A cópia setecentista do mapa de Jacobo Cocleo: leituras e questões Márcio Roberto Alves dos Sa
maio de 2011, domingo Atualizado em 30/07/2025 04:56:56
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RESUMOA carta geográfica intitulada Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil / Extraído do original do P.eCocleo é discutida a partir das leituras antigas e contemporâneas dele realizadas e das questões sugeridas pelos problemas de datação, elaboração de cópias e alterações no original. São propostos e desenvolvidos, a partir dessa fonte cartográfica, problemas históricos ligados à formação territorial do centro-sul da América portuguesa e à interiorização da ocupação luso-brasileira, entre as últimas décadas do século XVII e as primeiras do seguinte. Além da cópia do mapa de Jacobo Cocleo, são utilizadas outras fontes cartográficas, todas elas produzidas na primeira metade do século XVIII.ABSTRACTThe geographic map entitled Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil / Extraído do original do P.eCocleo is discussed based on contemporary and ancient interpretations and the questions suggested by the problems of dating, making of copies and changes to the original. Historical problems related to the territorial formation of the south-central area of Portuguese America and the internalization of the Luso-Brazilian occupation, between the last decades of the seventeenth century and the first of the next, are proposed and developed based on this cartographic source. Besides the copy of the map of Jacobo Cocleo, are used other cartographic sources, all of them produced in the first half of the eighteenth century.PALAVRAS-CHAVE: Cartografia histórica, Jacobo Cocleo, Ocupação e povoamento.INTRODUÇÃOA carta geográfica intitulada Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil / Extraído do original do P.eCocleo1consiste numa peça colorida, desenhada a nanquim, aquarelada e gravada em papel canson telado, de dimensões de 224 centímetros por 120,5 centímetros2. A legenda exibe quatro categorias de representação: catedrais, igrejas e capelas, fazendas e caminhos. Uma rosa dos ventos foi finamente representada. A moldura é formada por linhas cheias, entre as quais foram indicadas as coordenadas 1 Mapa da maior parte da costa, e sertão, do Brasil / Extraído d[p. 101]
geográficas do mapa. A escala foi indicada em léguas portuguesas, léguas hispânicas e léguas francesas, às quais correspondem, respectivamente, as medidas de 18 por grau, 17 por grau e 20 por grau. O mapa não exibe ilustrações. Não há indicação de autoria ou data de confecção da peça.O espaço representado abrange a maior parte da costa e parte significativa do interior da América portuguesa. O litoral representado tem como limite norte o Maranhão e sul a costa catarinense, na altura de Laguna. Pelo interior, o mapa abarca as Minas Gerais, o interior da capitania do Rio de Janeiro, as vilas da capitania de São Paulo e Minas do Ouro, as terras do sertão baiano e o vale do São Francisco,aprofundando-se até os rios da atual região centro-oeste do Brasil.O mapa apresenta, de imediato, uma peculiaridade interessante. O desenho da carta foi feito aparentemente em posição horizontal, de modo que o eixo sul-norte corre, em relação ao observador, da esquerda para a direita, e não, como é mais comum, de baixo para cima. Por outro lado, os registros textuais (topônimos e notas históricas) foram anotados na posição usual, aparecendo, em razão dessa opção, deslocados de 90 graus em relação ao desenho. Como notou Francisco José Corrêa Martins (2009, p. 7), a posição “deitada” do mapa lembra opção similar utilizada no mapa Portugallia et Algarbia quæ olim Lusitania, mais conhecido como “Portugal deitado”, desenhado por Fernando Álvaro Seco e publicado em 1630. Parece-me, não obstante, que o método de desenho adotado pelo autor do mapa aqui estudado pode ser explicado mais como uma solução prática de trabalho do que como uma inspiração partida do mapa de Seco. Em razão das enormes dimensões da carta, o autor desconhecido da peça em questão deve ter estendido horizontalmente o papel sobre uma grande mesa, seguindo essa orientação no desenho do mapa. Ao grafar os dados textuais, no entanto, voltou à posição habitual de escrita. Daí