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AS TAMBULADEIRAS E A ORIGEM CASTELHANA DE SOROCABA

17/01/2022 21:19:56

A estátua de Balthazar Fernandes foi doada pelos espanhóis. Os primeiros gramas de prata peruana surgem nos inventários dos paulistas que povoaram a região de Sorocaba. Essa prata trazia uma marca de origem curiosa, a palavra “tamboladeira”. Vocábulo inexistente nas línguas portuguesa e tupi, designava um objeto de prata – mas não se sabia qual até que se encontrou sua origem:

“A palavra tamboladeira vem da Espanha. Isto explica a razão pela qual as peças só são encontradas no planalto piratiningano – é que este local foi escolhido pela colônia espanhola para se estabelecer, no século XVII, quando de sua vinda para o Brasil. São os Bueno, os Ortiz, os Camargo, os Toledos, os Camachos, os Aguirres, os Laras, os Ordonhes. Trouxeram seus usos costumes e tradições. A palavra, que aparece nos inventários, consta de dicionários espanhóis:

‘Tembladera: especie de vaso ancho de oro, plata o vidrio de figura redonda com asas a los lados y um pequeño asiento. Los ha de muchos tamaños y se les da este nombre marginal por hacerse regularmente de una hoja delgada que parece una tembla’”.

Na nova era que se desvela, gramática e prática expandiram-se em campos radicalmente opostos. Desta dissociação nasceu o sertão.

“01/01/1599 - *Salvador Benevides participara de uma entrada liderada pelo pai, Martim de Sá” [1]“01/01/1614 - *Salvador Correia de Sá, Velho, assume o cargo de D. Francisco de Sousa” [2]

JUDEUS, INQUISIÇÃO E SOROCABA

Dia 2 de abril de 1628 "veio a fazenda do engenho de ferro de Cornélio de Arzão o Juiz ordinário da vila Francisco de Paiva trazendo consigo a Miguel Ribeiro meirinho da Santa Inquisição por ordem e mandado do Senhor Inquisidor Luiz Pires da Veiga trazendo mais consigo a mim Tabelião ao diante nomeado, e ao tabelião Simão Borges de Cerqueira, e sendo aqui nesta fazenda a meia noite pouco mais ou menos chegando as portas da dita casa do dito Cornélio de Arzão logo o dito meirinho Miguel Ribeiro bateu a porta da dita casa dizendo que da parte da Santa Inquisição lhe abrissem a porta a qual foi aberta pela mulher do dito Cornélio de Arzão, Elvira Rodrigues e juntamente com um irmão seu por nome Pedro Rodrigues Tenório e sendo aberta a porta da dita casa logo pelo dito meirinho Miguel Ribeiro e o dito Francisco de Paiva lhe foi mandado por parte da Santa Inquisição entregasse as chaves da dita casa e de todas as caixas que tivesse e declarasse toda a fazenda que nela havia a qual disse e declarou que na dita casa em que estava e nós todos entramos não havia mais que uma fraqueira em que estavam sete frascos juntamente duas tamboladeiras de prata e três digo uma maior e outra mais pequena e três colheres de prata, e que na dita casa não havia mais gente que gente de serviço, negros da terra e que em outra casa que junta estava estavam duas caixas em que tinha algumas coisas e que fossem ver, e logo se foi ver deixando na dita casa que primeiro vimos guardas e bom recado como o caso requeria e do que dentro estava se fez inventário seguinte perante o dito juiz e meirinho e a dita Elvira Rodrigues por não saber e assinou por ela Belchior de Borba forasteiro que ali se achou eu Fernão Rodrigues Cordova tabelião escrevi".

Foram encontrados "tachos, todo o tipo de ferramentas, pratos de estanho, gado, porcos, um pano cozido com 9920 em dinheiro, relicário, roupas, tecidos, 27 grãos de ouro e quatro pérolas, louça, um par de óculos, facas e facões, uma negra da Guiné e seu filho, armas, plantações de algodão, mandioca, aves, gentio da terra)

E logo no dito mês e ano acima e atraz declarado sendo feito esse inventário (...) foi dado juramento na Cruz da vara em nome dos Santos Evangelhos a mulher do preso Cornélio de Arzão a requerimento do meirinho do Santo Oficio. (...)" [3]“29/04/1628 - Pela manhã, inicia-se o inventário de Cornélio de Arzão e a inquisição” [4]“22/06/1637 - Inventário de Manoel de Lara, registrado na Vila de Santa Ana de Parnaíba” [5]

Francisco de Proença, sogro do "fundador" de Sorocaba, em 27 de junho de 1648 "Declaro que minha sobrinha Izabel de Proença me deve sete patacas e tenho de penhor duas tamboladeiras de prata pagando se lhe darão". [6]“30/10/1638 - Testamento de Cornélio de Arzão vila donde chamam "Piratiaba"” [7]

O testamento de Pedro, filho de Andre Fernandes, escrito em 15 de maio de 1648 no “Porto de Parapetingy estando para me embarcar a fazer uma viagem rio abaixo” cita "32$060, mais o milho, trigo, feijões e uma tamboladeira". [8]O inventário de Alvares Rodrigues, filho de Clemente cita um "Sitio com suas tralhas e ferramentas Roupas de uso, uma tamboladeira de prata que valeu 2$720 e 8 nativos escravizados". [9]