A imagem registra os trabalhos durante a construção da segunda represa na região da serra de São Francisco, em Itupararanga. A primeira foi rio Cubatão.
Ainda procuro detalhes sobre a origem e autoria da denominação "São Francisco". Era antes chamada "Itapeba" pelos nativos. [12] Como escreveu Zulmiro de Campos, autor do primeiro brasão de Sorocaba, adotado em 1917:
"Foi Affonso Sardinha o primeiro bandeirante que, em companhia de seus filhos, andando á caça de minas de prata, descobriu vestígios desse metal, não só naqueles montes de ferro, como também no bairro de Itapeva, no chamado “Buraco de Prata". [9]
Seu aumentativo, "Itavuvu" (itapebussu - pedra chata grande), prova a influência da língua nativa até dias atuais.
Sabe-se os motivos de Balthazar Fernandes, considerado fundador oficial desta cidade, ao renomea-la de "Sorocaba" para "Nossa Senhora da Ponte".
Estranho, pois sua origem familiar era mais "nativa", e apesar de viver como nativo, não escolheu nomes nativos para nenhum de seus muitos filhos.
Ele falava a língua nativa! Sabia ele que "nharybobõ" era como os nativos referiam-se a ponte, supostamente a primeira do Brasil, e supostamente construída por ele! [10]
Mais de 4 gerações depois, o Saru-taiá ainda falava a língua tupi. Excesso imaginativo supor a Nossa Senhora da Nharybobõ?
Serra do Cubatão
Raros documentos a mencionam como "Itapeva", e curiosamente, outros registram-a como "Cubatão". E além da influência e importância do "Cubatão" na História do Brasil, em poucas palavras capaz de reescreve-la, atualmente 3 rios recebem tal denominação.
Benedito Maciel de Oliveira Filho, historiador e atual presidente do Sorocaba Club escreve:
"O Cubatão sorocabano guarda segredos inimagináveis perdidos na epopeia bandeirante e na teimosia do tropeiro (..) ponto desconhecido mas intimamente ligado à evolução histórica." [11]
Ainda 1817, Manuel Aires de Cazal, o historiador que publicou carta Pero Vaz de Caminha pela primeira vez, escreveu:
"Depois de 13 recebe pela direita o Jundiahy, que passa pela vila de seu nome. Junto desta confluência, forma o rio Tietê uma grande catapulta, que impede a subida dos peixes, e 15 léguas adiante se lhe junta o Capibary por uma boca de seis braças de largura, depois de ter atravessado um extenso bosque de majestoso arvoredo. 2 léguas abaixo deságua na margem esquerda, com 8 ou 9 braças de largura, o rio Sorocaba, que nasce na serra do Cubatão e passa pela vila que lhe toma o nome." [3]
Somente em 1841 a denominação São Francisco é registrada em mapa [4]. O primeiro registro que encontrei a menciona-la assim é de Augusto Emílio Zaluar.
Entre 1861 e 1862 ele "percorreu quase de um extremo a outro o que ha de mais curioso na nossa bela, grande e heróica província de São Paulo. Apreciou os homens, observou os costumes, e admirou sobretudo a opulência e o vigor da natureza americana".
No livro que escreveu, apesar de repetir as palavras de Manuel Aires Casal na página 157, afirma:
"Esta linda cidade, cujas habitações alvejam no meio da verdura dos prados que a circundam, está situada a 18 léguas de São Paulo, capital da província, sobre as margens do rio que lhe deu o nome.
Sim, o Sorocaba, depois de se precipitar em massa do alto do soberbo Tupararanga, na serra de São Francisco, rola por sobre pequenas catapultas até despenhar-se do célebre Votorantun, e então, deslizando mansamente por espaço de 3/4 de légua, vem cortar a cidade." [6]
PARADOXO
No Arquivo Nacional de Assunção encontra-se um documento curioso, pois registra que em agosto de 1604, um mineiro, acompanhado de padres da Companhia de Jesus e do escrivão e tabelião público Belchior da Costa (padrasto de Balthazar Fernandes) foi às minas de Monteserrate e São Francisco, e lá fez a repartição das minas entre alguns moradores, e “senalou” as de Dom Francisco, naquele momento um morador “comum” da vila de São Paulo. [1] |