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RASULExpedição de Cabeça de Vacca 01/01/1532 2 fontes 1° fonte: Map: J. M. de Araripe Macedo. Book: Estudos da "Comissão da Carta Geographica do Brazil", Estado do Brasil em 1549: capitanias primitivas, donatárias ou particulares. Ministério da Agricultura, Industria e Commercio. Directoria Geral de Estatística
2° fonte: “Porta para as riquezas do Paraíso Terrestre: 1”. Carlos Pimentel Mendes, em novomilenio.inf.br
Martim Afonso concede sesmarias 10/10/1532 3 fontes 1° fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XIV Antes, porém, de transcrevermos os trechos daquela sesmaria, devemos declarar que encontramos no convento do Carmo de Santos, num maço de documentos que serviram a frei Gaspar para documentação de seus trabalhos históricos, os autos do processo que Braz Cubas, intentou contra os herdeiros de Pedro de Góes, a respeito dessa sesmaria que ai vem na íntegra, mas que difere, na parte referente ás linhas divisórias com o que vem transcrito nos Apontamentos de Azevedo Marques.
Segundo este último escritor, a sesmaria de Pedro de Góes foi concedida com a seguinte confrontação...
"Hei por bem lhe dar e doar as terras de Taquararira com a serra da Taperovira que está da banda onde nasce o sol com as águas vertentes com o rio Jarabativa, o qual rio e terras estão defronte a ilha de São Vicente donde chamam Goyayo, a qual terra subirá para a serra acima até o cume e dai a buscar o Capetevar, e dai virá entestar com o rio adiante que está da banda norte e por ele abaixo até ygoar por terra em outro rio que tem ai o outeiro e dai tornará dentro a um pinhal que está da banda do campo Gioapê e dai virá pelo caminho que vem de Piratininga, e entestar com a serra que está sobre o mar e dai por uma ribeira que vem pelo pé da serra que chamam Mororê e dai dentro no pé da serra de Ururay e virá dentro por este rio a entestar com a ilha Caramacoara e então pelo rio São Vicente a entestar coma dita serra de Taperovira donde começou a partir..."
No manuscrito de Frei Gaspar, vem descrito do seguinte modo:
"... Hei por bem dar e doar as terras de Taquaraopara como será de Tapirovira que está da banda donde nasce o sol com as águas vertentes com o rio Geribatiba, o qual rio e terras estão defronte da ilha de São Vicente onde chama Guassú a qual terra sairá por a serra acima até ao cume, e dai embeiçará com o Poterim e dai virá entestar com o rio adiante que está da banda do norte e por ele abaixo até yguar por terra com outro rio que tem ai o outeiro, dai tornará dentro a um pinhal que está dentro do campo Ijabapé, dai virá pelo caminho que vem de Piratininga entestar com a serra que está sobre o mar e dai por uma ribeira que vem pelo pé da serra que chamam Mororé e ai dentro ao pé da serra Ruirinai e virá dentro por este rio a entestar com a ilha Caramaquera e então pelo rio São Vicente tornará e entestar com a dita serra de Tapirovira donde começou a partir..."
O donatário fizera, concessão a Pedro de Góes das terras de Taquararira, situadas entre a ilha de São Vicente ou Guassú (Engaguassú) e o rio Jabaratyba como vem nos Apontamentos ou Geribatiba como reza o manuscrito e cuja grafia hoje é Jurubatuba também chamado Rio Grande ou Pinheiros.
O ponto inicial das divisas é a barra do rio Jurubatuba de Santos, bem distinto do outro de igual nome afluindo para as águas salgados no largo de Santa Rita. Dai ela subia pela serra da Taquararíra deixando á esquerda o vale do Quilombo e as águas de Jurubatuba. Ao chegar ao alto da serra do Paranápiacaba "ia buscar o Capetevar" ou embeiçar para o Poteriu, que pela disposição topográfica local deve ser o ponto mais alto do contraforte denominado Mourão, que como se sabe pe por onde desce a linha Inglesa e cuja maior elevação fica fronteira á estação do Alto da Serra.
Desse ponto a "entestar com o rio que está da banda do norte" (está da banda e não que core nesse rumo) o que é perfeitamente aplicável ao outro Jurubatuba atualmente conhecido com o nome de Grande ou Pinheiros. Segue por esse rio "abaixo até ygoar (?) por terra (?) em outra que tem ai o outeiro". O termo igoar ou ygoar, aparece ai talvez por erro do próprio original visto as duas cópias serem iguais.
