toponímia galego-portuguesa e brasileira José Cunha Oliveira
24 de março de 2006, sexta-feira Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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das quatro bisavós que me couberam em sorte, uma era brasileira. não a conheci nem sei de onde veio, ou se era apenas uma ex-emigrada no Brasil, daquelas de que se ocupou o nosso escritor oitocentista Camilo Castelo Branco. sei que era "Ribeiro". na casa dos meus avós maternos, em S. Torcato, Guimarães, ouvia falar desse tronco "brasileiro" que, aliás, dava motivo de alcunha a esse filão genealógico. falava-se por lá um português muito próximo do galego, ao menos no léxico e em certas particularidades da pronúncia. mas lembro-me que havia palavras de uso comum que tinham vindo do Brasil. uma delas era o "côco", nome que se dava ao caneco de tirar a água do cântaro.do tempo dessa bisavó e filho do Brasil tamém, tinha lá um papagaio que viu morrer e nascer várias gerações de gente. bem amestrado e bem falante, o papagaio era o garçon da loja. assim que chegava alguém, logo chamava: "- ó António, anda à loja!" e quando o cliente se aprontava para sair coa encomenda, assim o bicho lembrava: "- pagar que não esqueça..."isto não faz tanto tempo, nem eu sou assim tão velho que tudo se passasse no tempo em que os animais falavam. mas, para o bem e para o mal, Portugal mudou tanto que é já difícil compreender como esses tempos fazem parte do mesmo país.mas foram esses tempos o suficiente para que fizesse parte de mim a cultura comum galego-portuguesa e brasileira.até aqui tenho ocupado a grande maior parte do blogue com as raizes comuns galego-portuguesas, visíveis na Toponímia à vista desarmada.é a vez de falar da toponímia tupi-guarani. parecerá que nada tem que ver com a cultura e a língua de origem ibérica, indo-europeia na sua maior parte. pois não tem. mas tem uma importância fundamental na compreensão de como se forma a Toponímia de um país.o povo nativo é o que dá o nome aos rios, às serras, às praias, aos campos, à natureza não transformada pelo homem. em grande parte do Brasil, o povo nativo fala(va) o tupi-guarani nos seus diversos dialectos. há, ainda, topónimos que não são europeus nem tupi-guarani. mas formam uma minoria que por agora não interessa.não existe melhor forma de compreender como nasce um topónimo que a de estudar a toponímia brasileira tupi-guarani, pois que por cima da camada nativa vem apenas e logo o português. as homofonias com o léxico português, que por vezes aparecem, são curiosas. e algumas já nós vimos, como o caso dos topónimos brasileiros em "Boi".alguns topónimos tupi-guarani (de A a C) e seu significado em português:
alguns topónimos tupi-guarani (de A a C) e seu significado em português:Aguapey ou Aguapí - de aguape (nenúfar)+y (água, rio): "rio dos nenúfares". poderia evoluir para "água-pé", formando um falso (e disparatado) topónimo portuguêsAiba - "matagal", "brenha". na toponímia galego-portuguesa: "Brenha"Andaray - de andyray (morcego)+y (água, rio): "rio dos morcegos"Anhangabaú - de anhangá+bá (malefício do diabo)+y (água, rio): "rio do(s malefícios do) diabo"Anhangay, Anhangaí - de anhangá+y: "rio do diabo" Apetumbu ou Apetumby - "estrada poeirenta" Apeturibú, Apottribú - "estrada da fonte" Apiay - "lugar úmido, alagado" (ocorre em lugares de mineração, de chumbo por exemplo) Apiteribú, Apoteribu, Poteribú, Potribú - "fonte do meio" Aporã - "lugar bonito no alto". o mesmo que "Belavista" ou "Boavista" em português (Cf. Belvedere)Apuã - "monte, colina, môrro arredondado", "cabêço", "cabêça"Apyra - "ponta, cabo, fim da terra" (Cf. Fisterra - Gz. - e Finisterre - F)
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!