o deslocamento de posição entre o desenho e os registros textuais.Como o título informa, estamos diante de uma cópia, realizada por autor anônimo a partir do original confeccionado pela jesuíta Jacobo Cocleo (França, 1628; Bahia, 1710). Nessa cópia, que atualmente é a fonte de que dispomos para o acesso ao mapa de Cocleo, foram acrescentadas diversas informações que seguramente não constavam do original. Esse acréscimo de dados não justifica, a meu ver, a conclusão de Martins (2009, p. 6-7) de que “se trata, de fato, de um produto autônomo em relação ao que o Padre Jacobo Cocleo produziu”, “um produto distinto [do mapa original], elaborado com “finalidade diferente daquela do jesuíta”. A expressão “extraído do original do padre Cocleo” do título da peça não deixa dúvida quanto ao fato de que o mapa de Jacobo Cocleo foi a base utilizada pelo segundo autor, que teria se limitado a acrescentar registros novos ao original. Estaríamos, desse modo, diante de uma cópia modificada, mas ainda assim uma cópia, do mapa originalmente desenhado por Jacobo Cocleo. Podemos mesmo conjeturar que a peça à qual temos acesso seja o próprio original de Jacobo Cocleo, ao qual foram acrescentadas posteriormente informações, pois é pouco provável que o autor anônimo da cópia a confeccionasse com as dimensões presentes. Dada a importância desse problema, cabem algumas considerações. [p. 2]
A noção de respeito à inalterabilidade do original, tal como a conhecemos, certamente não era corrente nos séculos XVII e XVIII. Textos e cartas geográficas eram copiados e modificados com os mais variados propósitos. Essa tendência à cópia modificada marcou fortemente a produção cartográfica que tinha como objeto a América portuguesa. Os registros cartográficos tinham no Brasil seiscentista e setecentista um sentido utilitário de apoio à exploração e ocupação do espaço, sendo por isso aceitável, e mesmo desejável, que informações novas fossem acrescentadas a um mapa a partir de descobertas posteriores à sua confecção. E, mais, informações originais podiam ser “corrigidas” – isto é, apagadas ou encobertas – para dar lugar a dados novos sobre o território que se construía. É óbvio que essa liberalidade com relação aos originais pode ser explicada pela dificuldade de produção de cópias de documentos escritos. A carga de trabalho necessária para a produção de uma cópia tornava preferível alterar o original a mantê-lo intacto e produzir novas versões nas quais ele fosse modificado.É, a esse respeito, instrutivo considerar três cartas geográficas, desenhadas em escala topográfica,3 que representam regiões pecuárias do médio São Francisco. Os três exemplares apresentam notável semelhança entre si, quanto ao estilo, caligrafia e conteúdo, o que permite aventar a possibilidade de que tenham sido desenhadas pela mesma pessoa. Um dos mapas parece mesmo ter sido um rascunho de outro. O traço é menos cuidadoso, sem aplicação de cores nos rios, povoações e fazendas e sem as hachuras que sombreiam os morros, presentes na carta definitiva. Em dois pontos da primeira carta o autor indicou textualmente, como num plano do que seria o mapa, os elementos a serem nele representados: “nove fazendas de gado no Rio Curunhana [Carinhanha]” e “seis faz. no Rio de Urucuia”. Com efeito, o mapa definitivo apresenta nove fazendas de gado nas margens do primeiro rio e seis no segundo, essas últimas com indicação dos proprietários. Uma nota histórica, alusiva à persistência da ameaça indígena às fazendas de gado da banda esquerda do São Francisco, aposta no lado esquerdo do rascunho, reaparece, com ligeiras variações de texto, no segundo mapa. Em algum momento o autor considerou satisfatório o seu rascunho, ou desistiu do que pretendia fosse a carta definitiva, iniciando novamente o trabalho, pois riscou transversalmente a primeira carta, como a invalidá-la.
IMGSM: 1
Caminho abandonado Data: 01/01/1620 Créditos/Fonte: Anais do Museu Paulista - Tomo XXIII - Dados para a história dos índips Página 123 "começa o silêncio"
ID: 5416
Anais da Biblioteca Nacional (RJ) - 1876 a 2018 Data: 01/01/1560 01/01/1560
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Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
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