'Brutal assassinato do delegado que se recusava a prender escravos fugidos - 11/02/1888 Wildcard SSL Certificates


Brutal assassinato do delegado que se recusava a prender escravos fugidos
    11 de fevereiro de 1888, sábado
    Atualizado em 13/02/2025 06:42:31

•  Imagens (1)
  
  


Fonte: BBC

O linchamento de um delegado de polícia abolicionista 132 anos atrás levou uma cidade do interior paulista a mudar de nome.

Uma história tão insólita que parece ficção.

Joaquim Firmino de Araújo Cunha foi encurralado por cerca de 200 pessoas na madrugada de 11 de fevereiro de 1888 e morto violentamente dentro casa, onde estavam também a mulher, Valeriana, e os filhos.

Os mandantes do crime: um inglês e um americano que haviam se mudado para o Brasil depois de lutarem na Guerra de Secessão dos Estados Unidos do lado dos confederados, que eram contrários ao fim da escravidão no país.

A história ficou por muito tempo dormente na pequena Itapira, hoje com pouco mais de 70 mil habitantes, e vem sendo redescoberta nos últimos anos.

Penha do Rio do Peixe

Naquela época, Itapira se chamava Penha do Rio do Peixe. A cerca de 170 km da capital, era mais uma das cidades paulistas que fizeram riqueza a partir das grandes fazendas de café e da exploração da mão de obra escravizada.

Às vésperas da abolição, São Paulo era uma das províncias mais resistentes à ideia de libertar os negros escravizados e, não por acaso, uma das que concentravam maior contingente dessa população no país.

Em 1887, de acordo com as estatísticas de povoamento reunidas pelo IBGE, São Paulo contabilizava cerca de 107 mil escravizados, volume superado apenas por Minas Gerais (191,9 mil) o Rio de Janeiro (162 mil). Juntas, as três províncias concentravam pouco mais de 63% do total.

Em paralelo, o movimento abolicionista que nascera na década de 1870 ganhava força.

De um lado, associações abolicionistas tentavam sensibilizar a opinião pública por meio da imprensa e realizavam eventos para angariar apoio e recursos que seriam usados para comprar alforrias, por exemplo.

De outro, os negros escravizados empreendiam fugas, faziam poupança para tentar comprar a liberdade e entravam na Justiça para reivindicar sua alforria.

A polícia era convocada a reprimir as revoltas — mas também passou a se rebelar.

Esse era o caso de Joaquim Firmino, que nascera em Mogi Mirim e assumira o cargo de delegado de polícia em 1885, aos 30 anos.

"Naquele tempo, o cargo de delegado era indicado. Geralmente era alguém que cumpria ordens (das elites locais), um pau mandado — coisa que ele não foi", diz o historiador Eric Apolinário, morador de Itapira, que está escrevendo um livro sobre o episódio. Intitulada O Crime da Penha, a obra deve ser lançada em 2021.

O delegado fazia parte de uma agremiação abolicionista, o Clube Cosmopolita, e com frequência se recusava a prender "escravos fugidos", a denominação que se usava na época. Chegou a acobertar fugas, muitas delas com destino ao quilombo Jabaquara, em Santos, e a esconder "fugitivos" em sua própria casa.

O comportamento desagradava os "barões do café", entre eles João Baptista de Araújo Cintra, fazendeiro de Atibaia que, por sua vez, era próximo de James Hankins Warne, um inglês que viveu nos EUA antes de vir para o Brasil e que lutou na guerra civil do país ao lado dos americanos que eram contra o fim da escravidão.

Warne era casado com a sobrinha de João Baptista, Joaquina de Araújo Cintra, e administrava uma fazenda que comprou dos sogros em Penha do Rio do Peixe.

Ele e o colega americano John Jackson Klink, que também foi combatente do exército confederado, estão entre milhares de imigrantes que vieram do sul dos Estados Unidos para o interior paulista atraídos pelos subsídios e incentivos fiscais oferecidos por Dom Pedro 2º na tentativa de desenvolver novas técnicas agrícolas e novas culturas no Brasil.

