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JOÃO BLOEM: um engenheiro militar prussiano no Brasil e em Sergipe do século XIX - blogprimeiramao.com.br
    22 de fevereiro de 2022, terça-feira
    Atualizado em 12/06/2025 16:40:19

  
  
  


Amâncio Cardoso.Muitos desconhecem que alguns projetos e obras de engenharia em Sergipe, ainda hoje existentes, foram realizados por João Bloem, engenheiro militar do Exército brasileiro com vários serviços prestados ao Império.

João (ou Hans) Bloem nasceu em 1798, na cidade de Krefeld, localizada no então Reino da Prússia, atual Alemanha. Ele veio à América do Sul, em 1818, para combater pela Marinha do Chile na guerra de independência do país andino.

Anos depois, Bloem aportou no Brasil em março de 1823 para também participar de batalhas navais na guerra de independência pela Armada brasileira, em Salvador. Ele ganhou medalha do governo imperial por enfrentar a resistência das tropas portuguesas, comandadas pelo General Madeira, contrárias à emancipação do país, com focos na Bahia e no Maranhão.

Nesse período, D. Pedro I (1798-1834) contratou militares europeus, comandados pelo experiente almirante escocês Thomas Cochrane (1775-1860), que também veio do Chile com Bloem, para expulsar os portugueses. Consolidada a independência política do Brasil, Bloem se tornou membro militar do corpo de engenheiros do 1º Império, elaborando plantas e dirigindo obras nas províncias do Ceará; Pernambuco; São Paulo e Sergipe.

No Ceará, em 1824, Bloem foi ferido gravemente em combate contra os revoltosos da Confederação do Equador, e ainda fez parte da comissão militar que julgou os cearenses que se envolveram na Confederação. Já em Pernambuco, ele comandou em 1826 a ilha de Fernando de Noronha. Em Recife, ele fez o plano de arruamento do aterro no bairro dos Afogados. Além disso, Bloem dirigiu, em 1829, uma colônia de trabalhadores alemães, a “Colônia Santa Amélia”, próxima ao Recife. Em 1830, a Câmara do Recife nomeia-o “encarregado da arquitetura da cidade”.

De Pernambuco Bloem foi para São Paulo em 1834. Aí, o engenheiro militar foi nomeado, pelo regente liberal Diogo Antônio Feijó (1784-1843), diretor da Real Fábrica de Ferro “Fundição de São João de Ipanema”, em Sorocaba, de 1835 a 1842. Neste último ano, ele foi preso entre novembro de 1842 e dezembro de 1843, por participar da revolução liberal paulista. Por isso, Bloem foi afastado da Fábrica. Logo depois, foi inocentado por falta de provas e saiu da prisão, retornando ao Serviço de Engenharia do Exército. Assim, ele foi absolvido e agraciado com a patente de tenente coronel.

Em julho de 1844, João Bloem foi enviado pelo Governo Imperial a Sergipe. Ele veio assumir o cargo de diretor da repartição de obras públicas, onde iria permanecer até 1848. Na província sergipana, Bloem foi responsável pela limpeza e desobstrução do rio Japaratuba, entre setembro de 1844 e maio de 1845. Esta limpeza beneficiou seis engenhos da região, que há cerca de quarenta anos não plantavam cana em suas várzeas por conta das obstruções fluviais. Ainda em 1845, Bloem também dirigiu a limpeza do rio Siriri.

