Em 1875 ocorreu um crime marcou a História de Sorocaba. Herói para muitos, o escravizado conhecido como "Generoso" estava foragido havia quinze e meses e, ao invés de empreender fuga para longe, correu o risco retornando para a cidade a fim de concretizar seu intuito: vingança.
O CRIME
Segundo o jornal Correio Paulistano: "Ás 18:30 do dia 28 de abril deu-se um fato que encheu de consternação os habitantes de Sorocaba trouxe o luto á uma família numerosa.Estavam diversas pessoas conversando á soleira da porta do palacete do tenente-coronel Fernando de Souza Freire, vice-presidente da Câmara Municipal, quando de súbito um estrondoso tiro de bacamarte soou, lançando por terra o mesmo tenente-coronel, que apenas pode pronunciar estas palavras: - eu morro... minha mulher... meus filhos... é o meu escravo Generoso.
O dr. Juiz municipal que descia a rua da Penha, aproximou-se do grupo, e perguntando ao tenente-coronel Fernando que estava prostado no chão: - o que é isso?Ainda ouviu-lhe aquelas mesmas palavras, perdendo logo o ofendido a fala.
Referiu-nos o comendador Luiz Vergueiro, seu hospede, e que na ocasião conversava com o final, que estavam todos sentados á portando, quando passando alguns amigos ergueram-se para falar-lhes, e que, retirando-se estes, ficou só Fernando de pé com as costas para a rua, quando dai a dois segundos viu o clarão do tiro, e cair aquele, voltado para o lado em que fugia o assassino, pronunciando em alta voz as palavras que acima deixamos ditas."
Suspeita sobre Campos Vergueiro
Generoso, o assassino, era escravizado do finado, e achava-se foragido há 15 meses: na antevespera sendo encontrado pelo capatas de tropas do comendador Vergueiro, sentado junto á encruzilhada, conhecida por Cruz de Ferro, armando de bacamarte e faca, foi por ordem de seu senhor espreitado por alguns escravizados, dizendo estes que ele entrara em casa de Barbara de tal, no bairro da Terra Vermelha, o tenente-coronel obteve um mandato de prisão contra ele, sendo que a escolta já não o encontrou ali.
"É de admirar o sangue frio do malvado assassino: aproveitando a sombra da noite, foi pelo lado da rua da Direita, e á queima-roupa desfechou o tiro que deu em resultado a morte de um respeitável cidadão e estremecido chefe de família. Depois de ter disparado o tiro, houve um verdadeiro pânico, que fez com que as pessoas que ali estavam não perseguissem o malvado: mais adiante, porém, ele que retirava-se e meia carreira, foi perseguido por dois escravos do finado e dois moços pela luz que projetava o lampeão do hotel das Flores reconheceram ser o escravo Generoso.
Vendo-se este perseguido, parou na Travessa do Bom Jesus, e abrindo o ponche que estava, voltou-se de frente para os que o seguiam, e observando que estes também pararam, disparou em vertiginosa carreira, gritando também: péga, péga. Conseguindo escapar por um dos becos da rua do hospital, que conduzem ao brejo do Supiriri. A polícia bateu as matas circunvizinhas á cidade, voltando ao amanhecer sem conseguir capturá-lo.
A 29 foi sepultado o assassino, sendo o seu "feretro" acompanhado por muitas pessoas gradas da cidade e por crescido número de irmãos da Misericórdia.Era o finado mais abastado cidadão desta cidade, genro do dr. José Maria de Souza e cunhado do dr. Assis Vieira Bueno". [3]
PARADEIRO
As buscas foram intensas! Suspeitos foram presos em São Paulo e 27 de maio [4] e 8 de novembro [5], porém apesar de muito parecidos, não se pareciam com a foto apresentada pela família da vítima. Jornais noticiaram uma grande recompensa para quem ajudasse na captura [6]. Mas ele desapareceu!
ORIGEM
Em 1866 José Severiano de Lima publicou no jornal Diário de Minas: "Desapareceu em princípios de abril da casa do sr. Joaquim Felizardo Ribeiro,em Congonhas do Sabará, o escravizado Generoso, cabra 23 anos pouco mais ou menos, estatura regular, delgado de corpo, nariz afilado, é muito jeitoso para lidar com tropa, e inclinado a este serviço, logo que fugiu foi visto na Venda Nova e Contagem, e consta ter seguido para as partes de Bom Jesus dos Perdões, com nome mudado.
Este escravizado é hoje pertencente ao anunciante, por compra que fez a seu sr. Luiz Antonio de Oliveira, morador em Roças Novas. Oferece-se 100$rs. de gratificação a quem apreende-lo e levar a seu senhor abaixo assinado em Congonhas do Sabará, e protesta-se com todo rigor da lei contra quem o açoitar."
Seria ele? [1] |