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Tome de Sousa, jesuítas e cerca de 400 degredados chegam ao Brasil 29/03/1549 2 fontes 1° fonte: Cartas Avulsas: 1550-1568
2° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística
Carta de Manoel da Nóbrega 10/04/1549 10 fontes 1° fonte: “Peabiru” de Hernâni Donato (1922-2012) do IHGSP Manoel da Nóbrega, contra quem não cabe o rótulo de fantasioso, noticiou em carta de 1549:
"Dizem eles que São Tomé, a quem eles chamam Zamé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus antepassados, e que suas pisadas estão assinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver por mais certeza da verdade, e vi com meus próprios olhos quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais cobre o rio quando enche; dizem também que, quando deixou estas pisadas, ia fugindo dos índios que o queriam flechar, e chegando ali, se lhe abrira o rio e passara por meio dele à outra parte, sem se molhar, e dali fôra para a Índia." [p. 6]
2° fonte: História da Igreja no Brasil, 1977. Eduardo Hoornaert Persuadir de que? Sem duvida da necessidade de salvação pela audição do evangelho: a soteriologia da salvação universal ligada a audição física e auricular de vocábulos evangélicos parece estar subjacente a todo 0 imenso esforço de doutrinação dos nativos e africanos no Brasil. A palavra pronunciada e importante, a vocábulo, a ensino, a doutrina transmitida maquinalmente. Apenas quinze dias apos sua chegada ao Brasil, no dia 10 de abril de 1549, Nóbrega já escreve:
"O irmão Vicente Rijo ensina a doutrina aos meninos cada dia, e também tem escola de ler e escrever... Desta forma ir-lhes-ei ensinando as orações e doutrinando-os na fé até serem hábeis para o batismo."
3° fonte: A Legenda de São Tomé no Brasil e nas Américas. Carlos Sodré Lanna, catolicismo.com.br Poucos dias após sua chegada aqui, em março de 1549, escrevia: “Também me contou pessoa fidedigna que as raízes de que cá se faz pão, que São Tomé as deu, porque cá não tinham pão”.
4° fonte: Àmérica portuguesa: paraíso terreal. Sandro da Silveira Costa, Mestre em História - UFSC A uma das pegadas mostradas na Bahia, de que dá conta Vasconcellos, referiu-se provavelmente o Padre Manoel da Nóbrega, onde escreveu, em carta de 1549, que "[...] sus pisadas están sendadas cabo a un rio, los quales yo fuy a ver por más certeza dela verdad, y vi con los proprios ojos quatro pisadas muy sefialadas con sus dedos [...]". Segundo os índios, quando o santo deixou aquelas pisadas, ia fugindo dos índios que o queriam flechar, e lá chegando, abriu-se o rio à sua passagem, e ele caminhou por seu leito a pé enxuto, até chegar à outra margem, onde foi à Índian.
Parece claro que muitas menções à presença de São Tomé na América se devem, sobretudo, à colaboração dos missionários católicos, onde incrustaram-se tradições cristãs em crenças originárias dos índios. Parece claro também que a presença das pegadas de São Tomé na América foi associada à passagem de algum herói [Páginas 9 e 10 do pdf]
5° fonte: Em memória de São Tomé: pegadas e promessas a serviço da conversão do gentio (séculos XVI e XVII). Em Eliane Cristina Deckmann Fleck
6° fonte: Expedição Peabiru - Pay Zumé Os nativos acolheram bem os europeus, Nóbrega fica surpreso. Mais ainda quando percebe que esses mesmos nativos procuravam a casa de culto e de catequese como se aquilo fosse um hábito antigo. Os nativos levam Nóbrega até um local sagrado. Alí haviam marcas de pegadas nas pedras, as quais apontavam os nativos e diziam "Zumé", Pay Zumé. O padre logo escreve uma carta ao seu superior em Coimbra informando a grande notícia: São Tomé esteve no Brasil!
"Eles dizem que São Tomé, a quem chamam de Zamé, passou por aqui. E isto ficou dito pelos seus antepassados. E que suas pegadas estão marcadas, próximas de um rio, das quais eu mesmo fui ver, para maior certeza da verdade e vi, com meus próprios olhos quatro pegadas, bem marcadas com seus dedos."
