Antonio Ruiz de Montoya relata em sua Conquista Espiritual uma série de cenas de superstição idolatra e de casos em que vê a mais flagrante intervenção diabólica, outros em que historia cenas comuns da catequese, no primeiro contato dos padres com os selvagens. Narra o martírio de neófitos, explica as razões que o levaram a afirmar a presença de Santo Thomé Apóstolo no Guayrá, e a luta que tiveram os loyolistas com os pagés, a quem sempre chama feiticeiros.
Já possuíam os jesuítas cinco reduções quando Montoya se aventurou a penetrar nas terras de Tayaoba, poderoso e prestigiosíssimo cacique, inimigo mortal dos espanhóis. Estes o haviam atraído a Vila Rica, posto a ferros e a mais três companheiros, declarando que só lhes restituiriam a liberdade se viessem muitos nativos de sua tribo entregar-se como escravizados. Preferiram os quatro nativos deixar-se morrer no cárcere onde sofreram pavorosos tratos. Três vieram a acabar de fome enquanto Tayaoba conseguia fugir. Tomado do mais justo rancor, convertera-se num inimigo furibundo dos espanhóis, distinguindo-se contra eles em diversas ações de guerra, a ponto de lhe valerem estas façanhas o apelido de Guassú, entre os nativos do Guayrá.
Atreveu-se Montoya a procura-lo e, da primeira vez, foi recebido a flechadas que lhe mataram sete nativos do séquito, tendo de fugir a toda a pressa. Tayaoba, que contudo, tinha mentalidade superior ao comum dos nativos, não tardou a impressionar-se com o que ouvia dos trabalhos dos jesuítas, e ordenou que dois dos filhos visitarem a redução de São Francisco Xavier, afim de o informarem do que lá realmente faziam os padres. Soube da cura de São Francisco Xavier, o célebre Padre Francisco Dias Tanho, de sua presença e tratou-os com o maior carinho. Contaram-lhe os dois irmãos a que vinham e declararam-se sobremodo bem impressionados com o que haviam visto.
Cheios de gentilezas e presentes voltam á presença do pai e logo depois ia Montoya visitar Tayaoba, instalando sobre o rio Guarbay, em suas terras, a missão dos Sete Archanjos (1627). Fez o cacique batizar vinte e oito filhos e preparou-se para receber os Sacramentos. Pouco depois contra Tayaoba se levantaram várias tribos vizinhas, revolta de que saiu vencedor. A mais de sessenta morubixadas trouxeram estes acontecimentos a adesão aos missionários. [História Geral das Bandeiras Paulistas Tomo I, 1924. Afonso d´Escragnolle Taunay (1876-1958). Páginas 329 e 330]
O cacique Tayaobá (também grafado Tayoba ou Tayaova) dominava uma vasta áreano Guairá, cujas terras levavam o seu nome. Além de ser uma ameaça aos índios inimigos queentrassem em seu território, o grupo que vivia sob a órbita do Tayaobá rechaçava também osespanhóis e padres que ali aparecessem. No entanto, apesar dessas indicações em contrário, osinacianos conseguiram obter a aliança do líder, que concordou com as condições de conversão colocadas pelo padre Antonio Ruiz de Montoya, provincial das missões do Guairá, em sua viagem às terras do Tayaobá em meados da década de 1620. Antonio Ruiz, com perigo evidente de morte por estar em campo inimigo, sabia que para arregimentar o adversário era necessário surpreendê-lo positivamente. Assim, apesar das histórias sobre o Tayaobá, em que se afirmava sua ira contra os inimigos, expulsando-os de suas terras ou devorando-os em rituais antropofágicos, como era típico da cultura guarani ao qual seu grupo pertencia, o padre aparentemente não se demoveu de seus propósitos (CORTESÃO, I, 1951: 203/68). Mesmo com as advertências dos índios aliados nas reduções próximas, que temiam pelo destino dos padres frente ao grupo do Tayaobá, Antonio Ruiz prosseguiu na missão.
[3337] El espacio jesuitico-guaraní: la formación de una región cultural 01/01/2009 [3334] OS ÍNDIOS ENTRE A CRUZ E AS COROAS. REDUÇÕES JESUÍTICAS E PROJETOS COLONIAIS DO PARAGUAI A SÃO PAULO (SÉCULO XVII) 2009 01/01/2009
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!