1° fonte: “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador
De 1628 a 1632, Balthazar Fernandes, acompanhando o seu irmão André, participou da grande invasão das missões de Guairá, cativando os chamados "nativos missioneiros" e transferindo-os para Santa Ana de Parnaíba.
Um documento importante para conhecer o bandeirante Balthazar Fernandes é o inventário de sua cunhada, Dona Antônia de Oliveira, esposa de seu irmão André. O inventário foi registrado em Santana do Parnaíba, em 21 de abril de 1632. Como informações mais importantes, o historiador Sérgio Coelho separa dois registros.
O primeiro revela que a família Fernandes já tinha propriedade na região de Sorocaba, perto do Morro Araçoiaba. Ao relacionar os bens de raiz da família detalha:
"Uma carta de dada de terras em Biraçoiava". Em outro trecho, listando as dívidas a serem pagas, lembra: "Deve a Paulo de Amaral seus patacas de um porco cevado que lhe matou em Bitaçoiava indo para o sertão".
Esse detalhe esclarece que não apenas tinha terras em Araçoiaba, como também mantinha alguma atividade no lugar. Pode-se até entender e se confirmar, por este texto, que aqui era o caminho dos bandeirantes que seguiam para o sertão.
O documento traz outras informações, que merecem ser registradas. Entre os credores da inventariante, está o seu cunhado Balthazar: "Deve a Balthazar Fernandes duzentos alqueires de trigo em grão de maquias do seu moinho e empréstimos, desde o tempo que fez o seu moinho".
Dona Antônia registra também a posse de um "burro castiço (de boa raça) avaliado em 4$000 quatro mil réis". O mesmo documento estebelece que uma vaca parideira estava avaliada em 1$200 réis.
São Paulo ainda não conhecia o burro nessa época (século XVI) e esse exemplar raro foi trazido por André André Fernandes, seu esposo, quando de sua passagem pelo Paraguai. Os burros e as mulas foram introduzidos, em São Paulo e no restante do Brasil, somente a partir de 1732, cem anos depois deste inventário. [“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”, 2014. Sérgio Coelho de Oliveira]