No antigo português igoar era o termo que depois modificou-se para igualar, mas nesse sentido aquela palavra não teria cabimento, porque o outeiro maior que ai existe (Ponto Alto) não margeia rio algum que nesse ponto faça barra no Jurubatuba e com o qual pudesse ser comparado.
É verdade que esse outeiro serve de cabeceira ao rio dos Couros a que nessa época se dava o nome de Tamandatiiba, mas mesmo que se queira dar ao termo igoar a significação de frontear, as palavras "por terra" ficam sem sentido.
Quererá se referir ao rio Pequeno cuja confluência no Jurubatuba se dá cerca de uma légua do ponto onde esta rio fronteia o Ponto Alto.
É porém, certo que de um ponto qualquer do tio ela "tornaria dentro a um pinhal que está dentro do campo Gioapé" ou Ijabapé e que combinam ser os mesmos pinheiros de que fazem menção as sesmarias dos jesuítas e de mestre Bartholomeu, a que nos temos referido.
Dos "pinhais" seguia pelo caminho velho de Piratininga que como já vimos atrás quando nos referimos a sesmaria de Amador de Medeiros, passava pelo Ponto Alto, atravessando depois, dentre esse ponto e o pinhal, porém, muito próximo a este, o rio Jurubatuba.
Deste rio para diante, o caminho seguia em região de campo até a vizinhança da serra de Poço onde entrava na zona da mata que atravessava numa garganta entre essa mesma serra e a outra elevação denominada serra do Cubatão. Ai ganhava as cabeceira do ribeirão Perequê pelo qual descia até o porto das Armadias ou de Santa Cruz.
Frei Gaspar diz que entrava-se pelo "esteiro chamado Piraique o qual faz confluência com o rio Cubatão Geral pouco acima da ilha do Teixeira ... hoje chamam-lhe Piassaguera, nome composto do substantivo piassava que significa "porto" e do adjetivo áquera, "coisa velha" ou para melhor dizer "antiquada".
Essa anotação de Frei Gaspar fez com que Cândido Mendes e outros escritores pretendessem que o Piassaguera é o rio Mogy e que a estrada antiga atingisse o alto da serra pelo mesmo vale por onde hoje sobe a São Paulo Railway. [Páginas 13 e 14]
Se fosse o seu primitivo traçado, grande necessidade teria sido a de Mem de Sá transferindo-a para o vale do rio das Pedras. O próprio frei Gaspar querendo encarecer a impraticabilidade da serra diz que aquele talvez fosse o por caminho que tem o mundo, enquanto que os ingleses, trezentos anos depois, escolheram como única vereda por onde podiam levar a sua estrada de ferro o mesmo vale que não podia ser palmilhado pelos raros pedestres daquela época.
Demais, que razão poderosa poderia haver para forçar uma volta tão grande?
Felizmente ai está a sesmaria de Pedro de Góes cuja demarcação poderá se transformar em enigma aos que quiserem traçal-a pelo vale do Mogy. Felizmente subisse como magnífico atestado da sua existência o leito antigo da primitiva estrada, em parte francamente visível no campo Ijabapé hoje do Zanzalá, com seus profundos sulcos, alguns de mais de dois metros de profundidade e onde como padrão de sua antiguidade aparecem, no centro do caminho, madeiras de aparência tri-secular, como passareira, com diâmetro de cinquenta centímetros.
Por ela ainda transitam peças de gado que se desgarram das boiadas em Santos e que atingem o campo pelo vale do Perequê.
Além desta provas, poderemos apresentar uma outra e de cunho científico, assinalada num mapa raro pertencente hoje á Biblioteca Pública do Pará e confeccionado pelo cosmógrafo João Teixeira em 1640 e denominada - Descrição de todo o marítimo da terra de Santa Cruz, chamado vulgarmente o Brasil.
Nesse trabalho e na folha que corresponde ao porto de Santos, se vê assinalado em posição que se identifica perfeitamente a do Perequê, um ribeirão que traz a legenda de Esteiro do João Ramalho.
Do porto das Armadias, a linha perimétrica da esmaria continuava pelo Ururay ou Cubatão até a ilha deCaramaquara ou atual Casqueirinho, de onde pelo rio São Vicente seguia até o ponto inicial.
