Por volta de 1654, “com Balthazar Fernandes veio a imagem de Nossa Senhora da Ponte. Era alta, mas de roca ou vestir, isto é, cabeça e pescoço, duas mãos e o Menino Jesus em peças separadas, fáceis de transportar, armar e revestir, o vestido cobrindo o lugar onde seriam os pés”.
Os títulos e invocações marianas são centenas, acaso milhares. Poucos tem origem num mistério litúrgico ou num fato da vida de Nossa Senhora. A da "Ponte" é um título notável.
(...) Além de outras origens, muitos vem de topônimos. No Rio Lima, no Minho, no século XVI havia uma capela de Nossa Senhora da Ponte, junto à ponte. No Recife, pelo mesmo motivo topográfico, uma Nossa Senhora da Conceição da Ponte.
Mas essa hipótese que, se deveu à própria ponte de Sorocaba, tem contra sí que a capela foi ficar a um quilômetro da ponte e em 1660 o topônimo era somente “paragem de Sorocaba”: em 1654, quando esse nome sonoro surge escrito no primeiro documento existente, era fazenda, sítio de Sorocaba. Teriam escrito “da ponte de Sorocaba”. [5]
Dúvidas
Esta imagem podia ser a Nossa Senhora de Montesserrate (imagem 2), orago do Ipanema, ou ao "bairro Itavuvu, que é à beira-rio e tinha provavelmente a primeira ponte" [5]. O site da Catedral Metropolitana de Sorocaba confirma que a primeira matriz de Sorocaba foi no Itavuvu [9].
Por outro lado, a N.S. de Monserrate também é castelhana, e Balthazar teria na família uma imagem de feições castelhanas. Documentalmente, em Vila Rica do Guairá houve uma Nossa Senhora junto de uma ponte. Suponhamos que essa capela seja da família Torales e Riquelme de Gusman (...) família da primeira mulher de Balthazar. [5]
Não é a original!
Em 1982 o Padre Jamil afirmou que a imagem de Nossa Senhora da Ponte, que se encontra atualmente no Mosteiro de São Bento de Sorocaba, não é realmente aquela que foi trazida por Balthazar Fernandes e as provas parecem surgir a esse respeito com certa facilidade.
Padre Jamil faz sua afirmação, baseando-se no fato de que “no século XVII não era possível pintar uma imagem de roca e aquela que se encontra no Mosteiro de São Bento é de roca”.
“A primeira imagem deve ter desandado quando foi feita, no século XVIII, a grande reforma da Igreja Catedral, visto que uma das que se encontra no altar, está hoje num antiquário em São Paulo”. Outra, que seria a parceira dessa, desapareceu, provavelmente, no transporte de imagens de Catedral para a Igreja de Santa Clara. Era a de Santa Ana.
Hipótese não explorada
A primeira imagem que acompanha o texto traz lado a lado a imagem de Nossa Senhora da Ponte existente em Sorocaba e uma que existe desde 1328, em Barcelos, Portugal, associada a uma ponte sobre um curso d´água [1]. E em 1771 uma réplica da original foi trazida ao Brasil. [4]
E, analisando livros de Aluísio de Almeida, o padre Jamil foi fazer uma checagem no Livro Tombo da Catedral, onde o historiador afirmava que havia registrado em 1783 quando a nova imagem, que hoje se encontra na Catedral, chegou o envio das coroas da primeira para serem refundidas e feitas novas para a peça de madeira.
Só que, além de padre Jamil não encontrar qualquer citação no Livro Tombo, ainda ficou sem constatar, na cabeça da imagem que se diz ser primeira, os furos para afixação da coroa. Aí está mais um ponto que o faz crer na falsidade da peça existente no Mosteiro. [7]
O que paira acima das hipóteses é a interpretação de que Nossa Senhora é a ponte que liga o céu e a terra. O dia primeiramente escolhido para festa litúrgica em Sorocaba foi 21 de novembro, por analogia com a Nossa Senhora da Escada, que festeja nesse dia. [5] Essa História, mais longa que essa, fica para outra ocasião!
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