22 de março de 2014, sábado Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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Existe uma linha horizontal gravada na fachada de uma antiga usina geradora de energia a diesel, onde recentemente funcionou a Usina Cultural Ettore Marangoni. O risco na parede revela a altura alcançada pelo rio Sorocaba na histórica enchente registrada há 85 anos na cidade. Logo acima da marca há a data exata da inundação, descrita em algarismos romanos: 20 de janeiro de 1929.
O casarão em estilo inglês foi construído à margem direita do rio Sorocaba, ao lado da linha férrea e próximo da atual praça Lions. Basta ficar em frente ao portão principal da antiga usina, olhar para o curso da água e imaginar o volume de chuva que caiu entre os dias 14 e 20 de janeiro daquele ano.
Fotografias retratam a histórica enchente. As imagens mostram pontos alagados na esquina das ruas Coronel Cavalheiros e Leopoldo Machado, na cabeceira da ponte que ligava a rua XV de Novembro com a Nogueira Padilha, na Vila Amélia, e até no paredão da represa de Itupararanga.
As chuvas começaram a afetar a vida dos sorocabanos a partir do dia 17, como consta nos arquivos do jornal Cruzeiro do Sul. O município ficou sem água encanada, pois os dutos foram rompidos. O serviço postal foi cancelado.
Os acessos rodoviários para São Paulo, Itu e Itapetininga foram fechados pelas enchentes e deslizamentos de terra. O mesmo ocorreu com os trajetos feitos pelos trens da Estrada de Ferro Sorocabana. Sem a entrada de gado para a matança, a carne ficou escassa na cidade.
O serviço telefônico não foi danificado. Uma parte do muro do cemitério da Saudade caiu, na antiga rua Ipanema — atual rua Comendador Hermelino Matarazzo. Seis casas de uma vila desabaram na rua Coronel Nogueira Padilha. O famoso jeitinho brasileiro também entrou em cena: com 500 réis era possível pagar um serviço de travessia de barco entre a rua Coronel Cavalheiros até a ponte.
No dia 18, o Teatro São Raphael recebeu 59 pessoas desabrigadas pela chuva, todas moradoras das zonas ribeirinhas. O então prefeito de Sorocaba, João Machado de Araújo e o delegado regional de polícia, Walter Autran, distribuíram uma nota à população. O texto pedia aos moradores que denunciassem comerciantes que abusassem dos preços dos produtos, em decorrência do caos que se encontrava a cidade.
O empório São Carlos, estabelecido logo na entrada da Nogueira Padilha, foi forçado a mudar de local devido à grande enchente. O estabelecimento foi para a rua Brigadeiro Tobias, onde permaneceu de forma definitiva.
Em 21 de janeiro, o Esporte Clube São Bento fez um baile público com entrada paga a favor das vítimas da enchente. Foram arrecadados 100 réis. A Livraria São Luiz, de Luiz Vieira, também colocou à venda alguns exemplares de fotografias da enchente.
Já o posto sanitário da rua da Penha, número 12, distribuiu à população as chamadas lympha vaccinica anti-typhica injetáveis. A água começou a baixar em 23 de janeiro. Tudo indica que duas pessoas morreram em Sorocaba em decorrência da enchente.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!