29 de junho de 2025, domingo Atualizado em 30/06/2025 00:22:00
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O Caminho de Peabiru foi uma grande rota transcontinental, de cerca de 3 mil quilômetros de extensão, que ligava o Oceano Pacífico ao Oceano Atlântico. De acordo com as pesquisadoras Ana Paula Colavite e Mirian Vizintim Fernandes Barros, não é possível identificar com certeza qual etnia ou grupo indígena criou o caminho; no entanto, os índios guaranis foram seus maiores usuários.
“Na nomenclatura desta tribo, a palavra Peabiru é uma derivação de “Tape Aviru” ou “Ta pe a beyuy”, podendo ser traduzida como caminho forrado, caminho antigo de ida e volta, caminho pisado, caminho sem ervas, e apresentava um forte significado para esta tribo, pois era considerado o caminho para a Terra sem Mal, pelo qual os indígenas caminham em busca do paraíso”, escrevem as pesquisadoras.
Primeiramente, não é possível identificar corretamente a data em que esse caminho foi criado, razão pela qual optamos por registrá-lo como um marco do período pré-colonial. A estudiosa Rosana Bond afirma que, antes da chegada de Cristóvão Colombo à América, em 1492, o Caminho de Peabiru já era a mais importante “estrada” transcontinental de toda a América do Sul (ROCHA, 2015).
No Brasil, os estudos sobre esse caminho ganharam força através de pesquisas que buscam identificar a sua utilização no estado do Paraná, visto que um dos principais troncos da rota corta o estado de leste a oeste.
O primeiro mapa que mostra um trecho da rota foi realizado pelo naturalista alemão Reinhard Maack (1892–1969). Explorador do território paranaense, o pesquisador conseguiu reconstruir o Caminho de Peabiru com base nas anotações feitas no século XVI pelo também alemão Ulrich Schmidel.
Apesar de não ter sido o primeiro europeu a percorrer o Caminho de Peabiru – outros, como Aleixo Garcia e Dom Álvar Núñez Cabeza de Vaca, já haviam explorado a rota –, Schmidel elaborou manuscritos que possuem informações valiosas para os estudos relacionados ao tema. De acordo com Maack, Schmidel saiu de Nossa Senhora de Assunção, atual capital Assunção, no Paraguai, chegando a São Vicente, em São Paulo, realizando uma travessia de aproximadamente seis meses.
Por meio dos relatos de viagem de Schmidel, Maack foi capaz de elaborar um mapa bastante elucidativo quanto aos caminhos percorridos pelos indígenas nativos do Brasil e de outros países da América Latina.
Mapa Político do Paraná com o Caminho de Peabiru.Adaptado de DNIT (2002) e Maack (2002).Organizado por Ana Paula Colavite
O Caminho de Peabiru foi fundamental na exploração de tais territórios depois da chegada dos europeus, tanto na expansão da colonização espanhola quanto da portuguesa. As pesquisadoras Ana Paula Colavite e Mirian Vizintim Fernandes Barros afirmam que existem poucas referências sobre a rota, mas que é possível identificar a existência de um ramal principal, ramificações secundárias que levam até o caminho principal e, ainda, caminhos e picadas que interligavam inúmeros povoamentos indígenas com a rota.
Sobre o Itinerário de Ulrich Schmidel com o Caminho de Peabiru em destaque;Adaptado de Maack (2002).Organizado por Ana Paula Colavite
O ramal principal apresentava duas ramificações: uma, que vinha do litoral de Santa Catarina, e outra, do litoral de São Paulo, encontrando-se no primeiro planalto Paranaense, por onde seguiam, em sentido oeste, passando pelo Mato Grosso do Sul, Paraguai, Bolívia e Peru.
Atualmente, o Caminho de Peabiru encontra-se desconfigurado pelo crescimento das atividades agrícolas, pela urbanização e pela construção de novas estradas e rodovias. O esforço dos pesquisadores, porém, lança luz sobre a existência dessa rota tão significativa para que se conheça as atividades e as histórias de nossos antepassados indígenas.
Referências Bibliográficas:BOND, Rosana. História do Caminho de Peabiru–Descobertas e segredos da rota indígena que ligava o Atlântico ao Pacífico. Rio de Janeiro: Aimberê, 2009.COLAVITE, Ana Paula; BARROS, Mirian Vizintim Fernandes. Geoprocessamento aplicado a estudos do caminho de Peabiru. Revista da ANPEGE, v. 5, n. 05, p. 86-105, 2009.MAACK, R. Sobre o Itinerário de Ulrich Schmidel Através do Sul do Brasil (1552 – 1553). Curitiba – PR, 1959.ROCHA, Arléto Pereira. O Caminho de Peabiru: implicações em seu tombamento como patrimônio material e imaterial. In: VII Congresso Internacional de História. Universidade Estadual de Maringá. 2015.TONELLI JUSTINIANO, Oscar. El Peabirú chiquitano: ensayo sobre el ramal chiquitano de una ruta interoceánica prehistórica. 2007.
OII!
Mapa adaptado por Maak Data: 01/01/2002 Organizado por Ana Paula Colavite. Ver: COLAVITE, Ana Paula; BARROS, Miriam Vizintim Fernandes. Op cit, v.5, p.93, 2009. O artigo traz um estudo acurado acerca das localizações geográficas do extenso caminho do Peabiru. Além disso, por meio do uso de ferramentas georreferenciadas, os autores traçaram as rotas equivalentes às configurações territoriais atuais. O relato mais conhecido acerca do caminho do Peabiru foi feito pelo alemão Ulrich Schimidel, em meados do século XVI, e na década de 1950 foi estudado por Reinhard Maack. Ver: MAACK, R. Sobre o itinerário de Ulrich Schmidel através do Sul do Brasil (1552-1553). Curitiba, PR, 1959
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GEOPROCESSAMENTO APLICADO A ESTUDOS DO CAMINHO DE PEABIRU Data: 01/01/2009 Página 4 do pdf
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GEOPROCESSAMENTO APLICADO A ESTUDOS DO CAMINHO DE PEABIRU Data: 01/01/2009 Página 13 do pdf
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