| ESCOLAR NO FINAL DO SÉCULO XIX E INÍCIO DO SÉCULO XX* | | 1 de março de 2009, domingo Atualizado em 22/06/2025 04:10:59
Maria, Santa Rosália e Fonseca. Em alguns casos, o chamado “serão” era estendido até a madrugada. O jornal denunciava que essas jornadas de trabalho muito longas impediam que os menores em serviço freqüentassem as escolas noturnas, contribuindo para o aumento do número de semi-analfabetos (O Operário, 02/10/1909). Outro aspecto denunciado pelo jornal eram os castigos corporais, aos menores, realizados pelos contramestres e fiscais das seções da Fábrica N. Sª. da Ponte (O Operário, 12/12/1909). O trabalho menor também era utilizado nas fábricas, porém combatido e denunciado. Nas longas jornadas de trabalho existia a má alimentação, o cansaço em demasia dos pequenos operários de 10 e 12 anos, que trabalhavam como ajudantes dos operários principais, causando-lhes diversos acidentes, algumas vezes graves. (O Operário, 24/07/1910) Esses e outros fatos (Cf. CARMO, 2005; 2006; 2007), remetem-nos a considerar que a imigração para a cidade de Sorocaba e a mudança do processo de produção com a implantação das indústrias caracterizada pelas relações entre capital e trabalho em que estabelecem a obrigatoriedade da venda do único bem que o trabalhador imigrante e local possui a força de trabalho. É exatamente durante esse exercício cotidiano que se desenvolvem algumas das mais (senão a mais) importante contradição das relações sociais - as relações contraditórias do trabalho, que podem ser contempladas pela organização das sociedade dos trabalhadores e pela experiência escolar. As associações imigrantes italianas Na gênese do processo de industrialização em Sorocaba, como já registramos, houve a criação de várias associações das mais variadas posições políticas e ideológicas. Não podemos deixar de considerar que as divergências entre essas correntes oriundas das lutas ideológicas já eram travadas no país de origem e foram trazidas para o Brasil e suas províncias. (Cf. GALLI, 1998; BRESSO, CEREJA, GARIGLIO, 1989; GOBETTI, 1995; BATALHA, 1995; RODRIGUES, 1988, 1972; FAUSTO, 1976)Segundo ARAUJO NETO (2005) é possível já constatar, no mínimo dois aspectos relevantes dessas associações quanto à sua organização: 1) eram compostas por imigrantes, mostrando que no Brasil muitas vezes (mas nem sempre), as primeiras iniciativas de se organizarem sociedades operárias partiram dos estrangeiros; 2) o próprio caráter contraditório que elas possuíam, sendo, no caso da primeira, uma homenagem permanente a um monarca, e, no caso da segunda, tendo um elemento proeminente da colônia em sua diretoria, que, no ano seguinte, iniciaria atividades empresariais que o transformariam em grande capitalista e, ao mesmo tempo, ser uma sociedade operária. (ARAUJO NETO, 2005:48) No caso de Sorocaba, que não era diferente do que acontecia em outras cidades e estados, podemos citar os movimentos e associações ligados aos trabalhadores, na sua maioria compostas por imigrantes europeus, cuja função principal era o auxilio mútuo. Essas associações estavam ligadas aos ofícios e à proteção mutualista, que traziam, também, do Velho Mundo as novas idéias que rondavam os meios operários.