Cidades como Americana e Santa Bárbara Do Oeste se tornaram colônias de imigrantes americanos nesse período.

Os relatos sobre a madrugada de 11 de fevereiro de 1888 descritos no processo judicial aberto após o assassinato do delegado — e uma das principais fontes de informação utilizadas pelo historiador Eric Apolinário para reconstruir aquele dia — dão conta de que Warne e Klink incitaram moradores da cidade a se vingarem de Joaquim Firmino.

A intenção inicial, conforme os documentos, era dar-lhe "um susto".

Cerca de um mês antes, diz Apolinário, o delegado disse a fazendeiros da cidade que não era função da polícia ir atrás de "escravos fugitivos". A briga chegou a ser judicializada, mas o delegado manteve sua posição.

Na noite do assassinato, cerca de 200 pessoas armadas com facas, espingardas e porretes foram à casa de Joaquim Firmino, cercaram-na e começaram a disparar. O imóvel crivado de balas sobreviveu até 1970, quando foi comprado e demolido.

Ao perceber que os invasores haviam quebrado as janelas e já entravam pela porta da frente, o delegado mandou a esposa, Valeriana, e os filhos se esconderem e tentarem se salvar.

Julieta, de 9 anos, chegou a se ajoelhar e pedir a um dos agressores que não matassem o pai.

Ele foi espancado até à morte no quintal.

Relato sobre o assassinato corre o paísO crime teve grande repercussão nacional.

O artista Angelo Agostini, abolicionista famoso que escrevia e desenhava para a Revista Illustrada, viajou do Rio de Janeiro para Penha do Rio do Peixe para retratar o episódio.

"A imprensa abolicionista passa a falar sobre o caso, tenta transformar Joaquim Firmino em uma espécie de mártir", diz Apolinário.

Segundo o historiador, algumas fontes dizem que o relato sobre o episódio chega ao Império e aos ouvidos da princesa Isabel, que já vinha sendo pressionada por deputados e senadores e por parte da opinião pública a acabar com a escravidão.

Três meses depois, no dia 13 de maio de 1888, ela sancionou a Lei Áurea.

O assassinato de Joaquim Firmino, diz Angela Alonso, professora livre-docente do Departamento de Sociologia da Universidade de São Paulo, "foi decisivo para acelerar o abandono do escravismo por parte das elites sociais".

"Isso porque apontou a possibilidade da guerra civil, isto é, que a desobediência civil dos abolicionistas (o incentivo à fuga de escravos) poderia ser respondida por milícias privadas a soldo de proprietários de escravos resistentes à abolição. Estas duas mobilizações políticas correriam ao largo do Estado, tirando, assim, das elites políticas a possibilidade de dirigir o processo político em torno da escravidão", diz a autora de Flores, Votos e Balas: O movimento abolicionista brasileiro (1868-88).

De Penha do Rio do Peixe a Itapira

Nos anos seguintes, diz o historiador itapirense, a elite local tenta apagar a memória do crime. Um dos maiores indicativos nesse sentido, para ele, foi a mudança de nome da cidade em 1890.

O idealizador do projeto foi um dos próprios acusados, John Jackson Klink, que também era presidente da Câmara Municipal. O argumento era que "a Penha" estava marcada de maneira muito negativa no cenário nacional.

Joaquim Firmino foi enterrado em Mogi Mirim — até hoje não se sabe a localização exata. A esposa, Valeriana, viveu por mais três décadas, tendo de cruzar com os algozes do marido na cidade.

O delegado não tem mais descendentes vivos. "Uma neta faleceu nos anos 90 sem deixar herdeiros", diz Apolinário.

A história ficaria guardada por quase um século, até um memorialista resgatá-la na década de 1950. A obra, entretanto, só seria publicada nos anos 2000, ele acrescenta, em meio à pressão de descendentes dos acusados para que a memória do caso não voltasse a circular.