Antes de passarmos as divisas da sesmaria de Bras Cubas, voltaremos ainda um instante ao caminho velho para fizermos que das margens do Jurubatuba até as proximidades do Zanzalá, ele ia ora paralelo, ora cruzando os pontos atualmente seguidos pela estrada do Vergueiro. Dai para diante, seguia em direção diferente para procurar a garganta da serra do Poço. [Página 15]
2° fonte: “Na capitania de São Vicente”. Washington Luís (1869-1957), 11° presidente do Brasil A outra vila, feita a nove léguas do litoral para o sertão, à borda de um rio que se chamava Piratininga, mencionada por Pero Lopes de Sousa, nem sequer se lhe indicou o nome, nem foi ela posta sob invocação religiosa, numa época em que o intenso fervor católico dava nome de “santos” a todos os acidentes geográficos do litoral e do interior nos descobrimentos feitos.
Apesar de investigações cuidadosas e de minuciosos exames locais, até agora não se sabe onde tal vila foi situada, ou mesmo se foi situada; o rio Piratininga jamais foi identificado, e com esse nome talvez não tivesse existido rio algum.
Piratininga (nenhuma etimologia satisfatória para essa palavra), era uma região situada no planalto. A Câmara da Vila de S. Paulo, que às vezes se denominava “S. Paulo do Campo”, “S. Paulo de Piratininga”, “S. Paulo do Campo de Piratininga”, concedeu datas de terras em “Piratininga, termo desta vila” no “caminho de Piratininga”, “indo para Piratininga”, “no caminho que desta vila vai para Piratininga” etc. (Atas da Câmara de S. Paulo, vol. 3.º, pág. 168, Registro Geral, vol. 1.º, págs. 10, 72, 88, 98, 100, 108, 129, 283).
“Índios de Piratininga”, qualificam as sesmarias de terras concedidas aos índios de Pinheiros e aos de S. Miguel de Ururaí, por Jerônimo Leitão em 12 de outubro de 1580 (Reg. Geral, vol. 1º, pág. 354), o que não deixa a menor dúvida que Piratininga estendia-se desde Carapicuíba, incluindo Pinheiros, até Ururaí. Piratininga era, pois, uma vasta região do campo vagamente indicada no planalto.
É por isso que, em Piratininga, sem que se fizesse menção da qualidade de vila, como era de uso nesses documentos, foi concedida à sesmaria de Pero de Góis, sendo a respectiva posse dada alguns dias depois na ilha de S. Vicente. Martim Afonso teria nessa ocasião chegado até a morada, a povoação de João Ramalho, pela vereda de índios que, então, ligava o planalto ao litoral. Aí nessa zona, nos campos de Piratininga, vizinhos da sesmaria de Ururaí, por Jaguaporecuba, não se sabe bem onde, já afeiçoado aos costumes da terra, João Ramalho vivia maritalmente com filhas de morubixabas, tendo numerosa descendência e dispondo de grande influência sobre Tibiriçá e outros.
Martim Afonso, quando de S. Vicente subiu ao Planalto, reconheceu talvez que a povoação de João Ramalho constituiria um posto avançado de importância no caminho, que por ela passava, trilhado pelos índios, e que ia até o Paraguai, onde se imaginavam situadas as fabulosas minas que ele procurava, pelo sertão adentro, desde o Rio de Janeiro e de Cananéia. Por esse caminho transitaria mais tarde Ulrico Schmidt.
Foi a pretensa vila a que se referiu a complacência de Pero Lopes, foi o lugar que Martim Afonso primeiro povoou segundo se escreveu mais tarde. [Páginas 101 e 102]
3° fonte: “Os Tupi de Piratininga: Acolhida, resistência e colaboração”. Benedito Antônio Genofre Prezia, PUC-SP
Entretanto, este não foi o espírito da sesmaria implantada no Brasil. O que havia de comum entre as duas era apenas a existência de uma terra sem aproveitamento, inexplorada.
A sesmaria doada a Pero de Góes era vasta, começando no litoral, no rio Jurubatuba, próximo à atual Piaçaguera, subia a serra, alcançando um rio da banda norte [Anhemby/Tietê], indo até um pinhal na banda do campo do Guapé [localização incerta], alcançando o caminho que vem de Piratininga [caminho velho do mar], passando pela serra de Taperovi, na serra do Mar, até chegar no rio de São Vicente.
Se o proprietário não a utilizasse no prazo de dois anos, o donatário poderia “dar a
outras pessoas que as aproveitem”, rezava o termo de doação537. Esta cessão foi passada em Piratininga, a 10 de outubro de 1532, sendo testemunhas João Ramalho e Antonio Rodrigues, “línguas desta terra já de quinze e vinte annos estantes nesta terra” e Pedro Gonçalves, homem d´armas da expedição vicentina.