As primeiras alusões sobre as associações italianas em Sorocaba ligadas aos operários foram a Societá Operaria Umberto I, constituída em 11 de outubro de 1885 de cunho monárquico. “Essa era composta por mais de 200 italianos da colônia de Sorocaba é uma das mais importantes, entre as cidades, segundo a ordem desta no império” (IRMÃO ALEIXO, 1999: 320). Essa associação era composta pelo Presidente “João Cozzetti; ViceAntonio Catalano; 1º Sec. Franscico Matarazzo; 2º Sec. José Válio; 1º Tes. Angelo Rizzo; 2º Tes. Franscisco Cozzetti” (Id., Ibem). Há registros, ainda, nesse mesmo período da Societá Operaria Italiana di e Mutuo Soccorso e Beneficenza só para italianos (Cruzeiro do Sul, 22 de Nov. 1905). Era composta pelo Prof. Constabile Sergio, da Scuola Coloniale Italiana e da Societá Italiana de Mutuo Socorro (Cruzeiro do Sul, 12 de Out. 1904), presidida por C. Matarazzo e pelo professor da escola da cidade de Votorantim José Rizzo. Esta associação tinha caráter “garibaldino” de cunho republicano. A Societá Operaria Umberto I detinha a influência sobre a elite sorocabana e a Societá Operaria Italiana di e Mutuo Soccorso e Beneficenza detinha a mesma influência e interesses dos mesmos grupos pertencentes às colônias, tendo um caráter mais nacionalistas do que de classe.
Num primeiro momento, o que podemos verificar quanto a essas sociedades é que em seu bojo havia uma necessidade da organização em torno do nacionalismo patriota, embora essa fosse divergente devido às posições políticas que ambas assumiam. A Societá Operaria Umberto I, de cunho monárquico e a Societá Operaria Italiana di e Mutuo Soccorso e Beneficenza, de expressão garibaldiana, tinham como princípio a ajuda mútua para os operários. Essa preocupação de organização operária é vista antes mesmo da República no Brasil, o que nos remete a inferir que essas sociedades operárias tinham um caráter tênue quando pensada na ótica das lutas de classes. Embora isso ocorresse pela própria incongruência da própria classe operária que ainda estava em formação constituíam em um caráter muito mais nacionalista do que contraditório de classe presente na ideologia proletária. Isso, porém começa a tomar outros rumos com o progresso da cidade, visto nas primeiras fábricas com a chegada de mais imigrantes de várias nacionalidades que trazem consigo, não só as experiências operárias, mas também de luta por melhores condições de salário e de trabalho. Nesse período acentuam-se as contradições entre trabalho e capital, através das organizações operárias, que são vistas no início do século XX, como um perigo para os industriais e comerciantes. Esse sentimento de perigo era registrado nos discursos dos socialistas e anarquistas sem, contudo, descartar as greves que foram realizadas nas últimas décadas do XIX, como na fábrica de chapéus de Pereira & Villela, nos anos de 1890, e as reivindicações dos trabalhadores do comércio pela redução da jornada de trabalho, em 1888 (Diário de Sorocaba, 13 Nov.1888). As paralisações dos trabalhadores em diversas regiões e principalmente na capital federal fizeram com que os donos do capital ficassem mais atentos com a organização operária. Embora a história mostre que os donos dos meios de produção controlavam a imprensa e outras instituições sociais, no caso de Sorocaba, constata-se que vieram atacar não só todas as formas políticas que eram contraditórias ao progresso, mas a observar melhor algumas das organizações operárias que surgiram na virada do século. Alguns republicanos descontentes com o governo e opositores da política municipal passam incutir, em algumas organizações operárias, suas posições políticas o que propicia a abertura de espaço na imprensa local em nome do “progresso da nação”. (Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 13 de Jan. 1904). Embora bastante valorizadas nos discursos, estas associações não exerceram maior atração junto aos operários locais. Há registros que só 200 trabalhadores aderiram à Sociedade Beneficente União Operária. (Cruzeiro do Sul, 04 de Jan. 1905), que funcionava através das mensalidades dos associados e se situava uma sede na Rua São Bento (Cruzeiro do Sul, 19 de Out. 1904) e que no ano seguinte foi transferida para a Rua do Rosario, nº 26 (Cruzeiro do Sul, Sorocaba, 19 de Jul. 1905). Seu presidente, Pedro de Mello Pacheco, aproximava-se da alta sociedade sorocabana e, contraditoriamente, [p. 113]
| | | 11 de outubro de 1885, domingo | ID: 8085 |
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31 |
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