí, que ali atravessava o rio Sorocaba, as ruínas desta segunda capela, que se chamou de Santa Cruz. Quando Campo Largo era apenas um pouso de tropeiros, em 1820, a cruz foi levada para uma nova capela. Essa cruz era bastante notável pelas pinturas de emblemas nos braços.

Mas o fato é que depois dessa época, os dados concretos existentes se referem ao povoamento das regiões da Fazenda Ipanema e Bacaetava, não existindo abordagem específica sobre a região do atual perímetro urbano de Iperó. O nome Iperó, esse sim, aparece desde o século 18. É o próprio Aluísio de Almeida, se referindo à origem da família Antunes Maciel (presente na história de Sorocaba), quem afirma que nos anos 1700, “a maioria desses Antunes moravam no Iperó e no Ipanema, então bairros de Sorocaba, hoje de Campo Largo. Revendo os livros paroquiais de Campo Largo, cansa-se a vista de tanto ler Antunes”. Possivelmente esse Iperó seja o mesmo que ainda hoje existe entre os municípios de Capela do Alto e Araçoiaba da Serra, conhecido como “Iperozinho”.

Sobre o perímetro urbano de Iperó, sabe-se, por exemplo, que o cemitério data de 1880. Como pertencia a Bacaetava, isso explica o motivo de hoje ele situar-se em local afastado do centro da cidade. Em Bacaetava, desde 1875, já existia escola de ensino primário. Também é sabido, apesar de não ser precisa a datação, que por volta de 1919 já residiam nessa região, Generosa Maria do Rosário, Samuel Domingues, Porfírio José de Almeida e suas respectivas famílias, além das famílias Antunes Moreira (os Bento), Antunes Vieira (os Caetano) e Antunes Gonçalves (os Paula). Todos eles desenvolviam uma economia de subsistência.
Rita Mota, viúva de Porfírio de Almeida, vendeu parte das terras à Estrada de Ferro Sorocabana, em 1927, para que o percurso de trilhos pudesse ser retificado e duplicado. Arlindo Luz era o diretor da Estrada de Ferro Sorocabana naquela época. Logo se iniciaram os serviços de terraplenagem para a construção da estação e das vias férreas que levariam à Alta Sorocabana e ao sul do Estado. Iperó está localizada estrategicamente: após a mudança do traçado, o ramal para Itararé passou a sair daqui. É aqui, também, que termina a linha dupla da ferrovia, vinda de São Paulo.

Em 1928, com a inauguração da nova estação, que batizou o lugar com o nome de “Santo Antonio da Sorocabana”, o povoado cresceu e passou a movimentar-se. A ferrovia é um dos principais marcos históricos da cidade. Mas hoje, segundo fontes do Sindicato dos Ferroviários de Iperó, com a ALL sobraram apenas poucos trens de carga que transportam óleo vegetal, soja, trigo e bobinas de aço.Entre 1929 e 1930 foram construídas as casas da Sorocabana, existentes até hoje. A vila surgiu e se desenvolveu com a chegada da ferrovia. E apesar de a economia, naquele momento, ser baseada na agricultura, o local já contava com várias famílias de ferroviários. Durante a década de 1930, além das famílias citadas anteriormente, residiam em Santo Antonio outros pioneiros como Paulo Antunes Moreira, Gumercindo de Campos, Said Eid, Vital da Silva Rosa, Alfredo Sartorelli, Mário de Melo e outros, juntamente com as suas famílias. Essas pessoas colaboraram com o desenvolvimento da vila, à medida do possível. Em relação às dificuldades enfrentadas naquela época, podemos citar que, dentre outras coisas, ainda não havia luz elétrica no local.Em 1938, Santo Antonio passou a pertencer a Boituva, pois até então pertencia a Campo Largo, hoje Araçoiaba da Serra. E em dezembro de 1943, o nome precisou ser mudado, pois já existia outra Santo Antonio no Rio Grande do Sul. Houve um Decreto-Lei Federal, de número 311 (2 de março de 1938), que disciplinou a divisão territorial do Brasil e vedou que dois ou mais locais em um Estado tivessem a mesma denominação. O Conselho Nacional de Geografia, antecessor do IBGE, ficou encarregado de definir quais locais teriam que modificar os nomes. Definiu-se também que mapas municipais deveriam ser depositados no Diretório Regional de Geografia, de acordo com os “requerimentos mínimos”. Posteriormente, em 1943, novo Decreto-Lei Federal, de número 5.901 (21 de outubro), disciplinou as “revisões quinquenais” que deveriam ser feitas em cada Estado, estendendo o critério de igualdade de nomes. Assim, os objetivos eram no sentido de resolver os problemas de denominação de “dois locais em um Estado” e posterior “eliminação, no País, da repetição de topônimos de cidades e vilas”.Nessa época, meados da década de 1940, o vilarejo contava com o grupo escolar, o correio, o posto de saúde e a igreja matriz dedicada a Santo Antonio. No início da década de 1960 fortaleceu-se a ideia da emancipação política de Iperó, liderada por políticos locais. Em contrapartida, lideranças de Boituva descontentes com a possível divisão dos territórios, recorreram ao então governador Adhemar de Barros para que ele vetasse o projeto. Apesar de aprovado pela maioria dos deputados, Barros vetou o projeto e convocou um plebiscito para novembro de 1963. A população iperoense foi a favor da separação, o que levou o governador a retirar o veto no ano seguinte. Vale ressaltar que além do veto, foi retirada também grande parte das terras que pertenciam ao então distrito de Iperó: a divisa, que antes era o monumento em homenagem a Santo Antonio (ainda hoje existente na estrada Iperó-Boituva), passou a ser o rio Sorocaba. Em 28 de fevereiro de 1964 foi criado o município de Iperó, oficialmente instalado em 21 de março de 1965, incorporando, em contrapartida, o distrito de Bacaetava.Fontes: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo; Revista do Instituto Geográfico e Geológico de São Paulo; Apontamentos da Província de São Paulo; entrevistas com moradores da cidade.Imagens: Vista aérea da cidade e estação ferroviária - Arquivo José Roberto Moraga RamosPublicado originalmente em http://hugao.pero.vilabol.com.br
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