Nesse mesmo ano, o engenheiro militar levantou a planta e executou a Ponte Nova, ou do Açougue, na cidade de Laranjeiras. Essa ponte foi concluída no ano seguinte, em 1846. Ela ainda é utilizada pelos laranjeirenses e é considerada um patrimônio histórico-arquitetônico da cidade. Quando o Imperador Pedro II (1825-1891) esteve em Laranjeiras, em 1860, ele fez questão de visitar a Ponte Nova, “trabalho que atesta a perícia” do engenheiro militar, como registrou Sua Majestade. Com essa visita, Dom Pedro II reconheceu os préstimos que Bloem fizera ao país.Em Sergipe, João Bloem também elaborou plantas de estradas, de porto, de alfândega, de pontes e cartas corográficas. Eis uma lista de alguns trabalhos executados por ele em 1846: reforma da praça do mercado de São Cristóvão; projeto de uma nova estrada entre São Cristóvão e Laranjeiras; carta corográfica entre o Rio São Francisco e a estrada de Vila Nova (Neópolis); planta do Porto das Redes e projeto de uma alfândega; planta da cidade de São Cristóvão; plano para uma cadeia para as cidades de Laranjeiras e São Cristóvão; carta corográfica para divisão das comarcas e termos da província; projeto de uma ponte na cidade de Estância e um projeto da estrada para Laranjeiras através do povoado Mussuca. O ano de 1846 foi o mais concorrido para João Bloem em Sergipe.Já em 1847, Bloem dirigiu o início das obras da Atalaia da barra do Cotinguiba, sendo exonerado do cargo antes de seu término. Segundo ele, problemas de falta de recursos humanos, materiais e financeiros impediram a conclusão da obra. A Atalaia era um mirante de madeira, coberto com placas de zinco, para sinalizar a entrada e saída de embarcações na foz do rio Sergipe, à época denominado de Cotinguiba, onde depois foi instalado o antigo farol de metal, na Farolândia.Ainda no mesmo ano, Bloem tentou uma cadeira de deputado na Assembleia Provincial em São Cristóvão, mas só obteve um voto, perdendo para alguns caciques da política local, tais como: João Gomes de Melo (Barão de Maruim), José da Trindade Prado (Barão de Propriá) e Joaquim Martins Fontes (várias vezes presidente da província).Em Sergipe, Bloem entrou em desavença com o responsável pelo almoxarifado das obras públicas e com o próprio presidente da província, por problemas de atraso no pagamento, falta de material, demora na liberação de verbas, centralização administrativa e más condições de trabalho. Bloem acusou o almoxarife de furtar o dinheiro para pagar os trabalhadores contratados, afirmando que o chefe do almoxarifado “em vez de coadjuvar os engenheiros, os embaraça por quanto meio há”.

Talvez por conta dessa situação embaraçosa, Bloem tenha saído de Sergipe no final de 1848, após quatro anos de serviços aqui prestados. Obedecendo à sua solicitação, o Imperador D. Pedro II o transferiu para Salvador-BA, onde ele também assumiu a Diretoria de Obras até 1850, com muitos trabalhos executados. No ano seguinte, em fevereiro de 1851, o engenheiro militar prussiano foi designado para o Exército do Rio Grande do Sul.

Dois meses depois, no dia 22 de abril de 1851, João Bloem foi encontrado morto de forma misteriosa, em Porto Alegre, aos 53 anos de idade. A causa da morte, conforme certidão de óbito, fora “suicídio por alienação mental”. Ele teria disparado, conforme o laudo, um tiro de revólver na própria cabeça. Bloem foi sepultado no cemitério da Misericórdia da capital gaúcha. O engenheiro militar deixou esposa e filhos. Ele se casou em Pernambuco com Maria Carolina de Albuquerque e Mello, com quem teve três filhos: Anthero Augusto, José Maria e Joaquim; todos com sobrenome Albuquerque Bloem.

João Bloem viveu mais tempo no Brasil do que em sua pátria. Pela sua vivência em nosso país, responsável por grandes obras e cargos estratégicos, inferimos que o tenente coronel do Corpo Imperial do Exército teria muitos desafetos que o levassem à desgraça, como os enfrentados em Sergipe. Supomos que foi difícil para ele, educado na disciplina da caserna e da escola prussiana do século XIX, se acostumar com o corrompido esquema de obras públicas que então vigorava, e ainda vigora, no Brasil.






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