Apolinário, que há anos também pesquisa sobre o passado da cidade, organizou em 2016 uma exposição sobre o "crime da Penha" no Museu Histórico de Itapira, onde é coordenador, e segue contando às novas gerações sobre o caso.

Quem matou o delegado?

Cerca de 20 pessoas foram acusadas pelo assassinato.

Para preparar sua defesa, eles contrataram por uma grande soma Brasílio Machado, advogado famoso na época, professor da Faculdade de Direito de São Paulo — que conseguiu, ao final, que todos os réus fossem absolvidos.

O processo está hoje no Museu do Palácio da Justiça em São Paulo, como documento histórico.



\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\17622icones.txt
\\windows-pd-0001.fs.locaweb.com.br\WNFS-0002\brasilbook3\Dados\cristiano\registros\17622yf.txt


Dandara*
Data: 01/01/1694
Créditos/Fonte: Domínio público
(m)(ez)


ID: 6288



EMERSON


11/02/1888
ANO:85
  


Sobre o Brasilbook.com.br

Freqüentemente acreditamos piamente que pensamos com nossa própria cabeça, quando isso é praticamente impossível. As corrêntes culturais são tantas e o poder delas tão imenso, que você geralmente está repetindo alguma coisa que você ouviu, só que você não lembra onde ouviu, então você pensa que essa ideia é sua.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação, no entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la. [29787]

Existem inúmeras correntes de poder atuando sobre nós. O exercício de inteligência exige perfurar essa camada do poder para você entender quais os poderes que se exercem sobre você, e como você "deslizar" no meio deles.

Isso se torna difícil porque, apesar de disponível, as pessoas, em geral, não meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.

meditam sobre a origem das suas ideias, elas absorvem do meio cultural, e conforme tem um sentimento de concordância e discordância, absorvem ou jogam fora.Mas quando você pergunta "qual é a origem dessa ideia? De onde você tirou essa sua ideia?" Em 99% dos casos pessoas respondem justificando a ideia, argumentando em favor da ideia.Aí eu digo assim "mas eu não procurei, não perguntei o fundamento, não perguntei a razão, eu perguntei a origem." E a origem já as pessoas não sabem. E se você não sabe a origem das suas ideias, você não sabe qual o poder que se exerceu sobre você e colocou essas idéias dentro de você.

Então esse rastreamento, quase que biográfico dos seus pensamentos, se tornaum elemento fundamental da formação da consciência.


Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa.

Fernando Henrique Cardoso recupera a memória das mais influentes personalidades da história do país.

Uma das principais obras do barão chama-se "Efemérides Brasileiras". Foi publicada parcialmente em 1891 e mostra o serviço de um artesão. Ele colecionou os acontecimentos de cada dia da nossa história e enquanto viveu atualizou o manuscrito. Vejamos o que aconteceu no dia 8 de julho. Diz ele:
1. Em 1691 o padre Samuel Fritz, missionário da província castelhana dos Omáguas, regressa a sua missão, depois de uma detenção de 22 meses na cidade de Belém do Pará (ver 11 de setembro de 1689).
2. Em 1706 o rei de Portugal mandou fechar uma tipografia que funcionava no Recife.
3. Em 1785 nasceu o pai do Duque de Caxias.
4. Em 1827 um tenente repeliu um ataque argentino na Ilha de São Sebastião.
5. Em 1869 o general Portinho obriga os paraguaios a abandonar o Piraporaru e atravessa esse rio.
6. Em 1875 falece no Rio Grande do Sul o doutor Manuel Pereira da Silva Ubatuba, a quem se deve a preparação do extractum carnis, que se tornou um dos primeiros artigos de exportação daquela parte do Brasil.

Ainda bem que o barão estava morto em 2014 julho que a Alemanha fez seus 7 a 1 contra o Brasil.

