| (...) surpreende é a falta de informações documentadas sobre os locais e datas de nascimento e morte do "fundador" de Sorocaba (...) as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Teria nascido no Ibirapuera ou em Parnaíba (...) sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu."
(...) A nossa história, oficial e acadêmica, trabalha com probabilidades, quando se trata de Balthazar Fernandes. Aliás, nem se sabe ao certo a grafia do seu nome, se é Baltasar ou Baltasar, se é Balthazar ou Balthezar, tal é a diversidade das informações contidas nos documentos. Apesar do "fundador" de Sorocaba ter sido um cidadão ilustre, na sua época, nem se sabe quando ele nasceu, nem o dia nem o ano, como também não se sabe quando ele morreu.
Não se sabe, com certeza, quando ele se casou, nem a primeira e nem a segunda vez. Sempre as datas são acompanhadas do clássico "por volta de". Também, não se sabe se a sua primeira filha, única do primeiro casamento, Maria de Torales, era sua filha biológica ou adotiva.
(...) os historiadores divergem quanto à data da chegada do "fundador" a Sorocaba, se em 1646 ou se em 1654. Existem documentos historiando, além desses dois momentos, uma fundação em 1670.
Segundo Aluísio de Almeida, nmo livreto "História de Sorocaba", editado em 1951: Balthazar tanto podia ser um belo tipo português, loiro, como um valente mameluco, de feições indiáticas, repetindo na quarta geração o tipo indígena. [9]
PEPINO NÃO, É O PAU QUE NASCEU TORTO
Qualquer que seja o "ponto de partida", sempre que estudar a história da formação de "Sorocaba", será muito dificil entender. Parace mesmo "milagre." [9]
Suzanna Dias, por exemplo, a mãe do "fundador" de Sorocaba. A maioria esmagadora dos registros e documentos afirmam que ela era filha de Lopo Dias, este, também revela-se um "labirinto" sem saída.
Ela nunca se chamou "Suzanna"! Um leitor, apreciador ou admirador da história de Sorocaba dificilmente chegara a essa conclusão, pois aparenta ser um "caso investigativo". Como citado acima, trabalha-se com probabilidades, e no caso do "fundador" de Sorocaba isso é muito errado. O que temos que nos atentar são as certezas evidenciadas pelos registros.
O historiador Affonso de E. Taunay, no seu livro “História Antiga da Abadia de Sâo Paulo”, deixou registrado:
“Desde casal (Manuel Fernandes Ramos, português, e de Suzanna Dias, mameluca filha de João Ramalho) nasceram três tipos de singular robustes e excepcional energia: André, Domingos e Balthazar, os fundadores de Parnaíba, Itu e Sorocaba”. [9]
Espera! O grande Taunay disse "filha de João Ramalho"? Sim! Filha de João Ramalho. É o que faz muito mais sentido. Como faz mais sentido os documentos que a nominam como "Luzia" ou "Mécla-Assú". Porém, sendo João Ramalho o primeiro "homem branco", antes mesmo de Cabral, um "engima" mil vezes maior, vamos falar de um homem que é melhor documentado: Domingos Grou ou "Mestre Bartholomeu".
FERREIRO DO IBIRAPUERA
Vamos escolher um "caminho curto": uma das únicas certezas que temos quanto ao "fundador" de Sorocaba é filho de um ferreiro e nascido no Ibirapuera.
Em 19 de junho de 1578, portanto dois anos antes do, estimado, nascimento do "fundador" de Sorocaba, a Câmara intimou o único ferreiro da vila de São Paulo, para que, sob pena de dez cruzados, abstivesse de ensinar o seu ofício de ferreiro aos indígenas, “porque seria grande prejuízo da terra”. Seu nome, Domingos Luis Grou ou "Mestre Bartholomeu". [2].
Dia 14 de setembro de 1583 “Manuel Fernandes, homem branco, antigo morador de São Paulo, estava no sertão com uma forja com os gentios, devendo ser castigado. Porém, a denúncia era infundada, porque o martelo e a bigorna estavam na casas dele e os foles estavam com seu cunhado (...)” [4]. O "cunhado" citado é filho de Domingos Grou.
Em 16 de agosto de 1586 o procurador Francisco Sanches soube que Domingos Fernandes forjava no sertão. Os demais vereadores o teriam tranquilizado, alegando que “os Fernandes” eram os primeiros ferreiros de São Paulo e que este havia partido para a selva em companhia do governador Jerônimo Leitão, razão pela qual nada se poderia fazer [5]
Em 1588 houve problemas com esse mesmo ferreiro, mestre Bartolomeu Fernandes, denominado por Taunay de “Tubalcaim paulistano”. Este foi intimado para que mandasse seus aprendizes à vila, sob pena de mil réis de multa [7]DONO DO "IBIRAPUERA"
Três nomes constam na documentação registrada dia 12 de outubro de 1580: as terras em "Ibirapuera" foram concedias a Domingos Grou, João Ramalho e seu filho. [4] Em 1600 a documentação da Câmara de São Paulo registra a escritura de compra e venda dos "fornos do Ibirapuera".
Esses fornos tornaram-se famosos, porque são considerados como os primeiros, os verdadeiros precursores da siderurgia brasileira, ou ainda, a primeira fábrica de ferro do Brasil, por terem sido construídos em 1599 (em Araçoiaba) e a documentação da Câmara de São Paulo registra a escritura de compra e venda dos fornos do "Ibirapuera" como ocorrida em 1600, isto é, após os fornos de Biraçoiaba (Sorocaba). |