Captura do imperador inca Atahualpa por Francisco Pizarro 16/11/1532 2 fontes 1° fonte: Estrada inca ganha reconhecimento da Unesco. Por Ralph Blumenthal, do New York Times (folha.uol.com.br) É um feito de engenharia comparável, dizem os especialistas, ao sistema romano de estradas, mas mais notável devido ao terreno adverso que ela percorre há mais de 3000 anos. A Qhapaq Ñan, ou "grande estrada", há muito tempo conecta os povos do Peru, da Colômbia, do Equador, da Argentina, da Bolívia e do Chile, ziguezagueando por milhares de quilômetros ao longo da costa pacífica da América do Sul e entre os picos nevados dos Andes, da floresta tropical ao deserto.
Ligando Cuzco, a capital inca no território do atual Peru, aos mais distantes extremos do império inca, ela conduzia viajantes, soldados, mensageiros e, mais tarde, também os cavalos dos conquistadores.
Agora, depois de um esforço colaborativo de 12 anos de duração, os seis países que abrigam a estrada inca conseguiram que a Unesco a classificasse como parte do patrimônio histórico e cultural da humanidade. A candidatura da estrada foi de longe a mais completa na lista de 12 atrações culturais e naturais que concorriam, contando com o trabalho de centenas de especialistas.
"A mais dispendiosa obra de infraestrutura de transportes do Novo Mundo", disse Gary Urton, professor e diretor do departamento de antropologia da Universidade Harvard, sobre a estrada.
A classificação como patrimônio da humanidade faz com que um local adquira importância especial, tornando-o digno de medidas especiais de proteção. Os países que apresentam candidatos se comprometem a respeitar protocolos rigorosos de conservação, na expectativa de adquirir prestígio, atrair turistas e ocasionalmente obter apoio financeiro.
As maiores ameaças à rede de estradas inca, hoje, são o desenvolvimento urbano, a mineração e a intrusão da agricultura e de torres de comunicação e linhas de energia, segundo o Conselho Internacional de Monumentos e Sítios Históricos, organização profissional que avalia os locais submetidos como candidatos ao comitê de patrimônio histórico.
"Partes da trilha foram adaptadas aos meios modernos de transporte, sendo asfaltadas ou transformadas em rodovias", afirma a avaliação. "Seções maiores continuam a existir com seus materiais originais da era inca e são usadas por pedestres e animais de carga, como cavalos, mulas e jumentos."
O comitê de patrimônio histórico recentemente retirou da lista uma indicação de emergência feita pelas autoridades palestinas: a paisagem cultural de Battir, no sul de Jerusalém. O comitê anunciou que, depois de reavaliar o caso, não considerava que o sítio tivesse "valor inquestionável, notável e universal" e não concordou que enfrentasse uma emergência que tornasse necessárias medidas imediatas de proteção.
O Peru moderno, onde o império inca, de curta duração, atingiu seu máximo poderio nos cem anos precedentes à conquista espanhola em 1532, tem cerca de 100 mil sítios arqueológicos notáveis, de acordo com Luis Jaime Castillo Butters, ministro assistente da Cultura peruano.
A estrada não é tão famosa quanto Machu Picchu, mas é notável tanto pela extensão quanto por demonstrar a competência técnica dos construtores do passado. Especialmente notável é a última ponte inca de cordas de grama trançada, a ponte Qeswachaka, que transpõe o cânion do rio Apurímac.
O sistema rodoviário começou a se formar como uma série de trilhas, talvez já por volta do ano 1000 a.C., disse Urton, e foi desenvolvido em forma de uma complexa rede viária pelos incas no século 15, que a utlilizavam para o comércio e para transmitir mensagens. Depois da chegada dos conquistadores, vindos do norte em 1526, a estrada foi usada para subjugar os incas, o que os forçou a buscar refúgios em territórios remotos e montanhosos.
Castillo Butter diz que seu país, nos últimos anos, vem ganhando renome internacional pela culinária e que o reconhecimento da estrada como patrimônio histórico poderia começar a mudar as percepções sobre seu passado.
"Nossas crianças estão começando a pensar nos peruanos do passado como ótimos cozinheiros", diz, "mas deveriam pensar neles como grandes engenheiros".