Ou seja, “história” serve tanto para fatos reais quanto para narrativas inventadas, dependendo do contexto.

A famosa frase sobre Titanic, “Nem Deus pode afundar esse navio”, atribuída ao capitão do transatlântico, é amplamente conhecida e frequentemente associada ao tripulante e a história de criação.No entanto, muitos podem se surpreender ao saber que essa citação nunca existiu. Diversos historiadores e especialistas afirmam que essa declaração é apenas uma lenda que surgiu ao longo do tempo, carecendo de evidências concretas para comprová-la.Apesar de ser um elemento icônico da história do Titanic, não existem registros oficiais ou documentados de que alguém tenha proferido essa frase durante a viagem fatídica do navio.Essa afirmação não aparece nos relatos dos passageiros, nas transcrições das comunicações oficiais ou nos depoimentos dos sobreviventes.

Para entender a História é necessário entender a origem das idéias a impactaram. A influência, ou impacto, de uma ideia está mais relacionada a estrutura profunda em que a foi gerada, do que com seu sentido explícito. A estrutura geralmente está além das intenções do autor (...) As vezes tomando um caminho totalmente imprevisto pelo autor.O efeito das idéias, que geralmente é incontestável, não e a História. Basta uma pequena imprecisão na estrutura ou erro na ideia para alterar o resultado esperado. O impacto das idéias na História não acompanha a História registrada, aquela que é passada de um para outro”.Salomão Jovino da Silva O que nós entendemos por História não é o que aconteceu, mas é o que os historiadores selecionaram e deram a conhecer na forma de livros.

Aluf Alba, arquivista:...Porque o documento, ele começa a ser memória já no seu nascimento, e os documentos que chegam no Arquivo Nacional fazem parte de um processo, político e técnico de escolhas. O que vai virar arquivo histórico, na verdade é um processo político de escolhas, daquilo que vai constituir um acervo que vai ser perene e que vai representar, de alguma forma a História daquela empresa, daquele grupo social e também do Brasil, como é o caso do Arquivo Nacional.

A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

titanic A história do Brasil dá a idéia de uma casa edificada na areia. É só uma pessoa encostar-se na parede, por mais reforçada que pareça, e lá vem abaixo toda a grampiola."

(...) Quem já foi ministro das relações exteriores como eu trabalha numa mesa sobre a qual a um pequeno busto do barão. É como se ele continuasse lá vigiando seus sucessores.Ele enfrentou as questões de fronteiras com habilidade de um advogado e a erudição de um historiador. Ele ganhava nas arbitragens porque de longe o Brasil levava a melhor documentação. Durante o litígio com a Argentina fez com que se localiza-se o mapa de 1749, que mostrava que a documentação adversária estava simplesmente errada.Esse caso foi arbitrado pelo presidente Cleveland dos Estados Unidos e Rio Branco preparou a defesa do Brasil morando em uma pensão em Nova York. Conforme registrou passou quatro anos sem qualquer ida ao teatro ou a divertimento.Vitorioso nas questões de fronteiras tornou-se um herói nacional. Poderia desembarcar entre um Rio, coisa que Nabuco provavelmente faria. O barão ouviu a sentença da arbitragem em Washington e quieto tomou o navio de volta para Liverpool. Preferia viver com seus livros e achava-se um desajeitado para a função de ministro.



"Minha decisão foi baseada nas melhores informações disponíveis. Se existe alguma culpa ou falha ligada a esta tentativa, ela é apenas minha."Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.“O homem é o que conhece. E ninguém pode amar aquilo que não conhece. Uma cidade é tanto melhor quanto mais amada e conhecida por seus governantes e pelo povo.” Rafael Greca de Macedo, ex-prefeito de Curitiba


Edmund Way Tealeeditar Moralmente, é tão condenável não querer saber se uma coisa é verdade ou não, desde que ela nos dê prazer, quanto não querer saber como conseguimos o dinheiro, desde que ele esteja na nossa mão.