7° fonte: Será que São Tomé esteve mesmo no Brasil há quase 2.000 anos? pt.aleteia.org Comentário do Pe. Gabriel Vila Verde
Muito estimado pela sua atuação evangelizadora nas redes sociais, o padre brasileiro Gabriel Vila Verde postou a respeito em seu Facebook:
Estava lendo uma carta do Padre Manoel da Nóbrega, onde ele narra os primeiros contatos com os índios aqui na Bahia, em 1549. Segundo ele, os índios relataram sobre um tal “Zomé”, misterioso personagem que andou por aqui. Vamos ao trecho:
“Dizem eles que São Tomé, a quem chamam de Zomé, passou por aqui. Isto lhes ficou dito por seus antepassados. E que as suas pisadas estão assinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver, por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos quatro pisadas muito assinaladas com seus dedos. Dizem também que quando deixou estas pisadas, ia fugindo dos índios que o queriam flechar, mas as flechas retornavam contra eles. Dali ele foi para a Índia…”
Fica então a interrogação! Como os índios poderiam criar uma história dessa? Teria mesmo o Apóstolo Tomé andado por terras brasileiras? Impossível não é, porque o Apóstolo Felipe era levado pelo Espírito de uma cidade à outra na velocidade do vento (Atos 8, 39). Pelo sim, pelo não, fica o registro do padre Nóbrega.
8° fonte: VIKINGS NO BRASIL: MITO OU REALIDADE? ihggcampinas.org Relatos de pegadas de um santo homem impressas na rocha existem em várias partes do nosso território, sendo do padre Manoel da Nóbrega a afirmativa na sua Carta das Terras do Brasil relativa a 1549, que os índios diziam que São Tomé, a quem eles chamam Zamé, passou por aqui e isto lhes foi dito por seus antepassados, e que suas pegadas estão sinaladas junto de um rio: as quais eu fui ver por mais certeza da verdade e vi com meus próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos… (DONATO, p. 33).
9° fonte: São Tomé Apóstolo, Mártir Por Instituto Plinio Corrêa de Oliveira Teria esse apóstolo estado no Brasil, como consta de antiga tradição entre nossos índios, e que é citada em carta de 1549 pelo Pe. Manoel da Nóbrega? Com efeito, diz esse piedoso jesuíta:
“Dizem eles [os índios] que São Tomé, a quem chamam de Zomé [ou Sumé], passou por aqui. Isto lhes ficou dito por seus antepassados. E que as suas pisadas estão assinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver, por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos quatro pisadas muito assinaladas com seus dedos. Dizem também que quando deixou estas pisadas, ia fugindo dos índios que o queriam flechar, mas as flechas retornavam contra eles. Dali ele foi para a Índia” – (cfr Aleteia em português).
10° fonte: Consulta em tonocosmos.com.br Poucos dias após sua chegada aqui, em março de 1549, escrevia:
“Também me contou pessoa fidedigna que as raízes de que cá se faz pão, que São Tomé as deu, porque cá não tinham pão”.
E, em data posterior, acrescenta:
“Dizem os índios que São Tomé passou por aqui e isto lhes foi dito por seus antepassados e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver, por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos quatro pisadas sinaladas com seus dedos. Dizem que quando deixou estas pisadas ia fugindo dos índios que o queriam flechar, e chegando ali se abrira o rio e passara por meio dele a outra parte sem se molhar. Contam que, quando queriam o flechar os índios, as flechas se tornavam para eles e os matos lhe faziam caminho para onde passasse”.
Constata-se nesse relato do padre Manoel da Nóbrega a intenção missionária de São Tomé, espalhando por estas plagas brasílicas a palavra de Deus, e deixando visíveis as marcas de sua passagem em vários lugares conhecidos.