2° fonte: Francisco Pizarro y la conquista del Perú
Hoje não resta dúvida de que o fundador do primeiro núcleo de povoação em Piratininga foi Martim Afonso de Souza 30/11/1532 2 fontes 1° fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume XIV A meu ver, o assento da antiga povoação de João Ramalho fica compreendido no âmbito de um círculo de quilômetro e pouco de raio, em torno da atual vila de São Bernardo. Em um estudo que, há cerca de seus anos, apresentamos ao Instituto, fixamos o local a cerca de quilômetro e pouco para o norte do núcleo da vila atual.
Machado de Oliveira, com pouca diferença, opina do mesmo modo, pois que afirma assentar hoje a vila de São Bernardo no terreno da primitiva povoação.
Frei Gaspar da Madre de Deus, que, de quantos escritos e cronistas se ocupam do assunto, foi quem mais documentos manuseou e melhores fontes teve, haurindo ainda na tradição mais viva, diz que o local da povoação ficava nas terras da fazenda de São Bernardo, de propriedade dos beneditinos, ordem a que ele pertencia.
João Mendes de Almeida e Azevedo Marques opinam, porém, diversamente, dando o assento da extinta povoação de João Ramalho como sendo á margem do córrego Guapetuba, vizinho da atual Estação de São Bernardo, na estrada de ferro, e cerca de uma légua para nordeste da vila do mesmo nome. A localização de Santo André nesse ponto não se compadece entretanto com o fato conhecido e por todos inconteste e é que a vila de João Ramalho ficava no "caminho do mar", isto é, no caminho velho de Piratininga para São Vicente, caminho ainda hoje de fácil reconhecimento e que não passava o Guapetuba.
Saindo de São Paulo pelo Ipiranga que vadeava próximo de sua confluência com o Tamanduatehy, o caminho velho do mar ia atravessar o ribeiros dos Meninos perto de Inhoahíba, e dai margeando o galho maior desse ribeirão, chamado então Tamanduatiiba, e hoje rio dos Couros, passava no lugar onde está a vila de São Bernardo, galgava as cabeceiras do dito Tamanduatiiba, a leste do Ponto Alto e daí já atravessando mato, descambava para o rio Jeribatiba, Rio Grande atual que, como se sabe, corre através a mata serrana; passava esse rio em direção á serra do mar e através do caminho do Gioapé, descia para o litoral pela gargante do Pereké ao esteiro do Ramalho, donde, pelo rio Cubatão, navegando os lagamares chegava a Santos ou a São Vicente. Tal é o traçado do primitivo caminho que de épocas imemoriais não era senão um trilho praticado pelo gentio, atravessando a mata, serrana na parte mais estreita e ganhando o campo de Piratininga na projeção dele mais avançada para o lado do mar.
O caminho velho, a partir do litoral, oferecia assim duas seções naturais bem distintas, a da mata serrana que se estendia desde o Perekê até as cabeceiras do Tamaduatiiba, nas vizinhanças do Ponto Alto e gargante do Botujurú e a do campo de Piratininga, desde aquelas cabeceiras até São Paulo. São as duas seções a que aqui chamaremos - zona da mata e zona do campo. [Página 28]
Era num ponto desse caminho que devia estar a vila de Santo André da Borda do Campo, segundo nol-o afirmam os cronistas e historiadores e, a julgar-se (ao meu ver, muito razoavelmente) pela denominação da própria vila, o assento devia estar á margem do campo de Piratininga, pois que borda do campo não tem outro significado, isto é, não tem como se interpretar senão como o lugar onde a mata termina e o campo começa.
Ora, o local atravessado pelo caminho velho de Piratininga, e situado á margem do campo ou á borda do campo não é outro senão aquele onde está hoje a vila de São Bernardo. Portanto, a extinta povoação de Santo André teve o seu assento nesse lugar ou mui próximo dele.
O sr. dr. Luiz Piza, um dos da comissão nomeada, pela segunda vez, pelo nosso Instituto para dizer sobre o assunto, chegou, porém, a resultado diverso: localizou a extinta povoação de João Ramalho no sítio Caveiras, entre o rio Jeribatiba ou rio Grande e a serra do mar, portanto, dentro da zona da mata, o que vale tanto como deixar sem significado o nome aliás tão expressivo de Borda do Campo, característico do local. Além disso, o sr. dr. Luiz Piza, assim opinando, desprezou um elemento de não menor valia, isto é, a distância de São Paulo e Santo André que os antigos fixaram em duas e meia para três léguas, enquanto o lugar Caveiras fica a mais de quatro.
