Os documentos mais antigos que fazem referência ao Morro de Araçoiaba e à Lagoa Dourada são as cartas do padre jesuíta José de Anchieta, escritas em maio de 1560. [1]
Seguindo os caminhos de Anchieta, uma expedição partiu de Santos em novembrod e 1585 à procura da Lagoa Paraupava. Afonso Sardinha, Manoel Fernandes Ramos, Mestre Bartholomeu e Diogo de Onhate são alguns dos "futuros" sorocabanos que a compunham. [2]
Ficaram quase quatro anos no sertão e quanto já eram dados como perdidos, surgem no dia 5 de dezembro de 1593, com a Bandeira destroçada, na Vila de São Paulo. Morreram no vasto sertão da Lagoa Dourada. [3]
Datado em 1696 e encontrado por José Bonifácio, consta um roteiro antigo:
"Entre Sorocaba, Itapitininga, Iguape e Uvutucavaru : nestes sertoins á perto de duzentos annos, mais, ou menos achou hum antigo segundo as noticias que propoz estando ao fim da vida: mandou escrever assim.
Seguindo-se pela reçaca dos Campos de Pereatuba, entre Sul, e Leste, passando dois ribeiroins, e duas serras; adiante se dá com hum ribeiro, que p.a as cabeceiras tem hum meio descalvado, ou bastante pedras.
Dobrando-se a mesma serra está outro ribeiro que pela cachoeira acima tiramos ouro em pedaços: e seguindo p.a diante, mais ao lado do Sul se dá com hum vargido, que com 4 ou 5 palmos que se tire de lodo se acha m . to bom cascalho, e ouro com muita conta.
E logo adiante subindo, e descendo algumas serras não mui incantiladas, está uma Lagoa grande, que feito hum socovão na beira se tirou ouro em pedaços, e muitas pedras que me pareciam preciosas.
E a lenda que veio dos tempos coloniais, perdura ainda, empolgando o espírito de muita gente boa..." [4]
Diz Friedrich Varnhagen, “pai do pai da história” do Brasil:
"... forma uma figura oval, cujo diâmetro maior mede 3 léguas do norte ao sul, medindo o menor uma légua e meia. Os cumes são separados entre si por várias superfícios planas, numa das quais há um pequeno lago pantanoso, denominado Lagoa Dourada, onde, segundo a lenda popular, há tesouros ocultos." [6]
Em 1822 "Memória Histórica Sobre a Fundação da Fábrica de Ferro de S. João de Ipanema", do Senador Vergueiro, [8] e o Jornal Scientifico, Economico, e Litterario, ou collecção de varias peças, memórias, relaccçoens, viagens, poesias, e anecdotas em 1816:
Esta Montanha, a que manuscritos antigos denominam Biraçoiaba, está situada debaixo do trópico, isolada dentro de uma grande planício que se estende para todos os lados pelo menos 5 léguas; tem apreferia inferior oval com o diâmetro maior de 3 léguas, e o menor de égua e meia, sua altura é de dois mil pés acima do Ypanema, e a deste mil e cinquenta sobre o nível do mar.
É tão fortemente inclinada que em muitos lugares não se pode subir, em outros só a pé, e pelo vale das Furnas também a cavalo. O cume é variado em outeiros, e planícios, em uma das quais está a Lagoa Dourada, de que os vizinhos contam fabulosas visões como indício de muito ouro (...)" [9]
Em 1854, Francisco Adolfo de Varnhagen, na página 359 de sua monumental obra "Historia geral do Brazil":
"Por vezes temos nesta obra feito referência, com o nome de Biraçoiava, de um famoso morro de ferro próximo de Sorocaba, a que hoje chamam Araçoiaba. Não foi só predileção, aliás desculpavel, pelos sítios que primeiro feriram a nossa vida e fizeram palpitar o coração:
É que nas entranhas desse morro, que os antigos diziam conter tesouros encantados encantados, jaz ainda escondida, só em ferro, uma das maiores riquezas latentes do Brasil, e talvez do universo todo." [10]
Em 15 de março de 1856 - Sumé: Lenda mito-religiosa americana. Recolhida em outras era por um índio moranduçara, agora traduzida e dada luz com algumas notas por um paulista de Sorocada”:
"E o monte se derretia em lavas de ferro. E aí se formava uma espécie de cratera ou algar (Vale das Furnas) cujas cinzas quentes, depois se apagavam com as águas de uma Lagoa dourada, onde o povo do Ipanema, ainda não há muito, julgava que apareciam fantasmas, que guardavam tesouros escondidos." [11]
Em 15 de agosto de 1896 o padre jesuíta Rapahel M. Galanti em "Historia do Brazil Antigo", página 105:
"Fábrica do Ipanema em São Paulo - A uns treze kilometros pelo oeste da cidade de Sorocaba levanta-se um grupo de montanhas de formação metálica, que tem uns dezesseis kilometros de comprido e propornada largura. Consta a montanha de três cabelos; um dos quais se denomina propriamente Araçoiaba; outro, Morro do Ferro; o terceiro, Morro Vermelho.
