O historiador Eduardo Bueno, em “O nascimento de São Paulo” , diz que “São Paulo nasceu muitas vezes. A data da fundação, assim como o local, foi minuciosamente escolhido em cada detalhe, em cada minuto. O local era completamente sacralizado pelos nativos. Um lugar de poder natural (...) mas a história não inicia em 25 de janeiro de 1553, dia de São Paulo, mas em 29 de agosto de 1553, dia em que João Batista foi degolado”. [13]
Washington Luiz escreve: “Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal vila foi situada, ou mesmo se foi situada; o rio Piratininga jamais foi identificado, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum (...) Nenhuma etimologia satisfatória para a palavra Piratininga” [11]
BIESAE
Registrada em documentos e mapas, autores discordam sobre a localização de “Biesae”. A primeira missa realizada pelo padre Manoel da Nóbrega foi em Biesae! A primeira igreja construída pelo padre foi em “Biesae”! Mas onde se localizava essa aldeia habitada por Carijós? A obra “Ulrico Schmidl no Brasil quinhentista”, produzido pela Sociedade Hans Staden em 1942, resume o que a maioria dos autores conclui:
“Se, aqui, nos esforçamos por projetar alguma luz sobre a significação do problemático Bieasie de Schmidl, palavra que não denominava lugar, mas sim uma tribo, e cuja grafia melhor seria Wiessache, senão mais corretaainda Wiettache, foi porque o pesquisador paulista Dr. Gentil de Assis Moura atribuiu não pequena importância ao ponto Bieasaie de Schimdl.
Concordamos com o doutor paulista localiza esse ponto Biesaie também nas margens do Tietê, discordamos, porém, quando assinala na região da atual cidade de Itú. O referido historiador julgou poder equiparar Biesaie à povoação Jabiuba ou Maniçoba, onde o padre Nóbrega exerceru, pelos meados do ano de 1553, sua primeira atividade como missionário no interior de São Vicente. Ao posterior fundador de São Paulo servira como guia o noviço Antônio Rodrigues que, conforme supunha o Dr. Moura, fora companheiro de Schmidel, pelo que deveria, anteriormente, ter tido conhecimento do lugar Biesaie.
Entretanto, supondo-se esse aldeamento nativo situado no lugar, onde, posteriormente se fundararia Itú, ele não distava 100 léguas de Geribatiba, segundo afirma Schmidl, pelo que deveria, sim, apenas 40.” [10]
DESTRUÍDA POR JOÃO RAMALHO
Amo a história! Como simples aprendiz, o que mais me surpreende é passar despercebido o relato de Antonio Rodrigues. A verdade sobre o motivo da mudança para Piratininga e também o padroeiro da atual capital do estado, parece estar contida nesse relato do companheiro de Nóbrega. É ele quem denomina o local e não Nóbrega! É ele quem conduz Nóbrega ao local! Ele já conhecida o local!
O texto completo está disponível na edição de 1895 da Revista do Instituto histórico e geográfico de São Paulo, páginaS 173 e 174. O relato de Antonio Rodrigues é longo e tenho imensa dificuldade em resumir textos. Tentarei novamente aqui.
Segundo Antonio Rodrigues: “Se estabeleceram em Biesae e certa ocasião, em que muitos Carijós ali estavam, buscando a casa de catequese e a igreja, foram atacados, mortos ou sequestrados pelos mamelucos de João Ramalho, estabelecidos em PARANÁ-ITÚ.” [7]
A localização de Paraná-Itú já é comprovada de forma incosteste como sendo a atual cidade de Itú. Exemplo registrado no mapa elaborado no Primeiro Congreso Nacional de História em 1915 (imagem), que descreve percorrido pelo pirata Anthony Knivet em 1597 e que “de Itú chegou ào morro de Ypanema”. [8] |