Na mitologia guarani, a terra sem males (Yvy marã e´y em guarani) faz referência ao mito de uma terra onde não haveria fome, guerras ou doenças.
Busca da Terra sem Males
Em 1549, sofrendo com a colonização portuguesa, 12 000 a 14 000 índios partiram do litoral rumo aos Andes. Apenas trezentos chegaram a Chachalpoyas, no Peru, onde foram capturados e presos.
Apesar de ter sido suposto que a busca a "terra sem males" tenha tido papel central nesses processos de resistência e migração, trabalhos etno-históricos contestam a veracidade dessa teoria, pela ausência de dados empíricos que comprovem-a, sendo resultado de uma leitura redutiva das fontes documentais. Segundo o historiador Eduardo Neumann (2009):
"As migrações praticadas pelos guaranis estão ligadas ao sentido da terra, do território e do espaço social (...) Para os guaranis a terra não é uma divindade, mas está impregnada de toda experiência religiosa. A terra, por sua vez, é o suporte, um meio para eles efetivarem a sua economia de reciprocidade. É através da terra que eles procuram atingir toda sua plenitude. Assim, em determinadas ocasiões, devido à manifestações do líderes espirituais, por seu tom profético e a busca por novas terras, alguns etnógrafos sentiram-se autorizados a firmarem que todo o pensamento dos guaranis estava orientado em torno da terra sem mal".
Ainda, o mito da Terra sem Mal ou o mito do messianismo tupi-guarani teria sido generalizado a todas populações tupi-guarani, quando de fato era exclusivo aos apapocuva e tembés, etnografados por Nimuendaju.
O Guajupiá dos tupinambás
Os tupinambás acreditavam na existência de Guajupiá, um paraíso para os mortos, alcançado com auxílio de rituais fúnebres e mais facilmente por aqueles com mérito bélico.