“Cá há clérigos, mas é a escória que de lá vem” 15/04/1549 2 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística O clero secular, a impressão que deixou em Nóbrega foi claramente negativa. O jesuíta encontrou seus membros imersos em absoluta irresponsabilidade. Em carta escrita da Bahia já em 15 de abril de 1549, afirma (2000:26): “Cá há clérigos, mas é a escória que de lá vem”. (Em cartas escritas a 11 de agosto (2000:89), 13 (2000:92) e 14 de setembro de 1551 (2000:98) ele é ainda mais severo em seu juízo sobre aqueles clérigos.) Deles, portanto, não se tem nenhuma notícia de deliberada contribuição seja quanto à língua geral, seja quanto à difusão do português.
Um outro trecho epistolar de Nóbrega confirma essa sua convicção de mais rápida aprendizagem da língua tupi pelos falantes do idioma basco. Em carta escrita da Bahia a 15 de abril de 1549 ele sugere a vinda de “mestre João” ou Mosen (ou Misser) Juan de Aragão, como explica Serafim Leite em nota de rodapé:
“Também me parece que mestre João aproveitaria cá muito, porque a sua língua é semelhante a esta”. Por ser aragonês, presumese que esse jesuíta falasse o idioma basco, já que o dialeto aragonês era falado no antigo reino de Aragón e Navarra, como explica Tagliavini (1993:583):
“otro dialecto importante es el aragonés, que en parte se funda historicamente en el antiguo reino de Aragón y Navarra, pero que recibió gran influencia del castellano”.
2° fonte: Guia Geográfico de Salvador “Lenda, Capela, Cruzeiro, Pegadas e Procissão de São Tomé” (2015) Jonildo Bacelar Em 15 de abril de 1549, Nóbrega escreveu, da Bahia, ao Padre Simão Rodrigues, o Superior Provincial da Companhia de Jesus, em Portugal. Nóbrega relatou que já existiam clérigos na Bahia e que as raízes (provavelmente mandioca), com as quais se faziam pães, foram trazidas por São Tomé, conforme a tradição local. Nóbrega ainda escreveu: "Estão daqui perto humas pisadas figuradas em huma rocha, que todos dizem serem suas. Como tevermos mais vagar, avemo-las de ir ver".
“procissão com grande música, a que os respondiam os trombetas. Ficaram os índios espantados de tal maneira, que depois pediam ao Pe. Navarro que lhes cantasse assim como na procissão fazia” (2000:41). 09/08/1549 3 fontes 1° fonte: Historia do Brazil Antigo P. Raphael M. Galanti Cartas de Nóbrega - Desde o mês de agosto de 1549 dizia Nóbrega a seu superior de Portugal o seguinte: (...)
Entre outros saltos que nesta costa são feitos, um se fez a dois anos muito cruel, que foi ire uns navios a um gentio que chamam os carijós, que estão além de São Vicente, o qual todos dizem que é o melhor gentio desta costa, e mais aparelhado para se fazer fruto: ele somente tem duzentas léguas de terra: entre eles estavam convertidos e batizados muitos: morreu um destes clérigos.
(...)Os carijós dos portugueses, os carioes e carios dos espanhóis são os guaranis
Um outro trecho da carta do mesmo ano explica muito bem que acabamos de copiar. É o seguinte:
"Este (carijós) é um gentio melhor que nenhum desta costa. Os quais (talvez aos) foram, não há muitos anos, dois frades castelhanos ensinar, e tomaram tão bem sua doutrina que tem já casas de recolhimento para mulheres, como de freiras, e outras de homens como de frades. E isto durou muito tempo até que o diabo levou lá uma nau de salteadores e cativaram muitos deles. Trabalhamos por recolher os tomados e alguns temos já para os levar á sua terra com os quais irá um padre dos nossos". [Páginas 209 e 210]
2° fonte: Monumenta Brasiliae, 1956. Serafim Soares Leite (1890-1969)
(Anchieta em 1555) Além destes índios, há ouro gentio espalhado ao longe e ao largo, a que chamam Carijós (Carijós os Guaranis, cuja menção se encontra já nas primeiras cartas de Nóbrega. Carta de 9 de agosto de 1549.), nada distinto destes quanto à alimentação, modo de viver e língua, mas muito mais manso e mais propenso às coisas de Deus, como ficámos sabendo claramente da experiência feita com alguns, que morreram aqui entre nós, bastante firmes e constantes na fé. Estes estão sob o domínio dos Castelhanos, a quem de boa vontade constróem as casas e de boa mente ajudam a obter as coisas necessárias à vida. [Página 212 do pdf]
3° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística
Em carta escrita da Bahia a 09 de agosto de 1549, ele relata ter feito “procissão com grande música, a que os respondiam os trombetas. Ficaram os índios espantados de tal maneira, que depois pediam ao Pe. Navarro que lhes cantasse assim como na procissão fazia” (2000:41).
“Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha” 10/08/1549 2 fontes 1° fonte: “A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológicos”. João Batista de Castro Junior, Universidade Federal da Bahia - Instituto de Letras - Programas de Pós-graduação em Letras e Lingüística Há duas angulações que merecem ser analisadas. A primeira parte da afirmação de Nóbrega, que, em carta escrita em Salvador a 10 de agosto de 1549, falando de Azpilcueta Navarro, relata (2000:53):
“Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha”.
Essa afirmação, que veio aceita por muitos historiadores, está a merecer comprovação no terreno da Lingüística Comparada. Mas é digna de nota a rapidez com que esse jesuíta adquiriu a fluência na língua brasílica. O cotejo de trechos de diferentes epístolas de Nóbrega dá idéia disso:
em carta escrita da Bahia em 1549, presumidamente em abril, ele menciona o avantajamento de Navarro, em relação aos demais jesuítas, no aprendizado da língua (2000:21), embora a referência de Navarro pregando “à gente da terra” (2000:19), esclarece Serafim Leite em nota, deva ser entendido como sendo a portugueses e seus filhos.
Em carta de agosto do mesmo ano, Nóbrega afirma, conforme já transcrito, que o padre de origem biscainha “já sabe a língua de maneira que se entende com eles” (2000:53). Em janeiro de 1550, em nova carta, o jesuíta pioneiro registra:
“Na língua desta terra somos alguns de nós bem toscos, mas o P. Navarro tem especial graça de Nosso Senhor nesta parte, porque andando por estas Aldeias dos negros, nos poucos dias que está aqui, se entende com eles e prega na mesma língua” (2000:72). [Páginas 134 e 135]
(...) existência do dilúvio: é referida em vários trechos por Métraux (1979:4,10,28,32-3 e 37). Anchieta em Informações...(1988:340) assim se refere a essa crença: “Têm alguma notícia do dilúvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mão dos maiores e contam a história de diversas maneiras”. Nóbrega (2000:49), em carta escrita da Bahia em 10 de agosto de 1549, é mais específico quanto ao que resgatou das narrativas dos índios: “Têm notícia do dilúvio de Noé, posto que não segundo a verdadeira história, porque dizem que morrem todos excepto uma velha que escapou numa árvore alta”.
Em outra carta do mesmo ano (2000:65), ele torna ao assunto: “Têm memória do dilúvio, mas falsamente, porque dizem que, cobrindo-se a terra de água, uma mulher com seu marido subiram em um pinheiro, e depois de minguadas as águas desceram”.
Nóbrega se refere a "vida além-túmulo" da seguinte forma, em carta escrita presumivelmente em agosto de 1549:
“Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de morrer vão descansar a um bom lugar”.
Diabo ou anjo decaído: Nóbrega também dá notícia dessa entidade e do temor dos índios a ela. Em carta escrita de Salvador a 10 de agosto de 1549, ele informa (2000:49):
“Têm muita notícia do demônio e topam com ele dia e noite e têm grande medo dele. Andam com lume de noite por medo dele e esta é sua defesa”.
Em nova carta escrita da Bahia em 1549, presumivelmente em agosto, ele relata:
“Dormem em redes de algodão, sobre si, junto dos fogos, que em toda a noite têm acesos, assim pelo frio, porque andam nus, como também pelos demônios que dizem fugir do fogo, pela qual causa trazem tições de noite quando vão fora” (2000:62).
A figura do diabo entre os índios era chamada de Yurupari ou de Anhanga (ou Agnan). Métraux (1979) trata das duas separadamente: “Todos os antigos missionários acordam em considerar Yurupari uma entidade sobrenatural, correspondente ao diabo na
religião católica” (p.45). Mais adiante, discorre: “À semelhança deste último [Yurupari], Agnan é comparado ao diabo da religião católica” (p.46).
