O bisavô de Rafael Tobias de Aguiar, Salvador de Oliveira Leme, o Saru-taiá, é um dos personagens mais importantes na História de Sorocaba.
Nasceu em 1721, filho de João Lourenço Corim e Maria de Jesus Barboza, em Itu. Casou com Rita Pires de Godoy, filha de Luiz Nogueira e Maria Pires. Rita nasceu em 1725. [1]
Em 3 de setembro de 1750, quando foi instalado o importante Registro de Animais, ele foi nomeado o primeiro Administrador [2]. Em 1767 ele começa a edificação do Recolhimento de Santa Clara [3]. Ele constrói o edifício da cadeia e câmara municipal, na esquina das atuais Rua São Bento e Barão do Rio Branco [5].
Um dos últimos...
No mesmo século 17 (1600-1700) as alcunhas de pura origem portuguesa é que constituem raridade. Um dos poucos exemplos que se podem mencionar é a de "Perna-de-Pau" atribuída a Jerônimo Ribeiro, que morreu em 1693. Não faltam, ao contrário, casos em que nomes ou apelidos de genuína procedência lusa recebem o sufixo aumentativo do tupi, como a espelhar-se, num consórcio às vezes pitoresco, de línguas tão dessemelhantes, a mistura assídua de duas raças e duas culturas.
Sinal, talvez, de que ainda em pleno Setecentos persistiria, ao menos em determinadas camadas do povo, o uso da chamada língua da terra (...) Salvador de Oliveira Leme, natural de Itu e alcunhado o "Sarutaiá", só vem a morrer em 1802. Trata-se, porém, já agora de casos isolados, que escapam à regra geral e podem ocorrer a qualquer tempo. [7]
Sobre o apelido de Salvador de Oliveira Leme, Luiz Castanho de Almeida diz:
"Só a sua alcunha é motivo para uma lenda. Nativos lhe deram? Ou talvez fosse apenas apelido familiar? Em casa dos paulistas do século 18 (1700-1800) falava-se guarani. Era, por certo, uma das muitas palavras dos nativos da terra que passaram ao uso e depois morreram, ao contrário de tantas outras que então em pleno vigor e até mesmo nos dicionários." [8]
Sarú-taiá
Até 1884 os moradores de Sorocaba conservavam, por tradição que se transmite de pais a filhos, a notícia desse vulto histórico, ascendente de mais de uma família importante da província de São Paulo.
Uma lenda popular, que ainda perdura, pinta-nos o Saru-taiá atravessando a cidade, descalço, vestindo grossa camisa e calças de algodão, com um largo chapéu de junco na cabeça e puxando o seu burrinho carregado de taiá, que apregoava e vendia de porta em porta, enquanto jaziam enterradas na parede ou no quintal as suas grandes riqueza: dobras e barras de ouro.
Apareceu depois o elemento maravilhoso (o ouro) e até bem poucos anos dizia-se que na chácara que lhe pertencera, pouco adiante do cemitério de Sorocaba, ao meio dia em ponto rangia a cancela e batia com força, sem que se visse pessoa alguma movendo-a: era o Saru-taiá, que vinha contar os seus tesouros.
O Saru-taiá era de raça indígena: seu nome Sarú é a tradução do nome Salvador; ainda hoje os índios usam dessa palavra, cujo significado é incontestável. Taiá, é uma espécie de cará, e figura aqui como uma alcunha vulgar por ser um dos gêneros do seu comércio. O verdadeiro nome era Salvador de Oliveira Leme.
Descendente muito próximo dos aborígenes, criado entre eles, Salvador, apesar de sua riqueza, não pudera, talvez, renunciar a vida simples e trabalhosa e dali viria a crença de sua pretendida avareza.
O que é certo é que gozou de grande influencia e chegou a ser Capitão-Mór de Sorocaba. Vivendo por meados do século passado, apossou-se de seu espirito o entusiasmo que levava os bandeirantes a internarem-se pelas matas, e uma grande bandeira por ele organizada e dirigida , tomou o caminho do Oeste e foi até as missões paraguaias, onde atacou diversas aldeias dirigidas por Jesuítas, capturando muitos índios. O resto de sua vida, passada em Sorocaba, foi simples e só a lenda popular. [6] |