O sogro de Afonso Sardinha, o também ferreiro, Domingos Luis Grou ou Mestre Bartholomeu, estava no Brasil antes da chegada da primeira expedição colonizadora. Em 26 de agosto de 1522 “adquiriu terras vizinhas as concedidas nativos de Piratininga”. [1] Em 1532 chega a primeira expedição colonizadora. Quando Martin Afonso de Souza subiu ao planalto, o Mestre já estava casado com a filha do cacique de Carapicuíba. [2]
Em 1555 Sardinha casou-se, em Santos, com Maria Gonçalves, filha do Mestre Bartholomeu. [3] Em 25 de janeiro desse ano, Bras Cubas (avô da esposa do “fundador” de Sorocaba) concede terras ao sogro de Sardinha, o ferreiro Mestre Bartolomeu. [4]
Em 8 de janeiro do ano seguinte Bras Cubas proibiu a utilização do caminho que levava as minas e, principalmente, “que não façam fundição nenhuma de nenhum metal”. [5] E no mês seguintes proibiu a todos o trânsito pelo campo para o Paraguai e expressamente declara “avisareis a João Ramalho, alcaide e guarda-mor do campo que não deixe passar nenhuma pessoa para ele, sem mostrar vossa licença nem os próprios moradores”. [6]
Notícias sobre a descoberta de minas de ouro nessas terras chega à rainha regente, D. Catarina, e em 7 de setembro de 1559 comunicava ao governador Mem de Sá que enviara o mineiro Luis Martins para averiguar as notícias. [7]
Em junho de 1560 uma expedição partiu levando o mineiro da Rainha, Luiz Martins. É no decorrer dessa expedição que Manuel Fernandes Ramos irá fundar o povoado que dará origem a cidades como Sorocaba. [8]
Em maio de 1561 Brás Cubas estabelece uma fazenda ou sítio no local. [9] Em abril do ano seguinte Brás Cubas escreve ao rei de Portugal anunciando a descoberta de ouro e metais preciosos perto de São Paulo, “30 léguas de Santos”, em Bacaetava, Birácoyaba e Ivuturuna. [10]
Em 18 de junho 1566 as terras são demarcadas “(..) o qual marco é uma pedra grande que está deitada desde seu nascimento, na qual foi feita por João Vieira uma cruz (..); outra pedra talada que assim talou o mesmo João Viera e fez outra cruz em cima; (...) ao pé de uma árvore grande (...) e foi feito pelo dito João Vieia como marco uma cruz; (...) sobre uma grande pedra que ali estava deitada, uma cruz foi feita pelo dito João Vieira e saindo do mato em uma rossa do Mestre Bartholomeu está uma pedra grande com umas pancadas de machado, foi feito uma cruz pela mãos do Sr Capitão Brás Cubas (...)”.
Segundo Clemente Alvarez, genro de Afonso Sardinha, também mineiro prático e sertanista, que desde 1588 explorou minérios nos entornos de São Paulo e até 1606 havia registrado, na respectiva câmara, cerca de quatorze locais onde descobrira ouro, no Jaraguá, em Parnaiba, em São Roque:
“As minas de ouro que se descobriram nestes anos precedentes (..) Nossa Senhora do Monserrate; Buturunda ou lbitiruna (...) ficam as montanhas de Berusucaba ou Ibiraçoiaba, abundantes em veios de ferro, não lhes faltando do também veios de ouro, que os selvagens cananéas tem por costume extrair (...) e pelo próprio caminho geral do sertão antigo, na borda do campo, onde dizem teve Braz Cubas umas cruzes de pedras que até hoje estão e por riba delas passa uma bêta de metal preto” [11]
Em 1570 “(...) um deles nobre e conhecido por Domingos Luís Grou, ambos casados e ambos com família tendo cometido um assassinato fugiram com os seus para o sertão, metendo-se de companhia com os bárbaros (carijós), que estavam com os nossos em guerra, estimulando-os a que acometessem e pondo em assombro e medo toda a capitania”.
Foi o motivo que levou Domingos Grou a mudar seu nome para Mestre Bartholomeu. Curioso que a vítima se chamava Balthazarf Fernandes, nome também do fundador de Sorocaba. [12]
“Há de se desconfiar de Afonso Sardinha, comprovadamente rico, quando ele alegava não comparecer a uma sessão da Câmara, como vereador que era, em pleno natal de 1576, pois não tinha botas”. [13]
Em cartas enviadas a von Eschwege, Friedrich Ludwig Wilhelm Varnhagen também atribui a Affonso Sardinha a descoberta do minério de ferro em “Araçoiaba”, que Francisco Ignacio Ferreira afirma ter sido descoberto em 1578. [14]
Em 19 de junho de 1578 intimou-se o único ferreiro da vila de São Paulo (Mestre Bartholomeu), para que, sob pena de dez cruzados, abstivesse de ensinar o seu ofício de ferreiro aos indígenas, “porque seria grande prejuízo da terra”. [15]
Em 1580 a primeira Casa de Fundição foi estabelecida em São Paulo, para fundir o ouro extraído das minas descobertas por Sardinha. [16] Nesse ano ele adquiriu terras nas serras de Iguamimbaba, que agora se chama Mantaguyra, na de Jaraguá, termo de S. Paulo, na de Vuturuna (São Roque), na de “Hybiraçoyaba (Sorocaba). [17]
Muita “história acontece” até que em 1589 ocorre a fundação de uma “nova” fábrica de ferro em Ipanema, a “Usina de Ferro do Vale das Furnas”, mas isso é tema para outro texto. [18]“01/01/1654 - *Balthazar Fernandes Mourão, considerado “fundador” de Sorocaba, chegou na região com a família e 380 escravizados” [19] |