1° fonte: Revista do Instituto histórico e geográfico de São Paulo
Foi nesta Ilha Pequena e hoje Barnabé que, pelo menos até o anno de 1548, residiu Braz Cubas em companhia de seu pae João Pires Cubas, estabelecendo nella o plantio de cannas de assucar, de arroz e de outros cereaes ( 3 ), não só porque ficava a moradia mais próxima a S. Vicente, como porque em matto dentro, como então se dizia, ficavam os moradores muito expostos e sujeitos aos ataques e consequentes depredações das tribus indígenas, que infestavam aquellas bandas até Ubatuba e cujas investidas, nessa época, com o auxilio dos francezes foram repetidas, mo se deprehende do traslado da ;riptura de auto de posse dessa ia e mais terras, passada em Lisboa a 10 de Agosto de 1540.-
Na parte a que nos referimos esse traslado : « elle capitão martim Affonso ) lhes houve por marcadas pelas demarcações já di-
i e metteu posse realmente em feito,
.to já a obra que na dita Ilha tem
cannaviaes e mantimentos, e por
e dito Braz Cubas foi também pe-
lo a elle Capitão mandasse a mim ;bellÍão que desse aqui a minha fé
1 como havia três annos que João
res Cubas, seu pae, viera a esta
■ra com fazenda e gasto para apro-
itar as ditas terras e tomar posse
lias e aproveital-as, o que deixou
fazer por dita terra ser habitada
r gentios nossos contrários e por
;e respeito não pudera nem po lia
Braz Cubas 15
aproveital-as, etc. »
Verihca-se, pois, pela referida escriptura, cuja cópia acha-se transcripta no volume VI da Revista do Instituto Histórico de S. Paulo, que a dita Ilha Pequena fazia parte das terras doadas ; que nella residiram Braz Cubas e seu pae ; e
que, finalmente, este foi o portador da referida carta de doação em 1540.
Foi, portanto, nesta época que Braz Cubas concebeu o elevado e feliz plano de fundar uma povoação, começando por uma Casa de Misericórdia ; e, após, lançou os primeiros alicerces da referida povoação, que imponente hoje se ostenta á margem do canal que a circunda e que constitue, em toda a America, o porto de mais seguro abrigo. O principal motivo deste arrojado commettimento fundava-se em que « era inconveniente o surgidouro onde o rio de Santo Amaro desembocca no canal da Barra Grande e ,onde os navios, até esse tempo, davam fundo, assim aos marinheiros como aos donos .das fazendas : aos primeiros por lhes ser necessário residir em porto solitário, emquanto
as embarcações aqui demoravam ; e aos segundos porque conduziam para a Villa as suas cargas mais pesadas ou pela Barra de S. Vicente, com muito perigo, em canoas, ou por dentro, rodeando toda a Ilha, com viagem mais dilatada > ; acrescentando
ainda que « os marinheiros que chegavam enfermos ou aqui adoeciam, depois de cá estarem, padeciam muitas necessidades por falta de se curarem. »
Com estes nobres, elevados e humanitários intuitos, despertados por uma
inspiração toda santa, conseguiu Braz Cubas, sob os melhores auspícios e com o concurso dos seus conterrâneos, homens bons, moradores principaes da terra, realizar tão notável empreendimento, erigindo nesta terra, então inculta, um hospital e irmandade de Misericórdia que o administrasse. [https://archive.org/stream]