Em cima da cabeça principal existe uma lagoa que chama Dourada. Emanam dessa montanha diversas correntes de água, sendo as mais importantes o Ipanema que verte na face oriental, e o Sarapuy do lado oposto. Ambos são tributários do Sorocaba, que por sua vez o é o Tietê." [13]
Em 1927, Benedito Calixto em "Capitanias Paulistas":
"Era nessa região (de Sorocaba), cortada pelos dois caminhos - do gado e da aldeia velha (Paraná-mirim) - que estavam situadas as minas de Araçoiaba e as legendárias terras auríficas de Botucavarú, Lagoa Dourada e outras, das quais os aranzéis (roteiros antigos) nos dão notícias." [15]
Em 5 de maio de 1928, o jornal Gazeta:
“Do alto dos morros manam alguns ribeirões, porém o mais notável é o chamado da Fábrica Velha ou Vale das Furnas, por seguir uma espécie de caldeira ou algas que ás vezes parece cratera de vulcão. Sobre o cume do principal cabeço ha uma lagoa que chama aqui Dourada, na qual o povo diz aparecem fantasmas que guardam os tesouros nela escondidos”. [16]
Em 1929 a Conferência realizada pelo sr. dr. A. de Freitas Jr., no Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo:
"(...) as minas, cujos preciosos minérios eram guardados, segundo a crendice dos nativos, por fabulosos, duendes que povoaram a “lagoa dourada”, assente no cume do Araçoyaba". [17]
Em 1959 no Boletim do Departamento do Arquivo do Estado de SP. Secretaria da Educação. Vol. 9. Apontamentos para história da Fábrica de Ferro do Ipanema (1959) Prof. João Lourenço Rodrigues”:
"No tempo de dantes ela já morou alí no morro: havia lá então uma lagôa dourada e, à roda dela, ouro em tal abundância que era só ajuntar no chão. Mas eram muito raros os homens que a isso se animavam , porque essas riquezas da Mãe de Ouro eram defendidas por uns fantasmas que infundiam pavor." [19]
Em 11 de setembro de 1969, o jornal Correio Paulistano/SP, na página 10:
"O Morro de Ferro, às margens do Ipanema, foi descoberto em 1589 por Afonso Sardinha, quando em expedição a procura da Lagoa Dourada, “que num ponto qualquer da serra existia, nadando em suas águas peixes e patos de ouro”.
Hoje, a quem quer que se pergunte em São João do Ipanema, sobre a tal Lagoa, não se houve resposta. Ninguém a viu, mas ninguém a contesta." [20]
Em fevereiro de 1994 em "O mito indígena da Lagoa Dourada e as bandeiras do Brasil Central" de Manoel Rodrigues Ferreira:
"No terceiro quarto do século dos 500 (século 16), de todas as Capitanias do Brasil partiram Bandeiras (expedições) procurando chegar ao Rio São Francisco e subindo-o, alcançar a célebre Lagoa. Mas todas desistiram logo no início. Somente as Bandeiras da Vila de São Paulo de Piratininga perseveravam nessa busca." [21]“01/01/1997 - *Araçoiaba e Ipanema” [22]
Em 2010, na página 55 de "História Ambiental de Sorocaba" de Fábio Navarro Manfredini, Manuel Enrique Gamero Guandique e André Henrique Rosa:
“Estas montanhas, a que manuscritos antigos chamam de Biraçoiaba. O cume é variado em outeiros, e planícies, em uma das quais está localizada A Lagoa Dourada, de que vizinhos contam fabulosas visões, como indício de muito ouro”. [23] |