O Padre Fernão Cardim fez o registro de uma festividade promovida pelos jesuítas, já como processo supostamente aculturativo, em que essa crença foi assimilada:
“Nem faltou um anhangá, sc. diabo, que saiu do mato; este era o diabo Ambrósio Pires, que Lisboa foi com o padre Rodrigo de Freitas”.
A essa parecença mística juntou-se também a renominação. Sobre esta última,
Métraux (1979:142) faz a seguinte análise: “A renominação era medida de prudência
igualmente adotada por todo indivíduo que tivesse morto a outrem e a quem cabia desviar o
espírito de qualquer empresa dirigida contra a pessoa causadora de sua cólera”. Adita o
150
etnólogo francês: “Atualmente ainda, em casos de moléstia grave, os apapocuvas recorrem
à mudança de nome como remédio infalível. ‘Rebatizando’ o paciente, esses selvagens
imaginam afastar dele as influências malignas responsáveis por seu estado”. Anchieta em
Informação...(1988:337) assim se refere a essa prática:
A maior honra que têm é tomar algum contrário na guerra e disto fazem
mais caso que de matar, porque muitos dos que o tomam os dão a matar a
outros, para que fiquem com algum nome, o qual tomam de novo quando
os matam, e tantos nomes têm quanto inimigos mataram, posto que os
mais honrados e estimados e tidos por mais valentes são os que os
tomam.
Não é difícil identificar a similitude entre essa prática e a renominação decorrente
do batismo cristão. Em ambas há a marca da transição para uma vitória, a qual, na teologia
cristã estava no asseguramento da salvação, que, para o universo simbólico do indígena, não foi difícil assimilar. Cassirer (2003:68-72) também analisa, dentro da perspectiva do fenômeno mítico de algumas tribos indígenas, a importância do nome e sua mutação em compasso com a individualidade que o carrega.
Menciona, assim, a substituição do nome na sagração da puberdade em tribos australianas, para proteção contra um perigo iminente, para furtar um homicida ou enfermo da morte, conseguindo fazer com que esta não os encontre. Reportando-se aos Tamoio, Anchieta registra a estranha denominação perseguida por aqueles indígenas:
“Não se contentam de matar os vivos, mas também desenterrar os mortos e lhes quebrar as cabeças para maior vingança e tomar novo nome”. [Páginas 149 e 150]
2° fonte: Guia Geográfico de Salvador “Lenda, Capela, Cruzeiro, Pegadas e Procissão de São Tomé” (2015) Jonildo Bacelar Em 10 de agosto, Nóbrega escreveu ao Padre Azpilcueta Navarro, em Coimbra. Após uma referência à uma versão tupinambá do Dilúvio, Nóbrega relatou:
"Têm notícia igualmente de S. Thomé e de um seu companheiro e mostram certos vestígios em uma rocha, que dizem ser deles, [...] Dele contam que lhes dera os alimentos que ainda hoje usam [...] não obstante dizem mal de seu companheiro..."
Ainda em agosto de 1549, Nóbrega escreveu aos padres de Portugal, relatando a lenda de Zomé (ou Somé, ou Sumé. Não se sabe como Nóbrega escreveu, pois essa carta original, em português, foi perdida, restando uma tradução em espanhol com a grafia Zomé):
"Dizem eles que S. Thomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus passados, e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando enche. Dizem também que, quando deixou estas pisadas ia fugindo dos índios, que o queriam flechar, e chegando ali se lhe abrira o rio, e passara por meio dele sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo contam que, quando o queriam flechar os índios, as flechas se tornavam para eles, e os matos lhes faziam caminho por onde passasse: outros contam isto como por escárnio. Dizem também que lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-los."Pelas cartas de Nóbrega, seriam quatro pegadas sobre uma rocha em um rio, "perto" do atual Centro Histórico de Salvador. Seriam provavelmente as pegadas em São Tomé de Paripe, cuja Igreja fica próxima tanto da Baía de Aratu, quanto da Bahia de Todos os Santos. Relatos posteriores indicam que as águas cobriam tanto as pegadas de S. Tomé de Paripe, quanto à de Itapuã, conforme a maré."
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