A morte de Henrique Montes, em nossa opinião, ou foi promovida por Paulo Adorno em 1533, o qual sabe-se ter cometido um crime naquela altura, motivo porquê fugiu para a Bahia, logo em seguida, onde ficou e constituiu família casando com uma filha de Diogo Alvares, o Caramuru, ou o foi pelas forças de Iguapé, sob o commando do "bacharel" Mestre Cosme e do hespanhól Mosquera, por ocasião da invasão de São Vicente, o que é ainda mais provável e lógico.
Baseados porem na seguinte escriptura de Antonio de
Oliveira, segundo Capitão-Mór de S. Vicente, lavrada na
mesma villa, a 25 de Maio de 1542, somos de opinião que a
única verdade em tudo isto, é que, o famoso "bacharel" de
São Vicente, de Iguapé ou de Cananéa, vindo para o Brasil
na Armada de Vespucio, em 1501, era MESTBE COSME
FEBN ANDES; sinão vejamos:
(1) Varnhagem — "Historia Geral do Brasil" — Nota á pag. 605
— Tomo I.
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"Antonio de Oliveira, capitão e ouvidor com alçada pelo Snr. Martim Affonso de Souza, governador (festa Capitania de S. Vicente, na cósta do Brasil, etc Faço saber aos que esta minha carta de confirmação virem, como por Pedro Corrêa, morador nesta
villa de S. Vicente, me foi feita uma petição em que diz que por Gonçalo Monteiro, que aqui foi capitão, lhe foram dadas umas terras da outra banda desta ilha,
que é o porto das náos, TERRA QUE ERA DADA A UM MESTRE COSME, BACHAREL, e outra de onde chamam Perohybe as demarcações delias, as quaes eu escrivão dou fé e
digo ser verdade, que no dito livro do tombo são duas cartas registradas da terra que Gonçalo Monteiro, »sendo capitão deu ao dito Pedro Corrêa, e partem em esta
maneira: a l. a que foi dada, que é defronte desta ilha e villa de S. Vicente, QUE ERA ANTES DADO PELO GOVERNADOR A UM MESTRE COSME BACHAREL, que ò dito Pedro Corrêa houve por devolutas nesta villa de S. Vicente, aos 25 de Maio de 1542 — ANTONIO DE OLIVEIRA."
Sabendo-se por este documento, que em 1533 Pedro
Corrêa recebeu de Gonçalo Monteiro as terras fronteiras á
villa de S. Vicente, outrora pertencentes a UM MESTRE
COSME, BACHAREL, e havidas então como devolutas, for-
çoso é reconhecer que esse Mestre Cosme "Bacharel" é o
mesmo "bacharel" que um anno antes de 1532 ainda existia
alli, e o mesmo que, associado a Gonçalo da Cósta, possuía
os estaleiros e traficava escravos. Nem há caso de outro
"bacharel" na história inicial de S. Vicente, anterior ou
posterior a Martim Affonso.
O GOVERNADOR, a que se refere a escriptura de
1542, que déra as terras em apreço ao "bacharél", não era
outro sinão Christovam Jacques, enviado como Governador
das terras do Brasil como já vimos, em 1526. Com a reti-
rada do "bacharel" em 1531 para a região de Iguapé, fica-