1° fonte: Francisco Adolfo de Varnhagen (1816-1878) - “Sumé: Lenda mito-religiosa americana. Recolhida em outras era por um índio moranduçara, agora traduzida e dada luz com algumas notas por um paulista de Sorocaba”. Periódico Universal “A Abelha” (15.03.1856) Página 11-16
E a noticia do castigo tremendo do Senhor se espalhou de boca em boca por aquelas gerações que viviam para as bandas da constelação das estreitas brilhantes em fôrma de cruz. E todas fugião da beira do mar, imaginando que só a marinha poderia ser alagada em virtude da ira do Senhor.
E levavão consigo provisões de marisco deixando na costa montes de ostras, nos quaes derão sepultura aos cadáveres dos que então falecerão. E o Senhor fazia que novos sinais de pegadas do seo profeta se gravassem em outros lugares por essas bandas. E eu começava a sentir como um pesadelo.
E via que a mente se me offuscava, e que eu nada mais sabia de Sumé. Por fim ouvi uma voz que dizia: "Contenta-te de seres moranduçara do que sabes, que é quanto tens de transmittirá prosteridade. Sumé irá para outras terras; por que aos surdos não é possível fazer que oução as palavras do Senhor". E uma língua de fogo se vio no mais alto cimo do morro de Biraçoyaba, que parecia como a chama de um vulcão.
E o monte se derretia em lavas de ferro. E aí se formava uma espécie de cratera ou algar (Vale das Furnas) cujas cinzas quentes, depois se apagavam com as águas de uma lagoa (Lagoa dourada, onde o povo do Ipanema, ainda não há muito, julgava que apareciam fantasmas, que guardavam tesouros escondidos.).
E ouvi a mesma voz de antes dizer-me: “Ali esconderás o legado que deveis deixarás gerações vindouras, para que os homens tenham mais uma prova da misericórdia divina, que é de toda a eternidade, e durará até o dia de juízo.” — Amém. 08:21