O sr. Gentil Moura, cujos esforços no investigar são tão dignos de aplausos, examinando documentos antigos de sesmarias e percorrendo os lugares e estudando-os, acabou por assinalar o assento da extinta povoação de Santo André em um ponto á margem do Rio Grande, "... a uns quinhentos metros da estrada Vergueiro e um quilometro da ponte". Deu nos assim, a bem dizer - um "Santo André á Borda do Campo". Mas esta solução a que chegou o sr. Moura não satisfaz ás condições do problema histórico-geográfico pelas razões que passo a expor. Em primeiro lugar porque os documentos de que se serviu não dão para tanto, pois que, submetidos á crítica, o que deles mui logicamente se infere é que a povoação de João Ramalho não podia estar á margem daquele rio.
Esta circunstância é de si tão importante que nenhum cronista ou historiador a deixaria de referir. O rio Jeribatiba era o rio mais volumoso de quantos atravessava o caminho de Piratininga; era também o único navegável por pequenos barcos e canoas com que naqueles tempos se descia a corrente até o Tieté; era portanto uma artéria de comunicação para o interior e que não raro se utilizavam os moradores, e o fato de se achar a vila de Santo André em uma das suas margens não escaparia certamente aos escritores coevos ou quem dela nos fizesse a descrição. A Ulric Schmiedel que a visitou em 1552, quando passou do Paraguay para São Vicente e aos Jesuítas que dela se ocuparam em suas cartas, informações, ou em suas, cronicas, essa circunstância decerto não passaria despercebida. Demais, é preciso ter em consideração o modo por que naqueles tempos se redigiam os documentos ou cartas de sesmarias. Não havendo, como então não havia o hábito das medições prévias das terras que se concediam, á falta de dados de maior rigor, os escrivães, como as partes interessadas, se contentavam com citar nas escrituras os rumos pelos vizinhos contratantes ou por linhas naturais do terreno, como, por exemplo, um rio de maior caudal, acaso atravessado ou prolongado, uma cumiada de serra, um ponto alto ou morro vem visível, balizando então as linhas do perímetro que descreviam com simples indicações de objetos ou acidentes mínimos do terreno que nelas se encontram, ou seja uma barroca no campo, uma cruz quebrada, uma árvore de vulto como um pau de canoa, ou então um grupo de pinheiros, uma mancha de campo e, como circunstância mui digna de assinalar-se - "um trecho do caminho do mar"", fosse embora cortanto ou acompanhando esse caminho. Em tais condições, quando até de acidentes mínimos se lançava mão para assinalar um rumo, á falta de indicações mais precisas, pode-se acaso admitir que as escrituras de quatro sesmarias, quais as do Padre Luiz da Gram, Pedro de Góes, Bras Cubas e Bartholomeu Carrasco, todas, segundo o sr. Moura, com um ponto comum, na vila de Santo André, em um grupo de pinheiros, deixassem de citar a vila a vila ai tão vizinha, tão próximo, para só se referirem a esse grupo de pinheiros ou a um trecho do caminho do mar?
Que indicação melhor e de mais seguro alcance para assinalar numa região tão despovoada, pondo tão importante como esse que afeta a quatro sesmarias, do que essa mesma povoação de Santo André se por ventura fosse ai o assento dessa vila? [Páginas 29 e 30]
2° fonte: História Geral Da Civilização Brasileira V 11 Economia E Cultura ( 1930 1964) Topics História do Brasil Não alcançando a meta desejada, Martim Afonso velejou para o norte, fundando São Vicente, a 22 de janeiro de 1532, justamente num dos pontos do litoral que se articulava com o sertão.
Em seguida, galgando a serra do Mar, fundou no planalto outra vila nos campos de Piratininga. Seriam aqueles dois núcleos humanos o trampolim para as almejadas riquezas.
Apesar disso alguns anos depois, foram promovidos, na Capitania de São Vicente, algumas modestas tentativas para a localização de minerais preciosos, entre as quais as sondagens efetuadas na baixada litorânea vicentina e nos rios que descem da serra do Cubatão. Algum ouro aluvional foi aí localizado, concorrendo para que Mem de Sá enviasse ao interior Brás Cubas, provedor da Capitania de São Vicente, e Luís Martins, prático em mineração e indicado pela Coroa portuguesa para examinar as minas de metais existentes no Brasil. Duas expedições realizaram-se. Uma, em 1560, chefiada por Martins, em fins de 1561 e início de 1562, a poucas léguas de Santos, à região do Jaraguá ou à Caatiba, atual Bacaetava. Ouro e pedras verdes teriam sido encontrados. [Páginas 317 e 318]
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