A genealogia dos povoadores de Sorocaba é confusa. Exemplo, qual motivo João Lourenço Corim e Maria de Jesus Barboza batizaram seu filho, o mítico Sarú-Taiá, como Salvador de Oliveira Leme? [11] Interpretar a História de Sorocaba não é para "amadores"! Ela enfrenta esses desafios, que cabem à genealogistas. Um exemplo, da consulta aos:
Inventários e Testamentos, à Genealogia Paulistana de Luís Gonzaga da Silva Leme (1852-1919); aos Apontamentos Históricos de Manuel Eufrásio de Azevedo Marques (1825-1878); à Nobiliarquia de Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777); às obras de Américo de Moura (1881-1953); e de Francisco de Assis Carvalho Franco (1886-1953);
Estão identificados os seguintes filhos do casal Manuel Fernandes Ramos e Suzana Dias, dos quinze filhos vivos em 1589:
1 - André Fernandes 2 - Balthazar Fernandes 3 - Domingos Fernandes 4 - Pedro Fernandes 5 - Custódia Dias 6 - Angela Fernandes 7 - Benta Dias 8 - Maria Machado 9 - Margarida Dias 10 - Catarina Dias 11 - Francisco Dias 12 - Paula Fernandes 13 - Agostinha Dias [1]
Estranho não "historiarem" a origem desse "Machado". Entendo, com estranheza, aceitarem não haver "Dias Fernandes", afinal, Suzana Dias chama-se a mãe. Talvez por isso, Custódia, de sobrenome Dias, "passou batido"... Em 1628 Suzana Dias registrou seu testamento, do qual escrevo trechos interessantes ao texto:
A Custódia Dias minha filha, Angela Fernandes e a Benta Dias e Augustinha Dias e Maria Machada lhes não deixo nada, porque nos dotes que lhes fiz dei-lhes e satisfiz suas legitimas que de seu pai e de mim podiam herdar. Só declaro que a Benta Dias devo uma cavalgadura e se lhes satisfará a minha filha Augustinha Dias por festas, cabeças de perús e se lhes dará mil reis em satisfação.
(...) e meu filho Balthezar Fernandes se lhe entregue um nativo por nome Antônio, por outro que me deu, para dar a sua irmã Custódia Dias, em casamento e um moço que se tem em sua casa por nome Belchior declaro que lhe pertence e ele com seus filhos, por ser assim vontade do nativo que é forro e livre. [7]
Ao invés de casar com o nativo por nome Antônio, em 8 de fevereiro de 1649 Custódia Fernandes, viúva de "Semiam" Minho, apresenta o inventário do defunto. [8] Em 22 de dezembro de 1650 temos provas da "picaretagem", quando:
Custódia Dias ou Fernandes, filha de Belchior Fernandes, escreve seu testamento na Vila de Santa Ana da Parnaíba, em casas e morada do Capitão Paulo de Proença e Abreu, marido de Benta Dias, esta filha de Manoel Fernandes Ramos e Suzana Dias. [9]
Porém, em 28 de fevereiro de 1653, quando apresenta o inventário de Semiam Minho, Custódia é registrada como "Fernandes". [10]
Além de afetar a genealogia, desnecessário explicar a diferença entre "primos" e "sobrinhos". Difícil é explicar a influência na História se, como provam os documentos, Custódia ser prima e não irmã de Balthazar Fernandes, pois, de importância maior à ambos é o pai de Custódia, Belchior DIAS.
Pode-se ter noção da verdadeira relação existente entre ambos, a real distância, física e sentimental, entre ambos, e, com olhar atendo, percebe-se que importantes trechos de nossa História têm de serem "reescritos".
Vamos falar do primeiro marido de Custódia
Do primeiro marido de Custódia, temos certeza, que andava com Francisco de Souza, e, segundo nos diz Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958), baseado numa consulta de Salvador Correia de Sá e Benevides (1594-1688):
Em 1611 "fundiu uma peça de ouro tão grande quanto o cavalo em que estava", e na mesma noite foi encontrado morto.
Teria sido assassinado a mando dos jesuítas, por dois motivos possíveis serem fundamentados: que temiam que a notícia da riqueza aumentasse a servidão dos gentios, ou, menciona outro documento, que os jesuítas tiravam ouro de São Paulo e o enviavam ao Duque de Bragança, para financiar a revolta. [2]
Aliás, o "patrão" de Geraldo também falece este "momento", também circunstâncias estranhamente iguais, e misteriosamente maiores. Escrevem que o "fundador do Itavuvu", D. Francisco de Souza, o 7° Governador Geral do Brasil, cuja vida dedicou à Sorocaba, desde que chegou ao Brasil, faleceu de "tanta tristeza pela morte do mineiro", em junho desse ano.
Causaria tristeza e demorado seria enumerar as dúvidas que cercam a morte deste homem, poderoso e importante que era, e é à História. Difícil encontrar mistério maior. Certeza que "morreu de "tristeza", como concordam.
Antonio de Añasco, que este ano chegou as minas de Montesserrate e Araçoiaba, comunicou, com pesar, o falecimento de D. Francisco, dando como motivo o desgosto pela morte do filho D. Antonio. Porém....
O mesmo Añasco lamentaria, como provariam documentos, que haviam mentido ao Governador, pois seu filho estava vivo, e em setembro desse ano, "um" Baltazar Gonçalves avisa que vai ao sertão, às minas de Caativa (Bacaetava), com "o" mineiro. [2]
No primeiro dia de outubro o Inventário de Geraldo Bettink foi vendido por Peter van Belheeim, em nome do mencionado Gerrit Bettinck, por uma certa soma de moedas entregues nas mãos de Art Baerken e Evert van Middachten.
Depois de ter sido lida em voz alta a procuração mencionada como feita nesta secção, deram os procuradores toda herança paterna e materna de Gerrit Bettinck, acima mencionado, em favor de Johan van Ackeren, Udo Avincx, Frerick Besselinck e Hermen Bettinck e seus herdeiros, com a palavra, mão e pena, como acontece num tribunal. [3]
Em dezembro Gerrit Bettinck autorizou a venda da herança de seus pais em Doesburg” [4]. "Documentalmente", continua vivo, como dia 29 de dezembro de 1613, quando, por procuração, passou o que foi apurado a Johan van Ackeren, Udo Avincx, Frederick Besselinck e Hermen Bettinck. [5] |